quarta-feira, 14 de março de 2018

METEOROLOGIA POÉTICA


A chuva, fria,
madrasta  deste inverno,
tão triste e estranho,
continua a cair, teimosamente,
em grossa gota, ora fustigante,
ora em mortalha fina, saturante,
como se um céu de nuvens,
grávido e negro,
nos julgue seus reféns,
e, numa maré louca de agonia
e de raiva, sem quartel e sem alívio,
apostado num martírio, noite e dia,
queira afogar-nos, de vez, neste dilúvio.

João Frada
Calendas Poéticas 2000