As cores do País
“O povo assim o ordenou. Nos próximos quatro anos vamos ter um País
vestido de rosa" Braga da Cruz
JM [Jornal da Mealhada]
Pegando nas palavras supracitadas, escolhidas para epígrafe do JM de 01
de fevereiro de 2015, pelo meu caríssimo amigo, Prof. Armando Braga da Cruz, não resisti a tecer umas breves
considerações.
O país inteiro, a admitir que as suas vestes ideológicas, metaforicamente falando, são
ou têm sido, à boa maneira do traje folclórico português, bem policromáticas,
não obstante a frequente predominância de cores entre o rosa e o laranja (tons
estes que, apesar da falta de criatividade dos diversos “estilistas dominantes”,
vão alternando não anual nem sazonalmente mas, sim, quadrienalmente), aliado ao
facto de que a grande maioria da população, visivelmente, com pouca imaginação
para escolha da sua indumentária, faça frio ou faça sol na carteira ou no
quintal, acaba sempre por optar pela mesma aguarela bicromática, parece ter-se adaptado também a dois
modelos únicos de vestimentas: uma mais clássica, peça de alfaiataria de
qualidade, a que nem todos podem aspirar, e outra mais prática, difícil de
distinguir de qualquer outra peça produzida em contrafação, destinada à grande
maioria do povo: a tanga.
O povo, como é óbvio, seja qual for a cor do têxtil da indumentária a
que tenha acesso, julga-se bem vestido, de calças, camisola e cachecol…ainda
que se trate de uma inteiriça tanga, cerzida e esburacada. De resto, até umas
boas Jeans já não dispensam uns
buracos ou rasgões aplicados a preceito.
Há pois que investir em cores fortes, de preferência laranja e rosa, de
quatro em quatro anos, e esperar que o povo, qual exército de abelhas, seja
atraído por estes chamarizes e trabalhe, trabalhe, trabalhe para continuar a encher
o .., “pote de mel”, gesto que tanto agrada..., aos seus eternos “camareiros-mores”.
João Frada
Professor
Universitário(Ph.D.)