terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Provas de Avaliação de Professores, Carlos Alberto Amorim e Política Ferroviária


"PSD saúda o acordo alcançado na Educação

O PSD elogiou hoje a solução encontrada para as avaliações de professores, como um exemplo do que é necessário na política portuguesa. Carlos Abreu Amorim sublinhou o papel desempenhado pelo provedor de Justiça, no acordo alcançado...” 
A propósito da cedência do ministro Nuno Crato, confrontado com a pressão de Mário Nogueira, secretário-geral da FENPROF, Carlos Alberto Amorim, fazendo uso da sua “sempre tão cuidadosa e eloquente retórica”, elogiou, e muito bem, a forma como decorreram as negociações e frisou que “essa ideia de recuos e avanços, o grupo parlamentar do PSD, [do qual faz parte], não tem essa perspetiva ferroviária da política portuguesa. (…) As políticas iniciais não têm que se manter inalteráveis.” 
As suas frases pomposas, é certo, mas também algo confusas, parecem-nos ambíguas na forma e no conteúdo. Na verdade, há políticas que não mudam mesmo, sobretudo, aquelas que persistem em massacrar a população, retirando-lhes todos os privilégios adquiridos ou pondo em causa o que é de mais elementar em termos de sobrevivência económica e financeira. Quando à inalterabilidade das “políticas iniciais”, nunca uma afirmação foi tão verdadeira e inquestionável. Carlos Amorim, tal como outros que têm passado pelo Governo, soube muito bem definir o seu pensamento. Podemos  depreender que, na governação, venha quem vier, e a prova está aí à nossa volta, nada recua para melhor, tudo avança para pior. As tais políticas iniciais apenas se somam e continuam umas às outras.  
Quanto à referida postura de avanços e recuos, que Carlos Amorim caracteriza como “política ferroviária”, e supomos que entende tais movimentos, decisões e afirmações, sempre sobre carris, talvez tenhamos de lembrar-lhe de que tal política, que seguiu noutras circunstâncias, não o abona(ra)m nada em termos pessoais, governativos ou profissionais. Poderia ter sido mais sensato e cauteloso, evitando tantos percalços e manobras desajeitadas.  
Num episódio ainda recente em que se envolveu, Carlos Alberto Amorim apelidou os Benfiquistas de “Magrebinos” (Carlos Abreu Amorim, vice-presidente da bancada do PSD, escreveu no Twitter: "Magrebinos: curvem-se perante a glória do Dragão) e, depois, teve de se retratar, (Amorim assume que foi infeliz, 21-05-2013). Aqui está consolidado, de uma forma magistral, o dito recuo da “política inicial”. E ainda bem, neste caso.   
Tristes deslizes de política ferroviária! Aguardemos pelas próximas movimentações descarriladas. 

Professor Universitário
João Frada