A Extraordinária Sabedoria Médica dos Egípcios Faraónicos
Introdução
"Houve povos sem médicos, mas nunca
houve povos sem medicina". (1)
Desde que o homem se conhece como ser
pensante e consciente de si próprio, a saúde e a doença têm marcado o ritmo do
seu quotidiano. A medicina nasce e desenvolve-se em função desse binómio e,
nessa medida, o conhecimento do ser humano, na sua dimensão física, corporal,
psicológica e patológica, acaba naturalmente por constituir o seu principal
objetivo. No Egipto faraónico, porém, a determinante religiosa e escatológica,
fundamentada na crença de vida no além, permite a muitos dos sacerdotes e seus
ajudantes uma visão e um grau de conhecimento da matéria médica (anatomia e
patologia) de grande significado, a qual foi reconhecida, durante muito tempo,
como uma verdadeira sabedoria hermética. A esta só tinham acesso os escolhidos ou
iluminados (sacerdotes e seus coadjuvantes). A preparação dos corpos, efetuada
através de técnicas de mumificação e embalsamamento, funciona, assim, como uma
das mais importantes fontes de conhecimento médico. Por outro lado, é também
devido ao desenvolvimento das suas técnicas de conservação de cadáveres que foi
possível preservar múmias, cuja integridade, passados 2000 anos, permite à
ciência médica atual observar estruturas orgânicas, normais e patológicas,
através das quais se pode construir a História Epidemiológica e Social deste
povo.
Alicerçado no empirismo, em crenças místicas
e mágicas, o conhecimento médico do
Egipto faraónico, no contexto geral da evolução técnica e cultural dos povos e
das civilizações, caracteriza-se por um estádio pré-racionalista extremamente
adiantado e complexo, que nos atreveríamos a designar de proto-racionalista.
Nesta sociedade, o médico, o sacerdote e o
mago eram, frequentemente, uma mesma e única pessoa.
O saber médico egípcio, dominado por um
Colégio de sábios e sacerdotes estudiosos, por vezes também acessível ao Faraó
(Ramsés IV, por exemplo, aparece-nos ligado à arte médica), destinava-se,
essencial e originalmente, a preservar a existência e a saúde do Rei,
considerado a encarnação de Deus na Terra, razão da vida, lei, fertilidade e ordem.
Os deuses perversos, a magia inimiga e a
doença eram os objetivos a controlar e a vencer. O domínio do místico, do mágico e do real
enformavam a imagem completa do verdadeiro médico sacerdotal.
No per-ankh ou Casa da Vida, instituição
fundada pelo Estado, desenvolviam-se
todas as práticas inerentes à manutenção da ordem cósmica, impulsionada e
dirigida para e pelo divino: a cura, o cultivo das artes de mumificação, da
escultura e pintura dos corpos destinados a viver eternamente e o desenhar do
"mais poderoso e versátil" instrumento mágico: a escrita
hieroglífica. (2)
Na abordagem que nos propomos fazer desta
matéria começaremos por refletir, num primeiro capítulo, sobre as diversas
fontes utilizadas para o estudo da medicina egípcia.
No segundo capítulo focaremos os principais
aspetos ligados ao ensino da medicina .
No terceiro capítulo pretendemos realçar o
grau adiantado de conhecimento atingido pelos egípcios no domínio da anatomia e
da cirurgia, claramente resultante das suas práticas minuciosas de mumificação
e embalsamamento dos corpos.
No quarto capítulo traçaremos um pequeno
apontamento sobre alguns dos seus conceitos etiopatogénicos e terapêuticos e
sobre o seu léxico médico.
No quinto
capítulo procuraremos descrever de uma forma sintética alguns aspetos
fundamentais que caracterizam a sua riquíssima farmacopeia de origem vegetal,
animal e mineral.
No sexto capítulo faremos algumas
considerações sobre higiene e saúde pública egípcias.
No sétimo e último capítulo estabelecemos a
abordagem das relações entre a magia e a medicina.
