sexta-feira, 25 de abril de 2014

UM ADEUS E UMA ESPERANÇA

Dizer em poesia um século inteiro,                            
é arte de difícil desempenho,                              
é obra de arquitecto que não sou                        
é caminho espinhoso sem roteiro                        
é fôlego de esteta que não tenho.                        
                                                                         
Que os deuses me iluminem                              
e a minha voz se erga, sibilina,
cantando nos meus versos a mensagem              
de um adeus, um hino de homenagem                
à paz entre os homens,                                      
à esperança nascida num sorriso,                        
ao mar revolto, poluído e manso,                        
às cinzas de quem jaz no meio da guerra,
a quem combate a tirania sem descanso,          
aos ideais que p'ra sempre desvendaram          
a mística, a ciência e a magia,                            
aos homens que rasgaram no seu tempo            
com as mãos horizontes de ousadia,                  
às raças que se enleiam sem reservas
e, em corpo e espírito, abraçam toda a Terra.

Que as minhas forças se juntem, assestadas,
contra o infortúnio que assola os deserdados
e os mártires da guerra, soterrados,
contra os esquálidos corpos, esfomeados,
máscaras tristes sem rosto, gaseadas,
contra as subtis razões da eutanásia
e os mostrengos clonados p'la genética.

Neste Pináculo do Tempo, digo adeus,
mas os versos são difíceis de rimar,
opulência e miséria, guerra e paz,
progresso, fome e abastança,
retrocesso, cibernética e robótica.

Quando no céu se estampar a cor da esperança
e um rio de amor transbordar fraternidade,
o Mundo há-de rodar e, na mudança,
num Império de justiça e temperança,
a paz há-de rimar com liberdade.

