Conheci-te meu amor
Naquela cálida tarde
Ali mesmo, a céu aberto,
Desnudada pelo calor,
Inundada por dois sóis,
Coberta apenas por tranças.
Olhando o céu e as nuvens…
À sombrinha, pensativa,
Contando sonhos, esperanças
E um campo de girassóis.
Um anjo passou e viu-te
Assim tão calma, a pensar.
E pra não ter tentações
Soprou leve, então, a brisa
Que contente e insegura,
Mais parecendo um queixume
Parou também pra te olhar.
Um manto leve de folhas
E de pétalas cobriu-te
Os ombros nus e um perfume,
Uma mágica mistura
De Natureza e mulher
Estendeu-se pelo mundo fora
Cobrindo rios e terras
Entre janeiro e dezembro.
Desde então, aquele aroma
Do teu corpo ali, tão nu,
Com cheirinho a flores de esteva,
Papoilas e girassóis,
Margaridas cor de linho
E outras tantas que não lembro,
Flores do campo como tu…
Inunda montes e serras
Como as voltas de uma dança.
Só eu sei que é teu perfume
Meu amor, minha lembrança,
Por cheirar a rosmaninho.
Lisboa, 06.01.14