Capítulo I. Fontes
1.1. Escritos Clássicos
Antes dos numerosos papiros médicos virem a
abrir novos horizontes ao estudo da medicina faraónica, o conhecimento desta
matéria limitava-se às narrações de cronistas gregos (3) e romanos, dentre os quais destacamos
Heródoto, Estrabão, Teofrasto, Dioscórides e Galeno e Varro ou Varrão (116-27
a.C.). (4)
1.2. Papiros
Os papiros que atualmente conhecemos são
cópias de originais bem mais antigos e deverão ter sido escritos entre os séc.
XX, e XV a.C.
Papiro de Berlim - Datado da XIX Din.(1300
a.C.) inclui fragmentos sobre reumatismo, excesso de alimentação e uma versão
do 2º Livro do Coração, esta mais completa que a citada no Papiro de Ebers.
Contém ainda uma série de provas de
fertilidade e alguns parágrafos sobre doenças do ouvido.
Papiro de Carlsberg Nº VIII - De origem
desconhecida, trata de doenças de olhos e dá-nos alguns apontamentos sobre
prognósticos obstétricos.
Papiro Chester Beatty Nº VI - Sensivelmente
da mesma data do de Berlim, contém uma série de receitas para doenças de ânus,
peito, coração e bexiga e ainda alguns feitiços.
Papiro de Ebers - Da XVIII Din. (mais ou
menos 1550 a.C), muito bem conservado e talvez o mais extenso, constitui a base
essencial do que sabemos sobre medicina egípcia, especialmente no campo da
clínica e da fisiologia.
Na sua introdução trata de uma prece mágica.
No resto do texto contém muito poucos encantamentos e trata, sobretudo, de
medicamentos para aumentar o apetite, a função intestinal e a digestão.
Refere-se também a uma infinidade de
situações médicas e cirúrgicas, ligadas aos foros digestivo, pulmonar,
cardiovascular, dermatológico urinário e ginecológico. É o único papiro com
considerações sobre a vida, a saúde e a doença. Nele se mencionam numerosas
drogas, ainda hoje usadas na farmacologia. Para além da sua riquíssima
informação, este documento contém alguns comentários e correções estabelecidas,
pensa-se, pelo seu possuidor, acerca da preparação de alguns medicamentos e
sobre receitas que ele próprio havia experimentado: “Eu mesmo vi e fiz também
com frequência” (5) . Este achado leva-nos a formular duas ilações.
A primeira prende-se com o facto mais de este papiro não ser um original mas,
sim, uma cópia de um mais antigo. A segunda permite-nos verificar que o sentido
experimental não irrompe com o pensamento clássico (racionalista e hipocrático)
e, muito menos, com o Nominalismo Medieval. Ele têm já a sua génese entre os
Egípcios faraónicos.
Papiro de Edwin Smith - Da XVII Din. ( mais
ou menos 2500-2000 a.C ), é talvez aquele que nos trouxe provas mais
conclusivas de que a medicina faraónica era já uma verdadeira ciência. (6)
Numa secção deste papiro, designada de Livro
das Feridas, fazem-se alusões ao coração e às veias e narram-se múltiplas
situações traumáticas osteoarticulares.
Os conhecimentos de anatomia cirúrgica e
patologia indicam que o exame post-mortem
era minucioso e demorado.
Procede-se a um diagnóstico clínico,
impressionantemente, preciso e completo. O prognóstico é também cuidadosamente
elaborado.
Citam-se tratamentos englobando ligaduras,
talas, suturas, cautério e drenagem.
Crê-se que o autor deste papiro deverá ter
sido um cirurgião praticante das Pirâmides.
Papiro de Hearst - Da XVIII din., contemporâneo do de Ebers, contêm
algumas descrições sobre novas enfermidades da época, sobre ossos, mordeduras
de répteis e acro-algias dos membros.
Papiro de Kahoun - Da XII din., é o mais antigo que se conhece e também
o mais original, versando sobre doenças femininas, não se prescreve qualquer
procedimento cirúrgico mas, antes, aconselha drogas, fumigações, cremes e
aplicações vaginais. Estabelece prognósticos no domínio obstétrico e contém uma
outra secção sobre medicina veterinária.
Papiro de Londres - trata de produtos comuns
à sua farmacopeia acompanhados de encantamentos e procedimentos mágicos.
Papiros de Ramesseum - aborda aspetos em tudo
idênticos aos de Kahoun. O nº V, estritamente médico, contém receitas
essencialmente destinadas à relaxação de membros rígidos.