João Frada, Olhos nos Olhos da Alma, Edições CLINFONTUR

quarta-feira, 23 de abril de 2014

FMI e Governo: Economia, Emprego, Reformas e Pensões

A Troika sai, mas não vai haver razões para comemorações com champanhe. Deixa-nos, a quase todos, a pão e água, e esta “dieta” rigorosa é para durar. A austeridade que afeta a grande maioria da sociedade portuguesa veio para ficar, muito, muito, muito para além da saída destes vampiros que, em troca de lições de gestão orçamental e de empréstimos a juros elevados, arrecadaram muitos milhões. É caso para dizer que nos levaram e irão continuar a levar coiro e cabelo.
“Cerca de metade do empréstimo da Troika é para juros e comissões”.
E pasme-se! Os governantes portugueses pagaram para serem ensinados a gerir os nossos recursos… como se não o soubessem fazer na perfeição! 
Mas alguém acredita que muitos daqueles que se abotoaram com milhares de milhões do erário público, através de negociatas, favores, comissões e subvenções de toda a espécie, porque movimentaram nas suas contas pessoais muito mais do que declararam ao fisco, ou seja, porque apresenta(ra)m receitas bem maiores do que as auferidas pelo exercício das suas profissões, esbanjando e gastando à tripa forra, sem possibilidade nenhuma de justificar o enorme e rápido enriquecimento, a não ser através da corrupção de meios ilícitos, não saibam como articular receitas e despesas?! Sabem-no e bem. Mas quanto a estes, a Troika não vê necessidade de estabelecer regras de contenção sérias e rigorosas, nem de explicar como se gerem orçamentos. O BPN e os enriquecidos à conta dele, ou seja, à custa de todos nós, que ficámos a pagar os milhares de milhões que voaram através de manobras fraudulentas desta instituição, almofadada na hora certa pelo risco sistémico, não constituem quaisquer preocupações para ninguém, nem para a Troika nem para os seu pupilos cumpridores, os nossos inteligentes governantes.   
Os únicos com dificuldade nesta matéria, de gerir recursos e orçamentos, são os portugueses que pouco ganham pelo seu trabalho, quando ganham e quando têm emprego. A receita é curta, porque o salário é baixo e os impostos arrasam-na um pouco mais, e, por isso, gerir receita e despesa é exercício que requer alguma concentração e dificuldade. E sobretudo aqueles cerca de 600 000 que sobrevivem com o salário mínimo, estes, sim, precisariam que a Troika lhes ensinasse como é que se pode viver com esta receita miserável. 
Era um exercício curioso, podermos observar um desses seguidistas troikianos a viver durante um mês com tal salário! Já o senhor António Borges, que Deus o tenha em bom lugar, entendia que não se deveria aumentar o salário dos trabalhadores, pois isso poderia conduzir a excessos de perdularismo, de gastos desenfreados e de quebra de poupança. Ganhando pouco, não descobrem vícios, gastam menos e poupam mais.     
Para o FMI e, bem entendido, para os outros dignos representantes da Troika e, por tabela, para os nossos governantes, a culpa da crise é ou foi de alguém e esse alguém tem nome: não os bancos, não os responsáveis pela vigilância e pelos pagamentos de obras com derrapagens orçamentais brutais, sem que os faltosos sejam punidos ou venham a ser confrontados com os seus incumprimentos, não os responsáveis pelos contratos altamente lesivos dos interesses públicos, como os SWAP e PPP. Os funcionários públicos, em geral, e, em especial, os reformados e pensionistas e esses sim, é que são e foram os verdadeiros responsáveis pela CRISE, pelo DESCALABRO das contas pública, pela DÍVIDA tremenda, pelo CAOS em que o país se afundou, e, como tal, terão de ser eles a suportar o rigor da austeridade e o peso dos impostos e das taxas e “do diabo que carregue” em cima do lombo. Viveram até agora à grande e à francesa, pois terão agora de voltar aos tempos do antigamente: ganhar menos, comer pouco, gastar pouco, rezar muito. Desta maneira, e com a ajuda de Deus, não alimentarão vícios. 
Como dizia um opinante do FMI há pouco dias: os vencimentos atribuídos a este exército de gente, pendurado na Segurança Social, não podem jamais ter tetos fixos. Nem pensar! Hoje recebem X-Y, já que desde há três anos se viram, e muito bem, a bem da nação, reduzidos das suas principescas reformas e pensões recebidas, e amanhã receberão X-Y-Z. Seguramente. A ter em conta a brilhante e salvadora decisão que os nossos governantes e os seus inteligentes conselheiros da Troika, incluindo este último opinante do FMI, traçaram como forma de equilíbrio das contas do país, fazendo depender as reformas e pensões dos afortunados portugueses, entre outras coisas, dos rumos da economia e da demografia do país, estamos todos de parabéns: descobriu-se, finalmente, a receita mágica para a reabilitação do orçamento geral do Estado e da Segurança Social. 
Pena é que estes brilhantes estrategos da Política e da Economia tenham apenas descoberto a pólvora demográfica, nesta altura. Os governantes, todos eles, têm desconsiderado a demografia e o emprego e a Troika, que apenas vê cifrões, idem. Em três anos, nada fizeram nestes domínios. Agora, é que se lembraram de que não há fundos na Segurança Social, nem vai haver nos próximos anos, porque durante duas décadas, os idiotas que nos governam não criaram estratégias adequadas à natalidade, nem ao emprego. Pelo contrário, arrasaram estas duas vertentes reabilitadoras da economia e da Segurança Social. E poderíamos apontar, resumidamente, as falhas da governação que conduziram a este status quo:      
1. A Saúde não apoia a natalidade do país, comparticipando na compra de leites, artigos de higiene, medicamentos de uso comum, tais como xaropes, vitaminas, alguns broncodilatadores, vacinas orais, incluindo as disponíveis contra rotavírus, vacinas injetáveis (antipneumocócicas), e as isenções fiscais e subsídios concedidos pelo Estado às famílias com filhos pequenos são miseráveis ou, em muitos casos, nenhuns.
2. Os mais jovens, cerca de 200 000 a 300 000, aqueles que pela sua juventude poderiam incrementar a demografia, foram e estão a ser, literalmente, expulsos do país, contribuindo para o aumento demográfico e económico de outros países.
3. O desemprego mais baixo, que os governantes procuram apregoar, com base na leitura de inscrições em Centros de Emprego, onde os desempregados entre 45 e 65 anos deixaram de se inscrever, porque, definitivamente, ninguém lhes dá trabalho, considerando, ao mesmo tempo, que quem está em formação profissional temporária e cumpre meia dúzia de horas de trabalho semanal está empregado, não passa de uma FRAUDE. Não havendo emprego, não só não há descontos para a Segurança Social, como aumentam os encargos desta instituição, através dos subsídios de desemprego.
4. Muitos dos jovens, que por cá ficam, porque ainda acreditam e têm esperança de um Portugal melhor, mesmo com boas habilitações literárias e profissionais, se não ingressarem na política ou no enorme batalhão de boys for the jobs ao serviço dos inúmeros setores da governação, seja qual for a sua cor política, nunca podem aspirar a grandes perspetivas de emprego ou de vencimento fixo, e, por tal motivo, não se atrevem a aumentar o agregado familiar, fazendo mais filhos. De resto, os poucos nascituros que ainda vão engrossando ligeiramente a nossa demografia, desgraçadamente, recebem já uma bela herança para pagar durante grande parte das suas vidas: uma dívida brutal, injusta, fruto da agiotagem e da corrupção crónica que os sucessivos governos alimentaram, durante décadas, como afirmam muitos vozes críticas atuais,…e nem precisamos de citar nomes, já que são bem sonantes e conhecidas…“numa plutocleptodemocracia sem quaisquer responsabilidades, nem criminais nem políticas”.
Só agora é que o FMI e o Governo descobriram que a Economia, Demografia, Emprego, Reformas e Pensões andam sempre juntos?!            

