domingo, 18 de junho de 2017

Quem Canta Seus Males Espanta

Passarinhos, chilreando
Trocam piropos sem fim 
E, de asas juntas, em bando
Enchem de amor o jardim

Mas há um triste, a um canto
Piando, como quem chora
Dizendo a outro, num pranto,
Deita essa dor cá pra fora

Não faças do sofrimento
O túmulo da tua alma
A vida é tal qual o vento
Ora sopra, ora se acalma

Vai cantando com fervor 
Nem que seja um canto breve
Alivia a tua dor
E sente a vida mais leve  

Quem canta com emoção
Tem na voz o que é preciso
O fogo de uma paixão
E a doçura de um sorriso

Enquanto a tarde adormece 
E a noite cobre os caminhos     
Ouve-se, em coro, uma prece
O piar dos passarinhos.

João Frada
Calendas Poéticas 2000