Papiro de Turim - Onde são referidas
informações avultadas sobre sexologia e erotismo e pornografia. (7)
Papiro de Westcar - Com muitas informações
sobre parto.
1.3. Múmias
A mumificação (8) enriqueceu consideravelmente o conhecimento
médico egípcio.
Familiarizados com a constituição e a
disposição dos órgãos internos, estes médicos estabeleceram estudos de anatomia
comparada, baseados em observações das vísceras do corpo humano e de animais,
estes, anatomicamente bem conhecidos pelo tradicional costume sacrificial a que
eram expostos. O estudo radiológico e histológico das múmias veio a enriquecer,
extraordinariamente, os conhecimentos de patologia, de cirurgia e de
antropologia médica egípcias.
1.4. Arte Egípcia
Dentre as múltiplas provas-documento chegadas
até nós, portadoras de uma riquíssima informação sobre as características
físicas, psicológicas e fisiológicas dos egípcios, a escultura, a gravura e a
pintura são, indiscutivelmente, os melhores testemunhos histórico-arqueológicos
disponíveis para a compreensão desta matéria. Muitos exemplos poderíamos
apontar mas parece-nos que a saliência observada no pescoço de Cleópatra (9), última rainha do Egipto, é claramente
demonstrativa do quanto se pode especular a
partir destas fontes. Tratar-se-ia de tiroidismo, de uma neoplasia ou de
qualquer outra patologia quística ou vascular? Relacionando com outros dados
biográfico-comportamentais da rainha, na falta de se poder estabelecer o
diagnóstico através da observação da sua múmia e de não se dispor de outras
informações médicas emitidas sobre o assunto, nomeadamente, nos papiros
alusivos a essa época, apenas por
“exclusão de partes” poderíamos tentar emitir alguns considerações sobre aquele
aumento de volume cervical de Cleópatra.
Capítulo II. Exercício da Medicina
2.1. Ensino Médico
Julga-se que esta profissão, de carácter
hereditário como todas as outras, condicionaria o estudante de medicina a
iniciar a sua prática em ambiente de aprendizagem familiar. No entanto, o
simples facto de se sentir uma certa inclinação para o exercício da medicina
podia ser a primeira condição para iniciar a aprendizagem adequada. Alojados em
casa dos Mestres, a quem pagavam habitualmente uma quantia estipulada, os
alunos iam ouvindo e seguindo os seus ensinamentos teóricos e práticos e, ao
fim de um certo tempo, às vezes anos, obtinham o reconhecimento e o estatuto
que lhes permitia exercer a arte médica. Esta modalidade de ensino laico da
medicina viria também a ser uma realidade frequente entre os gregos da época
hipocrática e, mesmo, pré-hipocrática.
No que diz respeito à medicina eminentemente
sacerdotal, sagrada por excelência, embora as informações sobre o assunto não
sejam muito seguras, pode afirmar-se que os processos e a metodologia de ensino
em nada diferiam dos seguidos pela medicina laica, no entanto, os estudantes
dispunham já de uma instituição apropriada criada pelo Estado, o per-ankh ou
Casa da Vida, onde podiam assistir às lições ministradas pelas sumidades
médico-mágico-religiosas, ali reunidas.
Em Sais (10) e Heliópolis e, mais
tarde, em Alexandria funcionaram célebres escolas médicas. Nesta última,
considerada um dos mais importantes centros culturais da Antiguidade, iriam
passar grandes nomes ligados a todos os domínios do conhecimento, das artes, da
filosofia, do direito e da medicina.. Em Memfis, no Templo de Imhotep (11),
considerado “Asclépio do Egipto”, conhece-se a existência de uma grande
biblioteca médica (12) . De acordo com a leitura de um texto escrito
por um médico-chefe egípcio, Uzahor-Resinet, em Edfu teria havido também uma
escola médica.
2.2. Sanadores
Segundo o papiro de Ebers, três classes de
sanadores, podiam "tomar o pulso" (praticar medicina):
- O sacerdote de Sekhmet
- O médico laico (Swnw = Suno)
- O mago.
Concentrados no per-ankh, onde escreviam e
guardavam os seus escritos, os sacerdotes e escribas analisavam ali importantes
problemas religiosos, mágicos e rituais ou questões de interesse oficial do
Reino.