João Frada

segunda-feira, 21 de abril de 2014

NAQUELA MANHÃ TÃO FRIA

Naquela manhã tão fria,                                 Algo prestes a rasgar,
junto ao cais, quando passei,                         algures à minha volta
baixinho disse-te adeus.                                 uma forte tempestade,
Não esperava ver-te ali,                                  um tufão, uma torrente
à distância de um aceno,                                um lago de desespero
de um soluço, de um gemido                          uma cova feia e fera,
                                                                         um abismo de saudade,
Teus olhos postos nos meus,                         uma furna, uma cratera.
apenas por uns segundos.
Mas segui, continuei.                                      De repente abriu-se a terra.
Traçara os rumos do mar.                              e nessa fenda surgiu
Era esse o meu sentido,                                 o leito de um rio triste
em busca de novos mundos                           que há muito tempo secara.
p’ra me libertar de ti.

Não esperava ver-te ali                                   O mar cheio de ansiedade,
naquela manhã tão fria:                                   cansado dos teus gemidos,
teu olhar terno e sincero                                  escoou-se ali lentamente.
colado em mim e no céu.                                E a maré, que transbordava,
A tua boca rezava                                            sumiu-se, ficou vazia.
soluçando amargurada.

Enquanto o barco seguia                                  Hoje sei que as tuas preces
quis dizer-te que voltava:                                  e súplicas, naquele dia,
mas a minha boca calada                                 foram decerto a semente
nada disse, emudeceu.                                     dessas mudanças tão estranhas
E ali, à vista de terra                                         que abalaram terra e mar.
e do teu olhar carente,
navegando docemente,                                     Deus ouviu os teus pedidos,
senti o mar a tremer.                                         um milagre acontecera:
                                                                            o barco que me levava,
                                                                           sem água p'ra navegar,
                                                                           nunca mais dali saía...


João Frada, Olhos nos Olhos da Alma, Edições CLINFONTUR

quarta-feira, 16 de abril de 2014

CINCO LETRAS

Escrever-te-ia, se pudesse,
sobre uma parede inerte, carcomida,
sobre um espelho de face côncava, inestética,
sob uma tatuagem utópica e sumida,
disfarçada por um toque de cosmética,
sobre uma gota de orvalho indefinido,
em qualquer sítio onde o que escrevo fosse lido.

Escrever-te-ia, se pudesse,
ternas palavras num simples português,
que a gente lê e ouve tanta vez
e nos tocam docemente o coração.
Escrever-te-ia, se pudesse,
na lava arrefecida de um vulcão
ou num diamante puro e cristalino,
apenas cinco letras desgastadas.
Assim fosse minha pena um cinzel fino
p’ra nunca dali serem arrancadas.

Escrever-te-ia, se pudesse,
se a fé fosse o meu guia e consciência,
nos labirintos que a dúvida gerou
– quando os teus olhos dos meus se desviaram –
lançando-me num mar de inquietação,
transportando-me para lá do impalpável,
onde o tempo e o espaço se irmanaram,
algures onde tudo começou,
num refúgio da mente, inconfessável,
onde revejo as memórias da infância.

Escrever-te-ia, se pudesse,
sobre um chão de areia branca,
virgem, de uma qualquer praia tropical.
E, ali, esperaria que o céu e os deuses
iluminassem a grafia do meu punho
e as minhas ideias sombrias, vacilantes,
se tornassem reais e não um sonho,
aflorando-me dos dedos em cachão,
e ressuscitassem em mim frases ardentes,
exaltadas de afecto e de paixão,
que na garganta trago acorrentadas.

Escrever-te-ia, se pudesse,
sob um impulso nascido cá de dentro,
no fundo de uma bola de cristal,
apenas cinco letras bem gravadas,
p’ra leres o que me vai no pensamento
e pressentires o que eu sinto, tal e qual,
p’ra soletrarmos os dois ao mesmo tempo
três sílabas, apenas, de mãos dadas:
Amo-te.

João Frada, Olhos nos Olhos da Alma, Edições CLINFONTUR

domingo, 13 de abril de 2014

DÚVIDA

Depois que o amor selou nossos olhos
Depois que um beijo uniu nossas bocas
Depois que um dia demos nossas mãos
Depois que a angústia marcou a nossa ausência
Depois que as nossas mentes se irmanaram
Depois que em tanto sonho nos amámos
Depois que os nossos corpos se encontraram
Depois que em tanto abraço sufocámos
Depois que a paz raiou no desespero
Depois que uma esperança nos sorri
Não me perguntes, Amor, quanto eu te quero
Depois que eu já não sei viver sem ti.

