Nem eu sei onde vão dar
Sei apenas onde passam,
Entre o meu e o teu olhar.
Vejo-te ao longe sozinha
Meu amor, à minha espera,
E eu volto como andorinha
Quando rompe a primavera
Sinto-me um homem com sorte
Quando cruzo a escuridão
Correndo às cegas, sem norte,
Atrás do teu coração
Os rumos das nossas vidas
São duas estradas desertas
Onde morrem despedidas
E nascem juras incertas
Que nos fazem meditar
E se alimentam de nós
E nos prendem sem cessar
Aos ecos da nossa voz
Os rumos das nossas vidas
Fingem ser cruzada calma
Mas carregam tantas feridas
No coração e na alma
E quando o vento assobia
Rijo e forte, a caminhada
Estremece numa agonia
E tudo parece nada
Os rumos das nossas vidas
Seguem estrelas apagadas
Que dos céus foram descidas
Por serem luzes veladas
Nesta rota sem destinos
Andamos acorrentados
Somos ambos peregrinos
Em caminhos separados
Cruzei todo o firmamento
Em sonhos, pude voar,
Dei largas ao pensamento
Em busca do teu olhar.
De tantos rumos, houve um
Que escolhi, virado ao céu
Cruzei-o sem medo algum
Quando soube que era o teu
Era um rumo de andorinha…
Quem sabe onde desagua?
Na tua alma ou na minha,
Na minha boca ou na tua ?
João Frada
Lisboa,03.07.14