O meu amigo António Filipe Soares, homem que, por demais conhecido entre a comunidade luso-brasileira do RGS, dispensa apresentação, quando lhe transmiti ter tido notícia, pela televisão, da apresentação do primeiro livro da autoria do nosso “filósofo” socrático, obra esta patrocinada pela Fundação Mário Soares e prefaciada pelo ex-presidente do Brasil Lula da Silva, depois de elucidado sobre o brilhante currículo do nosso ex-primeiro ministro e sabedor das grandes capacidades de qualquer um dos distintos atores da política lusa e brasileira, fez uma previsão que, ainda que pareça utópica, é algo perfeitamente previsível atendendo às circunstâncias de genialidade estratégica comum a cada um deles.
O livro em causa, versando a “Tortura em Democracia”, matéria que Sócrates domina na perfeição, depois de nos ter torturado e colocado sob tortura por longos anos com os negócios ruinosos das PPP, dos SWAP, do BPN e de outras tantas negociatas a que não pôs termo ou fechou os olhos, enquanto primeiro ministro, é uma obra produzida no âmbito da sua grande aposta lúdico-académico-filosófica parisiense, resultado da sua tese de mestrado em “Ciência Política”, a que muitos já chamam não de “livro branco”, mas de “livro negro”, atendendo à matéria dolorosa de que trata, seguramente, inspirada em múltiplos momentos da sua governação perdulária cravada, por longos anos , na pele de muitos portugueses. Quanto às “fontes” primárias deste “livro negro”, dizem as más línguas, não sabemos se não terão desaparecido, de todo, antes de serem devidamente “tombadas” e, nessa medida, não sabemos se se trata de um trabalho de revisão, de síntese ou de um trabalho original. Mas a importância da obra não cobre, nem de longe, o expoente maior deste admirável encontro, num momento tão solene. E é este acontecimento, bem retratado na internet para quem gostar dos pormenores, que levaria o meu amigo António Filipe, no seu jeito irónico e humorístico, a estabelecer este presságio: do encontro destes dois tão gratos expoentes da política, da cultura e da intelectualidade lusa e brasileira, homens que não dão ponto sem nó,…e só ali faltava o Relvas, destacado para o Brasil como nosso “embaixador” para a difusão da história, língua e cultura lusófonas…, ainda pode vir a resultar, quem sabe, uma importante e inesperada paridela: a criação de uma universidade para atribuição de títulos de Doutor Honoris Causa. Uma ideia excelente e, atendendo à grande qualidade intelectual dos visados, digníssimos académicos e, simultaneamente, destacadas figuras políticas das duas nações irmãs, nunca se sabe se esta conceção inconcebível não irá vingar, definitivamente! E com um estatuto independente, esta nova universidade sui generis, até poderia atribuir títulos ao sábado, domingo, feriados e dias santos. Quem é que vai questionar títulos tão importantes e tão imprescindíveis a quem não os tem?! Achamos que um engenheiro filósofo e dotado como Sócrates, licenciado ou não ao domingo, já deu provas evidentes da sua grande sabedoria e ainda não nos mostrou tudo quanto vale nem pôde demonstrar-nos todo o seu magnífico potencial, tal como afirmava, convictamente, Mário Soares, há uns tempos, após aquelas malfadadas eleições ganhas por Passos Coelho. Supomos que este avisado dinossauro socialista se referiria às capacidades presidenciais, porque as ministeriais já deu para ver, e de que maneira. Sócrates merece também, tal como o seu amigo Lula, o título de Doutor Honoris Causa. Merece-o por toda a sua grande dedicação à causa pública. E logo que ainda ninguém se lembrou de lhe atribuir, como a Lula da Silva, tal distinção, pois que sejam ambos a lançar, e depressa, as pedras de tal universidade, cá, lá ou pelo caminho, em qualquer poiso onde os seus fundadores possam ter oportunidade de premiar quem ainda não foi bafejado por tal honra: receber um “Doutorado” ou “Doutoramento” (à portuguesa), sem abrir um livro. Também quero! Tão bom, ser finalmente doutorado e não apenas um pseudo-doutor licenciado. Já imaginaram quantos candidatos!?
João Frada
Professor Universitário
(Ainda sem título de Doutor Honoris Causa)
Porto Alegre, 03.11.13