João Frada, Olhos nos Olhos da Alma, Edições CLINFONTUR

segunda-feira, 7 de abril de 2014

CONFISSÃO: SINTO-ME IN(SEGURO)

Se eu fosse Primeiro Ministro (PM), com as eleições que se aproximam e, tendo em conta que mais uma vez menti e não me estou, efetivamente, borrifando para os votos, como arrogantemente, fiz saber há uns tempos, lixado que estava com os eleitores, idiotas que, não compreendendo as minhas intenções salvíticas, passam o tempo a dirigir-me vaias, apupos e insultos, agora que caí em mim, preciso de recuperar, podendo ser, pelo menos 600 000 votos (https://www.iol.pt/push/iol-push---economia/salario-minimo-smn-salarios/1435774-6469.html), senão não vou ter hipóteses nas próximas legislativas. E o Partido, tramado com as minhas atoardas desfigurantes da sua imagem, não me irá perdoar, correndo o risco de me tirarem o tapete. Tal situação, a nível partidário, pessoal, familiar, nacional e internacional, era a que menos me agradava. Seria um desastre completo para o meu ego confiante,… apetecia-me dizer também seguro, mas, como de há uns tempos para cá odeio esta palavra, liminarmente, risco-a do meu vocabulário…, vaidoso, porque não dizê-lo, convicto, vitorioso, pujante de retórica e dialética, firme e baritonado, como convém a qualquer caudilho. 
Ponderei no "que se lixem as eleições"… e, confesso, não sendo meu costume assumir erros, ainda que me apontem a dedo falhas, inverdades ou incongruências…, desta vez, tenho de dar a mão à palmatória: preciso de votos e não é a classe média quem mos dará. Professores, médicos, enfermeiros, funcionários públicos em geral, os que estão no ativo e os que estão aposentados e na reforma, nenhuns me irão dar o seu aval. Estão lixados com a carga de impostos e de taxas que lhes carreguei no lombo. É tudo gente com parcos vencimentos, é certo, comparados com o meu, mas que, terá de ter paciência, não poderá livrar-se tão cedo da fundamental carga tributária de que necessitamos para taparmos os buracos orçamentais e darmos a ideia aos credores internacionais de que estamos a sair da crise. Estes, irritados como andam, chumbam-me os projetos e a continuidade como PM, e não poderei contar com eles, estou seguro. 
Diabos! Lá estou eu de novo a cair no mesmo adjetivo. É doentia esta tendência! Começo a ficar preocupado. Estes últimos tempos, sinto que ando crispado de mais e, até no Parlamento, onde devia dar mostras de firmeza e completa estabilidade psicológica, para afrontar aqueles lobos da oposição, deixo-me resvalar para a insegurança. Cruzes! Aqui estou eu, de novo, a roçar o tal vocábulo! 
Será que a língua portuguesa não dispõe de outras formas linguísticas que me permitam expressar as minhas ideias e os meus traumas e complexos com maior segurança, sem ter medo de tropeçar em vocábulos que deveriam ser banidos da oralidade e da escrita política, ou terei mesmo de fazer um seguro numa Companhia de Seguros qualquer, a fim de me prevenir, convenientemente, contra tais acidentes?  
Voltando aos votos. Conceder um aumento simbólico aos 600 000 que recebem o salário mínimo, não aquece nem arrefece, agora que dispomos da dita almofada dos milhares de milhões. Não irá animar a economia, é certo, porque o que lhes irei dar, quando muito, animar-lhes-á um pouco mais o estômago. Não dará para mais. Nem pensar em gastos supérfluos! Não poderão, com tal aumento, sonhar sequer em comer fora, estimulando a restauração e o comércio, e revertendo em IVA o que lhes dou. Mas, se não se pode ter tudo, que se tenham, pelo menos, votos favoráveis. Atendendo ao nível médio de reflexão política comum entre este grupo e tendo ainda em conta a curta extensão de memória do povo, 50% por cento ou mais destes eleitores irão votar em mim. Estou seguro! 
Irra! Para além dos votos de que vou precisar, necessito, urgentemente, de uma consulta…e não me refiro a referendos. Não quero entrar em choque com nenhuma deputada mais “leal” do meu Partido.             

João Frada

domingo, 6 de abril de 2014

Fase pior já passou, país não pode deitar tudo a perder – Paulo Rangel

“É agora que vamos desperdiçar os sacrifícios? Então nós estivemos três anos aqui com rigor, com austeridade, com sacrifício a tentar pôr as coisas outra vez de pé e agora que elas estão a ficar de pé é que vamos dar um pontapé e deitar tudo a perder?”.
Numa intervenção em que explicou as razões que levaram ao pedido de assistência internacional, o candidato reconheceu que o programa, “duro e severo”, trouxe aumento de desemprego, emigração, cortes nos salários e nas pensões.
“Mas também se foram fazendo reformas”, declarou, acrescentando que as exportações começaram a aumentar, o país começou a crescer “pouco, mas até aqui estava em recessão”, passou a ter excedente comercial, o “desemprego está a cair todos os meses” e as taxas de juros estão a baixar.
Pedindo à assistência que, se estiver preocupada com o futuro, para ter a coragem de não repetir o passado, Paulo Rangel teceu, de novo, críticas à lista socialista ao Parlamento Europeu, considerando que junta candidatos ligados ao “pecado original” - o Governo de António Guterres - onde começou “o descalabro orçamental” e o “pecado capital” - Governo de José Sócrates.


