Passarinhos, chilreando
Trocam piropos sem fim
E, de asas juntas, em bando
Enchem de amor o jardim
Mas há um triste, a um canto
Piando, como quem chora
Dizendo a outro, num pranto,
Deita essa dor cá pra fora
Não faças do sofrimento
O túmulo da tua alma
A vida é tal qual o vento
Ora sopra, ora se acalma
Vai cantando com fervor
Nem que seja um canto breve
Alivia a tua dor
E sente a vida mais leve
Quem canta com emoção
Tem na voz o que é preciso
O fogo de uma paixão
E a doçura de um sorriso
Enquanto a tarde adormece
E a noite cobre os
caminhos
Ouve-se, em coro, uma prece
O piar dos passarinhos.
João Frada
Calendas Poéticas 2000