quarta-feira, 18 de abril de 2018

PGR DESAGRADADA COM EXIBIÇÃO DE INTERROGATÓRIOS DE SÓCRATES

Sócrates, O. Marquês e os Outros Barões

https://www.jn.pt/justica/interior/pgr-desagradada-com-exibicao-de-interrogatorios-a-socrates-9268237.html

Ajudem-me lá a entender esta coisa dos 58 milhões que, pelo menos, seis dos arguidos (R. Salgado, H. Granadeiro, Z. Bava, A. Vara, C. Santos Silva e José Sócrates), consta, vão ter de devolver ao Estado, como resultado das punições pelos seus alegados crimes.

A uma média de 9 milhões e 600 mil euros por cada culpado (tendo em conta, apenas, meia dúzia de figurões...já que, segundo notícias fidedignas, foram mais alguns), esta punição pecuniária servirá, apostaria, para lhes “limpar a face” e o caso vir a ser, definitivamente, encerrado. É o costume. Sócrates ainda passou uns tempos atrás das grades, mas temos sérias dúvidas quanto à aplicação do mesmo tratamento a Ricardo Salgado, bem como a todos os outros arguidos. Como se viu, o tribunal ao enclausurar Sócrates no Estabelecimento Prisional de Évora, fez dele um verdadeiro mártir, com direito a peregrinos e tudo. Ora, depois desta experiência mal sucedida e da saga a que continuamos a assistir, envolvendo Sócrates numa teia de indiciamentos criminais sem solução à vista, duvidamos muito que o poder judicial venha a optar por colocar todo o “panteão” de alegados corruptos na prisão.

Tudo aponta para a solução mais simples: devolvem uns milhões e encerra-se este processo tão desprestigiante para a imagem interna e externa do país. “Pagou, arrumou, arquivou”.

Segundo a comunicação social, mais por dentro do tão badalado “segredo de justiça”, “o tal”´, para que o próprio Ferro Rodrigues, actual PAR, se “estava c….do”, (segundo Escutas Telefónicas reveladas pela SIC, em 21.03.2003, a propósito do Processo Casa Pia), José Sócrates, só ele, terá recebido indevidamente 34 milhões de euros, como “prémio” pelas suas múltiplas acrobacias e tramóias. Contas por baixo, claro. Para um "um pobre provinciano que andou na política durante uns anos", até não foi mau. Depois de uma alegada golpada, caleidoscópica, multifacetada, pelos vistos tão difícil de esclarecer, “preto no branco”, sem factos e provas irrefutáveis, Sócrates, se tiver de pedir ao amigo Santos Silva os cerca de 9 milhões e meio exigidos como indemnização pelo Tribunal, ainda se gozará com uma gorda diferença, aí, entre os 24 e os 25 milhões de euros sobrantes!

Abafam-se uns milhões, devolvem-se uns milhares e "quem perdeu, perdeu, quem achou é seu".

Usando ainda o mesmo raciocínio, imaginem quanto virá a arrecadar cada um dos outros arguidos, alegadamente, com tantas ou mais “culpas no cartório” do que Sócrates, depois de devolverem uns milhões,… para esta gente apenas “trocos”…, por imposição do tribunal! Se tal acontecer, limitam-se também a aferrolhar, intocáveis, uns largos milhões de euros, em contas no estrangeiro, dinheiro grande parte dele sem rasto, desviado na data e na hora certas, que nunca mais entrará nos cofres do Estado. Mas, ainda que estes milhões “voltem à base”, aos cofres públicos, não nos parece que venham a minimizar, grandemente, o prejuízo brutal que a sua fuga (ou roubo) representou e continua a representar para os magros bolsos de todos os portugueses, obrigados a suportar, por largos anos, o esforço de uma governação cheia vícios, assegurada por indivíduos desonestos, ineptos e sem sentido de Estado, muitos deles, sem a adequada preparação académica e profissional exigida para o exercício dos cargos que ocupam, gozando apenas da “certificação” do partido político onde se filiam.

Portugal tem sido varrido, desde há décadas, por ondas sucessivas de corrupção e de negociatas fraudulentas altamente lesivas dos nossos recursos económicos, envolvendo, como se tem visto, altas figuras da política, da banca e da administração pública, gente sem escrúpulos que, até agora, de uma forma geral, escudada no poder do dinheiro e na brandura e permeabilidade da lei, tem escapado incólume, apesar dos seus asnáticos desmandos, trapaças, tropelias e tramóias.

E, pelos vistos, o roubo, quando se trata de milhões, parece compensar. Ou não?!

João Frada
Calendas Semânticas 2000