Comentário
Paulo Rangel tem toda a razão quando aponta os pecados originais e capitais ao Governo de Sócrates, bem como a todos os que, fiéis e dóceis seguidores deste grande iluminado e descobridor de oásis num país onde só parecia ao ministro Mário Lino haver desertos e camelos… e diga-se, em boa verdade, não nos atrevemos a contrariar esta opinião tão infeliz deste e de outros cameleiros, porque é assim que os políticos, aqueles e os de agora, sempre nos viram e ainda veem, simples “animais de carga”, capazes de aguentar tudo o que nos põem em cima. E lá dizia Fernando Ulrich: “Ai aguenta, aguenta”! 
Alguém duvida?
Quanto ao programa “duro e severo” de que Paulo Rangel nos fala, a nossa análise é outra, ligeiramente diferente. 
Trouxe “aumento de desemprego, emigração, cortes nos salários e nas pensões”. Concordamos, em absoluto. 
Mas para quem? Para a população em geral ou para os que estão direta ou indiretamente ligados ao Governo de Passos Coelho, ministros, secretários de Estado, assessores ou imberbes adjuntos especialistas acabados de sair das universidades? Ou então para um séquito imenso de gente que, na qualidade de presidentes, gestores, administradores, diretores, conselheiros, consultores, vive à conta do Orçamento tão desfalcado, recebendo vencimentos brutais, subvenções e mordomias sem fim pagos a peso de ouro?  
Quem são ou foram os atingidos pelo tal programa “duro e severo”, pelo desemprego, pelo espetro da emigração, pelo absurdo corte de salários e pensões? 
A tal reforma estruturante e estrutural do Estado, “cortando por cima”, de que tantos têm falado, incluindo Paulo Rangel, não se fez ainda e cremos que tardará a ser levada por diante. Enquanto se puder reformar por baixo, indo ao bolso dos que menos têm, é por aí que segue e corta a espada afiada da Reforma. 
As “exportações começaram a aumentar, o país começou a crescer “pouco, mas até aqui estava em recessão”, passou a ter excedente comercial, o “desemprego está a cair todos os meses” e as taxas de juros estão a baixar, afirma Paulo Rangel.
É incontestável que as exportações começaram a crescer, mas é melhor ter em conta que o milagre económico de que Pires de Lima falava e logo, logo, se arrependeu, corrigindo o otimismo, não se conseguirá apenas com tal setor. 
Há que cortar radicalmente com os gastos brutais da administração estatal, há que acabar com os vencimentos e privilégios excessivos concedidos aos altos cargos da Governação, da Política e da Banca, sobretudo a que movimenta capitais públicos, e então, sim, canalizando estas verbas para áreas e projetos potencialmente produtivos, aliviando, ao mesmo tempo, o esforço dos mais pobres e harmonizando a sociedade, através de medidas mais justas e equitativas, veríamos um país melhor. Esta deveria ser a prioridade das prioridades: pôr cobro a tantos e tão desmesurados gastos, poupando. Paulo Rangel não fala disto. Aliás, ninguém fala. Nem o Primeiro –Ministro, nem nenhum ministro. Acham que as suas funções insubstituíveis merecem escalões de vencimentos e privilégios especiais, contrariamente aos concedidos a outras classes diferenciadas da administração pública, mas não ligadas nem à Governação nem à Política. 
Paulo Rangel fala apenas do que lhe interessa e aponta o aumento de desemprego, como resultante dramática do dito programa de três anos, “duro e severo”, a que o país foi e continua sujeito. Entretanto, na sua ótica, o dito programa trouxe desemprego, citando as suas palavras, mas, a partir de agora, “o desemprego está a cair todos os meses”. 
O Programa do Governo PSD-CDS, marcado pela austeridade, a que Paulo Rangel se refere, foi apresentado no Parlamento e dado a conhecer ao país em 30 de junho de 2011.

Este programa contará já com três anos, é verdade, em 30 de junho próximo. Mas é para continuar e não menos duro, como o próprio PM fez questão de afirmar. Os sacrifícios são para manter. 
Então quais foram os meses de menor desemprego, a tal situação, dentre outras, que se agravou com o referido programa “duro e severo”?
Desemprego por falta de vagas/ofertas e ocupação das existentes, desemprego jovem(20-40 anos) ou de gente mais madura (40-66 anos)? 
Enquanto não observarmos o acordar da economia interna, através de um maior poder de compra familiar, decorrente de uma real descida da taxa de desemprego, não determinada com base em estatísticas falaciosas estabelecidas a partir do menor número de inscrições nos Centros de Emprego, a que a grande maioria dos desempregados entre os 45 e 65 anos, sem muitas hipóteses de voltarem ao ativo, já não recorre, mas à custa de um significativo aumento de emprego oferecido quer aos mais jovens, evitando a emigração brutal a que se assiste, quer aos menos jovens (40-45 anos), muitos deles dotados de um saber e experiência profissional que nunca deveriam ser desperdiçados num país que, parafraseando Paulo Rangel, não pode nem deve “deitar tudo a perder”, nenhum programa, nenhum plano ou reforma poderão reabilitar a economia e a sociedade portuguesas. 
 Será mesmo que a Fase Pior Já Passou?

