Promessas
Promessas, firmes vontades
Que ouvimos por todo o lado
Nos campos e nas cidades
Um belo refrão de fado
Bandidos de colarinho
Branco e engomado, cautela
Prometem doces e vinho
Não caias nessa esparrela
Jogam sempre na incerteza
Mentem com todos os dentes
Hoje, só delicadeza
Amanhã, indiferentes
Mal se apanham no poleiro
Tudo o resto que se lixe
Enquanto houver mealheiro
Governar é coisa fixe
E tudo volta ao início
Cavalos, jockeys e pistas
Uns montam, matam o vício,
Outros viram masoquistas
Quem tem as rédeas na mão
E folga um pouco a arreata
Não perde a ocasião
De gritar: sou democrata
Apostas nestes cavalos
São como passos perdidos
Uns coxeiam, têm calos
Outros defeitos escondidos
Não te agridem com grilhetas
Nem com veneno de ratos
Mas atiram-te às sargetas
Rompem acordos, contratos
É tempo de apontar armas
De fazer o que é devido
rompendo regras e normas
agindo com algum sentido
Gente ruim e sem decência
na postura e na parada
só merece a deferência
de ser tratada à paulada.
Tocam bem alto as trombetas
Trazem bandeiras na mão
Mas atrás destes estafetas
Estão mil balas de canhão
Protegidos pela lei,
Que “vestem” sempre à medida,
E com perfume de rei.
A plebe vive fedida.
Acordem éguas, cavalos
Deem pinotes no ar
Provoquem alguns abalos
Até o sismo estoirar
Talvez por ser otimista
Termine desta maneira:
deve-se ser pacifista,
Mas não burro, a vida inteira.
João Frada