quarta-feira, 15 de julho de 2015

O EUROGRUPO E OS EUROESCRÚPULOS

O Eurogrupo e os Euroescrúpulos


“O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, acaba de retira do currículo um mestrado em Economia Empresarial, pela University College Cork (UCC), que nunca existiu naquela instituição.”
(http: // www.publico.pt/economia/noticia/presidente-do-eurogrupo-corrige-curriculo-retirando-mestrado-que-nao-tinha-feito-1591368)

Curioso o perfil deste ilustre “intocável”, que preside ao Eurogrupo, não acham?! Pretendendo engrossar o currículo, abrilhantando o seu perfil académico e científico, na área da economia,  selecionou um Mestrado que nunca existiu na University College Cork (Irlanda) e acrescentou-o à sua informação biográfico-curricular. Obviamente, o status científico e pessoal que este grau lhe poderia conferir, pensava ele, garantir-lhe-ia, junto da maior parte dos seus bacocos colegas do Eurogrupo, um maior grau de supremacia, respeito e admiração. Tinha razão. Na verdade, só viria, mesmo, reforçar um pouco mais a solidez da sua ação político-presidencial, enquanto alto dirigente do Eurogrupo, como se viu.
Descoberta a fraude, enquanto o Miguel Relvas sentiu na pele a fogueira política (pelo menos, durante uns tempos, já que a memória do povo é curta) e se obrigou a sair da vida pública, apenas não retirando do currículo o título de “Dr.” que a sua esforçada licenciatura lhe outorgou, Jeroen Dijsselbloem apressou-se a corrigir o “scripto lapse” (lapso de escrita) na sua informação curricular, a qual, pelos vistos, entre os seus pares, poucos lêem ou valorizam. Como vimos, esta faceta do ilustre presidente do Eurogrupo, não obstante traduzir, claramente, um perfil pessoal e político revelador de desonestidade e de falta de escrúpulos, não poria em causa a sua continuidade de funções no alto cargo europeu que desempenha.
Impávido e sereno, continua a sua missão, ali alicerçado de “pedra e cal”.
Os seus colegas do Eurogrupo, porventura, familiarizados com estas e outras manhas que constituem a “praxis” diária da sua actividade, enquanto “pastores” de todo o “rebanho” europeu,… com alguns carneiros mais rebeldes do que outros…, terão feito letra morta, ou vista grossa, sobre este insignificante incidente. O que pensaram, comentaram ou criticaram nos bastidores sobre o comportamento do seu “presidente” com aspiração a Mestre, não sabemos. Mas que decidiram mantê-lo, manifestando-lhe deste modo a sua confiança, pelo seu exercício, pessoal e profissional, isento, escorreito e criativo, isso, não há dúvida.
Resta-nos, no entanto, uma última reflexão, perante a qual atrevemos-nos a afirmar que, independentemente do currículo que Jeroen tem ou venha a ter, nós, europeus, temos um presidente à frente do Eurogrupo que, se não é burro, disfarça muito mal. Num rasgo genial de inteligência saloia, resolveu auto distender as suas competências curriculares, acrescentando-lhe um pomposo Mestrado em Economia Empresarial que não existia na referida Universidade, e, para que tal grau viesse a ser considerado fraudulento, nem precisou de datar a sua conclusão a um domingo. Pura e simplesmente, tal área académica e científica não se processa(va) nesta instituição universitária irlandesa. Não pôde comprovar tamanho dislate, e, encolhendo o status, retirou-o do currículo. Mas, apesar desta atitude bem demonstrativa do seu carácter pretensioso, insensato e descuidado, continua a passear-se no seio do Eurogrupo, como um bom “menino de coro”. E todos o ouvem. E o eco da sua voz, nas decisões que a todos nos tocam, continua a fazer-se ouvir, apesar de tanta distorção.
É esta a sorte que, certamente, merecemos.

João Frada
Professor Universitário (Ph.D.)
Calendas Semânticas, 2000