João Frada

LISBOA E O MAR

Lisboa
Diz-me muito
Diz-me pouco
Diz-me que o vento ao passar
Lhe sussurra nas janelas
Mensagens vindas do mar
Das rotas das caravelas

Parecem gritos de dor
Sons cortantes, compassados
De chicote e de tambor
Vêm de todos os lados

Lisboa
Diz-me muito
Diz-me pouco
Sobre os nossos marinheiros
Não sinto glória ou orgulho
Passavam meses inteiros
Comendo arroz com gorgulho

Diz-me grave, peremptória
Quero vestir-me de luto
Enquanto tiver na memória
Os fantasmas do escorbuto

Lisboa
Diz-me muito
Diz-me pouco
Diz-me que ganhou tesoiros
Com a venda da pimenta
Mas comeu ratos e coiros
E farinha pestilenta

Comeu passas do Algarve
Bebeu mijo e vinho azedo
Arrotou como um alarve
E embebedou-se de medo

Lisboa
Diz-me muito
Diz-me pouco
Sobre guerras e viagens
Não quer lembrar filhos seus
A esquartejar outros homens
Por esse mundo de Deus

Lisboa
Diz-me muito
Diz-me pouco
Diz-me que traz o olhar
Descontente e indeciso
Não sabe se há-de chorar
Ou ensaiar um sorriso


João Frada, Olhos nos Olhos da Alma, Edições CLINFONTUR

quinta-feira, 3 de abril de 2014

A Última Polémica do BPN

Sobre o BPN, Vítor Constâncio considerou que este foi o banco “de todo o sistema mais vezes inspecionado pelo Banco de Portugal”, o que conduziu, “ao longo dos anos, a impor aumentos de capital, a partir de certa altura acima dos mínimos regulamentares, a aumentar provisões e a impedir que o banco abrisse o capital na bolsa”. 

