quinta-feira, 2 de abril de 2015

COFRES CHEIOS

Cofres Cheios

“Tenho mesmo os cofres cheios”

Porque não pago o que devo,

Nem conto nunca pagar.

São dívidas para o futuro

Que consomem o país.

Acreditem, não há meios

Capazes de liquidar

Este mal pela raiz.


Preservando alguns estatutos

De gente da minha cor

Fiz poupança de milhões.

Fui o grande criador

De impostos e reduções,

De taxas, coimas, tributos, 

E ao forçado “doador”

Saquei “Euros”, quanto quis.

 
Guardo-os em sítio seguro

Em sacos de papelão

Algum em cofre, outro em banco

…Não da família do BES…,

Outro ainda, em lugar escuro

Sob a sola dos meus pés,

E o restante bem escondido

Debaixo do meu colchão.

 
“Tenho mesmo os cofres cheios”

Roubei-o a quem o tinha

E se ninguém protestou

Dentre a manada de mansos

Pra quê seguir outra linha,

Se tenho à mão estes tansos?!

 
Hei de sangrar, sim senhor,

Como é óbvio, as Maiorias,

Pra pagar tantos dislates

Uns, do meu antecessor,

Outros, dos meus disparates,

E pagar a quem eu devo

Fidelidade, mordomias

E algumas obrigações.

São futuras garantias

Hoje dou, depois recebo.

 
Dei-me também de penhor

Junto de tantos “patrões”,

Não tenho hipótese de fuga.

Por isso é que não me atrevo

A parar com tal “sangria”.

Sou pra muitos, um tirano,

Um perfeito sanguessuga 

Um ditador, um casmurro,

Mas não altero o meu plano,  

Que se lixe o “doador”,

Ninguém o manda ser burro.

 
Calendas Poéticas 2000