De quê? De quem? De que forma? Quando? No passado? Hoje? Amanhã? De mim? Dos que me rodeiam? Dos que me amam? Dos que me odeiam? Dos que me governam?
Ninguém é livre em vida, só na morte…
Ser livre, afinal, enquanto condição absoluta, desprendido de tudo e de todos, da Natureza, da sociedade e dos homens, é pois uma utopia. Nem os pássaros, livres pelos campos, pelos céus, são verdadeiramente livres. Dependem da Natureza para se alimentarem, reproduzirem, sobreviverem. São quase livres, mas não, de todo, livres.
Porém, invejo-os. São tudo aquilo que de mais livre existe. Quero ser como eles, quero romper com tudo o que me amarra, quero voar sobre o mar sobre a montanha, quero ser livre, escondido e esquecido do espaço e do tempo, que não são apenas meus, que tenho de repartir com gente estranha.
Quero fugir dessa realidade existencial que amortalha os meus sentidos, que me não deixa escolher o meu destino.
Quero encontrar essa mágica chave, antes que minh´alma parta deste mundo,
E rodá-la, abrindo-me ao infinito bem profundo, como se eu fosse no céu o espírito de uma ave e voasse então, num sonho, livre, liberto de mágoas e de lutos,
Esperando que esse voo me conforte, quero sentir-me livre por minutos, quero sentir-me livre em vida e não na morte.
João Frada