A propósito da polémica gerada em torno do BPN, depois das afirmações discrepantes de Vítor Constâncio e de Durão Barroso, aparecem seis importantes figuras a defenderem a honestidade e competência do ex-Presidente do Banco de Portugal. 
Também acreditamos que Vítor Constâncio, enquanto presidente do BP, pode não ter tido acesso a mecanismos de controlo técnico especializado para proceder à rigorosa supervisão bancária que seria de esperar, ainda que quisesse, e, por outro lado, talvez também não tivesse conhecimento de quaisquer irregularidades a investigar no BPN. Não deva ser por isso posta em causa a sua competência técnica ou deixar ser considerado um homem sério e impoluto.  
A principal questão que está em cima da mesa, não deverá ser se a sua atuação foi ou não transparente, mas que responsabilidades se podem então pedir ao Banco de Portugal ou aos seus funcionários, pagos a peso de ouro, a começar pelo Presidente, quando acontecem situações como esta do BPN, banco este, diz o próprio Vítor Constâncio, “de todo o sistema mais vezes inspecionado pelo Banco de Portugal”? 
Que fará se não tivesse sido inspecionado? É caso para dizer! Em vez de 5, 6 ou 7 mil milhões, nunca se saberá ao certo quanto é que nos caiu em cima para evitar o tal “risco sistémico” sabiamente defendido por Teixeira dos Santos, teriam sido 10 mil milhões ou mais! Que tristeza de argumentos!
E já agora, embora sejamos analistas leigos no assunto, assiste-nos uma outra dúvida que gostaríamos de ter visto esclarecida: Se Vítor Constâncio afirma que o BPN foi o banco mais inspecionado pelo BP de todo o sistema bancário, atendendo a que todos os outros bancos “assumem milhões de operações”, algumas delas duvidosas, como foi o também o caso do Millennium BCP, sob a administração de Jardim Gonçalves, quais foram as razões para essa tão constante e intensiva inspeção (especificamente, ao BPN) ? Teria havido alguma suspeição? Ou não?
Cremos que esta dúvida não foi esclarecida, por ninguém, em nenhuma entrevista ou auditoria. O BPN mereceu mais atenção do que todas as outras instituições bancárias por alguma razão especial? Se assim foi, algo nos escapa na compreensão do tremendo buraco que ficou a céu aberto!       
Ouvindo Vítor Constâncio, como, de resto, todos os experts na matéria, em particular as mais altas figuras da Economia e das Finanças que vieram agora à liça, e muito bem, em sua defesa, poderemos chegar, finalmente, à brilhante conclusão de que, seja quem for que esteja à frente da supervisão bancária do Banco de Portugal, independentemente da intensiva e constante inspeção a que possa proceder, não há hipótese nenhuma de controlar seja o que for em termos de operações bancárias. Só se dará por buracos fraudulentos como o do BPN quando a cratera já não tiver fundo. 
Vítor Constâncio, voltamos a lembrar, afirma que o BPN foi ao longo dos anos um dos bancos mais inspecionados pelo BP e, mesmo assim, deu no que deu. As suas explicações não deixam margem para dúvidas: os movimentos e transações da dita instituição eram e foram tantas e tão complexas que seria, praticamente, impossível fiscalizar com rigor e na totalidade tais operações. 
Miguel Beleza, Teodora Cardoso, José da Silva Lopes, Artur Santos Silva e Rui Vilar, recalcando o que o seu colega afirma, dizem que “ é irrealista a imagem criada de um supervisor que pudesse acompanhar em tempo real os milhões de operações que ocorrem a cada instante no sistema financeiro”. 
Na verdade, nem em tempo real nem, pelos vistos, em momento nenhum atempado! Apenas quando a fraude é gigantesca e completamente insanável é que o Supervisor poderá dar pela “falha sísmica”, pelo cancro metastático incurável e, depois, claro, o povo idiota, que mal ganha para comer e sobreviver, enquanto os Supervisores são pagos principescamente pelo seu precioso trabalho de Supercegueira técnica, paga os “riscos sistémicos” para equilibrar a imagem económica e financeira do país.  
Tendo em conta o papel do BP, de controlo, vigilância, orientação e correção funcional dos demais bancos que atuam em Portugal, e calculando o volume de negócios e de operações desenvolvidos em cada uma dessas instituições sob a sua alçada, a acreditarmos nas palavras do ex-administrador do BP, interrogamo-nos para que precisamos então de Supervisão Bancária e como é que se justifica que o cargo de Presidente do BP receba pelo seu trabalho, tão limitado por dificuldades e limitações técnico-profissionais, um vencimento monstruoso como o que lhe atribuem. 
Uma afronta para todos aqueles que trabalham e têm, para além da sua atuação honesta e impoluta, tantas ou mais habilitações e qualificações do que Vítor Constâncio nas suas diversas áreas profissionais, mas, enquanto gestores, diretores, presidentes e administradores das suas empresas e instituições,  não se podem dar ao luxo de sofrerem de Supercegueira técnico-profissional, senão correm o risco, ao contrário de Vítor Constâncio de terem que responder pelas suas falhas sensoriais e percetivas. E por mais que se esforcem, os seus vencimentos não passam de ninharias comparadas com as remunerações e alcavalas concedidas pelo BP aos seus funcionários. 
Exagero ?! Já se não lembram da notícia?!
 “De acordo com o relatório das contas anuais do BCE, hoje publicado, Vítor Constâncio, [vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) e ex-governador do Banco de Portugal], está a ganhar atualmente 320 688 euros anuais brutos, cerca de 26  724 euros mensais, mais 115% do que o presidente da Reserva Federal dos EUA.


A honestidade e isenção de Vítor Constâncio, apesar das suas limitações em termos de supervisão, face à complexidade de operações do BPN e de qualquer outra instituição bancária, nunca podem nem devem ser postas em dúvida. Todavia, num pobre país como o nosso, afogado em crise e austeridade, nenhum Presidente do BP deveria receber o vencimento absurdo que aufere ou auferia, atendendo a que o cargo que executa, pelos vistos tão cheio de limitações e impossibilidades a nível de técnico-vigilância bancária, é remunerado em demasia, tendo em conta os incertos objetivos atingidos. 
A incapacidade revelada pelo próprio Vítor Constâncio e subscrita pelos ex-administradores citados, seus defensores, constituem a prova provada do que acabamos de dizer. O BPN foi o exemplo acabado da sua incapacidade… por impossibilidade real, voltamos a lembrar, não por decisão premeditada. Mas, atendendo ao que se passa noutras instituições bancárias, como é óbvio, também responsáveis por “milhões de operações que ocorrem a cada instante no sistema financeiro”, o papel de Supervisor do BP parece-nos uma completa utopia, porém, muito real, bem remunerada e algo pesada para as Finanças Públicas, para quem detém o controlo máximo destas funções com resultados tão inconseguidos.  
Os mesmos defensores do bom nome de Vítor Constâncio lamentam “que prevaleça uma enorme confusão sobre a natureza dos bancos centrais e, em particular, das suas funções de supervisão bancária. E que essa confusão venha pôr em causa a competência e a honestidade de uma pessoa a quem o país muito deve”. 
O país já deve bastante a muita gente. 
Com o vencimento e as mordomias a que Vítor Constâncio teve direito, enquanto Presidente do Banco de Portugal, atendendo à real situação em causa, de um BPN completamente desgovernado e, claramente, ao sabor da sua própria corrente e de interesses, não do país mas de privados, e prescindimos de apontar mais exemplos reforçando o que afirmamos, uma vez que são do domínio público, objeto de investigação judicial e tema de comunicação social, somos levados a afirmar que Portugal e os portugueses nada devem ao ex-presidente do BP. Cumpriu ou teria cumprido, na sua perspetiva, a sua obrigação profissional e foi bem remunerado por isso. Se há alguém que deve alguma coisa ao país, é Vítor Constâncio. Aliás, todos devemos, porque todos estamos a pagar, uns com mais e outros com menos esforço. 
Como conclusão podemos afirmar: 
O papel de supervisão do BP, sob a sua tutela, não funcionou de todo. A prova está à vista. E, pelos vistos, não funcionará jamais com as tais limitações verificadas pelo controlo, em tempo real e em tempo oportuno, que os milhões de operações exigem e não se verifica ou não é aplicável, de todo. 
Mazelas graves como as do BPN, a menos que a União Europeia imponha regras rígidas e peça responsabilidades, incluindo criminais, a todos os agentes bancários, cremos que não irão ficar por aqui. Enriquecer rápida e ilicitamente e locupletar-se com dinheiros dos outros, nesta república de bananas, como dizia hoje, Eduardo Dâmaso, no “Correio de Manhã”, onde a justiça não funciona e absolve qualquer salafrário, é o prato do dia…mesmo sob o olhar atento de instituições como o BP.       

