A chuva, fria,
madrasta deste inverno,
tão triste e estranho,
continua a cair, teimosamente,
em grossa gota, ora fustigante,
ora em mortalha fina, saturante,
como se um céu de nuvens,
grávido e negro,
nos julgue seus reféns,
e, numa maré louca de agonia
e de raiva, sem quartel e sem
alívio,
apostado num martírio, noite e dia,
queira afogar-nos, de vez, neste
dilúvio.
João Frada
Calendas Poéticas 2000
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