PARTIR
É MORRER UM POUCO
As
ausências doem muito
E
as despedidas também.
“Partir
é morrer um pouco”.
Quem
ama, sabe-o bem.
As despedidas são breves,
Não
duram mais que um segundo
Naquele
virar de esquina,
Mas
alimentam saudades
Quando
o silêncio domina.
Nasce-me
um nó na garganta
E
um lago dentro do peito,
E
até as fases do dia
Viram
confusas, sem jeito.
Faz-se
uma névoa cinzenta,
A
tarde, calma e serena,
Cai
numa triste apatia
E
a noite morre de pena.
Até
o mar agitado
Amansa
em maré vazia,
Mais
submisso que um escravo
Aos
pés da areia, deitado.
Fechando
a porta ao encanto,
Custa-me
tanto sentir-te
Na
solidão, nesse pranto
Que
calas dentro de ti.
Quando
me afasto dali,
Choram meus olhos e os teus
e, baixinho, as nossas bocas
Vão dizendo adeus, adeus.
E quando a noite galopa
Levando
nossas paixões,
Fico
de longe a acenar-te,
Mal
te vendo, mal te ouvindo.
Custa-me
tanto deixar-te…
Não
hesitou e, do alto,
Soprou-me fé e coragem
E
agora, sempre que parto,
Sinto
ouvir outra mensagem:
Um
som nítido, tão lindo,
Um
bater seguro e seco
São os nossos corações.
É
musical o seu eco.
Em
uníssono, sorrindo,
Dois
em um, muito serenos.
Partir
assim custa pouco
E
as saudades doem menos.