João Frada

terça-feira, 1 de abril de 2014

CRESCER SUSTENTADAMENTE?!

Como? Apenas prorrogando o tempo de liquidação da dívida, por quarenta anos ou mais, e esmolando à Europa, em particular à Alemanha, o abaixamento das taxas de juro, empurrando para a frente, o mais possível, o (a)pagamento do tremendo buraco orçamental escavado por muitos daqueles que estão ou estiveram, direta ou indiretamente, na origem do mesmo buraco e estão agora preocupados com a prossecução deste "manifesto de reestruturação da dívida", esperando que os nossos filhos e netos paguem com suor e desgaste de pele e neurónios aquilo que muitos destes incompetentes, dolosos ou não... resta saber, causaram, sem sofrerem o mínimo de incómodos, nem políticos nem criminais?! É isto que se espera que venha a acontecer? 
Só agora algumas destas excelsas cabeças vêm à liça, preocupadas com “a efetivação de um robusto processo de crescimento económico e de emprego num quadro de coesão e de solidariedade nacional”, com a “reestruturação honrada e responsável da dívida no âmbito da União Económica e Monetária a que pertencemos”, com o “alcance desses objetivos, tendo igualmente em atenção a necessidade de prosseguir as melhores práticas de rigorosa gestão orçamental no respeito das normas constitucionais”, com a “extensão de maturidades da dívida para quarenta ou mais anos, com a reestruturação, pelo menos, de dívida acima dos 60% do PIB, ”. (…) 
No mesmo manifesto, “Pede-se à Assembleia da República uma data de coisas: um debate democrático alargado sobre as condições gerais a que deve obedecer a eficaz reestruturação da dívida pública”, uma posição firme e coesa que possa fortalecer “a posição negocial do Estado português junto das instâncias europeias”; a aprovação de “uma resolução recomendando ao governo o desenvolvimento de um processo preparatório tendente à reestruturação honrada e responsável da dívida, com os fundamentos constantes do manifesto”. Tudo isto, visando “Preparar a Reestruturação da Dívida para Crescer Sustentadamente” e garantir o desenvolvimento de “um processo parlamentar de audição pública de personalidades relevantes para o objetivo em causa”.  
Tudo bem. Não havendo outro remédio, senão pagarmos, contrariamente ao que fez a Alemanha, desfrutando do perdão de dívida, quer após a Primeira Grande Guerra (1914-18) quer após a Segunda Guerra Mundial(1939-45), as estratégias defendidas neste manifesto poderão vir a resultar numa solução para a tremenda crise económica e financeira em que nos encontramos. 
Porém, parece-nos que falta qualquer coisa a este manifesto. Onde consta o apuramento de responsabilidades de quem prejudicou, fortemente, as finanças públicas em milhares de milhões de euros, alegadamente, por gestão danosa?! BPN, Swap, PPP, altamente lesivos para o erário público, constituem tábua rasa em todo este processo de reabilitação e reestruturação?! 
Como diz o povo: “Quem roubou, roubou, quem achou é seu”?!  
As palavras de homens como Medina Carreira não deixam margem para dúvidas: “Uma eventual ação judicial deveria incidir sobre os governantes dos últimos 10 anos.(…) Era selecioná-los, porque houve uma data de mentirosos a governar (…). 
Portugal chegou ao estado de abandalhamento completo (…). Por toda a parte se nota que falta dinheiro aqui e ali. Rouba-se aqui. Rouba-se acolá. Nunca ninguém é julgado. Nunca ninguém presta contas. (…) em Portugal tudo é possível em matéria de dinheiro (…) num Estado onde realmente não há rigor, não há seriedade, não há verdade".

Nota do articulista: 
São mesmo transcrições de entrevista dada por Medina Carreira… não se trata de patranha do primeiro de abril! 

João Frada