Numa atmosfera de magia e mística, assim se
diferenciavam as três referidas classes médica, conforme a etiologia das
doenças e a sua "especialidade terapêutica".
Entre os egípcios antigos, o médico parece
assumir um estatuto privilegiado e dentre várias categorias, com uma certa
importância hierárquica, aparecem médicos com títulos pomposos: "Médico da
Casa da Esposa Real", "Médico Principal do Senhor das Duas
Terras", etc.
A
maioria dos Swnw praticavam
medicina em departamentos estatais e casas nobres.
2.3. Especialidades Médicas
Talvez porque o corpo humano não era
observado como uma unidade fundamental (conceito que só tardiamente foi
revisto), no Império Antigo contavam-se entre os Swnw praticantes de quase
todas as especialidades.
Diz-nos Heródoto que raramente duas
especialidades eram exercidas pelo mesmo indivíduo. Afirma-se que os sacerdotes
de Sekmet e, em especial, os seus ajudantes eram com frequência Cirurgiões. A
circuncisão, devido às suas conotações mágico-rituais, era também da prática
cirúrgica sacerdotal.
Contavam-se Especialistas de:
-Olhos
-Ouvidos
-Nariz
-Dentes
-Abdómen
-Ânus
-Dermatologia
-Interpretação de Líquidos Internos
Ao serviço da nobreza, a especialização é
muitas vezes levada ao extremo: o Faraó tinha, por exemplo, um especialista
para cada um dos olhos. (13)
2.4. Medicina Sacerdotal e Mística
Dado que a doença era sempre, em última
instância, resultante do desequilíbrio das relações homens-Deuses, quem melhor
que o sacerdote poderia servir de mediador para restabelecer essa rutura?
Não havia um único Deus da Medicina. Eis
alguns dos mais representativos:
- ANÚBIS - Patrono da mumificação
- HÓRUS ou HOR - Filho de Osíris e da Deusa
Ísis, Hórus era considerado Deus da saúde. Tendo perdido um dos olhos em luta
com SET, demónio considerado o seu pior inimigo, tal órgão de visão, na
perspetiva de alguns historiadores de medicina, passou a ser considerado um
poderoso amuleto. O sinal que representa este olho do Deus Hórus, semelhante a
um R, viria a ser também o mesmo sinal com que o médico inicia(ria) as suas
receitas (informando o farmacêutico, através deste R de Récipe = receba, que a
receita deve ser aceite para execução (14) . Este conceito do R de
Récipe, simbolizando o olho de Hórus , deus vigilante, que tudo sabe, que tudo
vê, cujo olhar mágico pode curar é, portanto, uma questão indiscutível. O
problema poderá pôr-se, se analisarmos esta questão numa outra perspetiva: será
que o olho sobrante do Deus Hórus, exatamente por ter aumentado a sua acuidade
e vicariado funções até então distribuídas pelos dois órgãos de visão, não
passa a ser considerado como um precioso e divino instrumento de diagnóstico e
terapêutica?
Será que este olho saudável do Deus Hórus,
vigilante e sabedor, não corresponde já ao que nós hoje designamos por “olho
clínico”?
- IMHOTEP - (aquele que dá satisfação) - só
tardiamente com os Persas, e depois com os gregos, foi entronizado no panteão
médico egípcio.
- SEKHMET - Convertida em deusa da misericórdia, a quem se rogava saúde e
proteção contra as calamidades. Os seus sacerdotes possuíam também
conhecimentos de Swnw.
- THOT - Deus de todo o saber
- DWAW - os oculistas, para além da proteção
de Thot e de Amon, apelavam também os favores de Dwaw (Duau).
2.5. Auxiliares Médicos (wt)
Desde indivíduos destinados à aplicação de
ligaduras, maníacos, ajudantes massagistas, etc., estes "paramédicos"
da altura, parecem ter sido inúmeros com preparação teórica e prática
especializada.
Capítulo III. Anatomia e
Cirurgia
3.1. Anatomia
Não tendo ainda uma correta noção da
importante função circulatória do coração, os egípcios reconheciam-no, no
entanto, como "aquele que não para", centro mediador entre a vida e a
morte.
Persuadidos pela palpação dos pulsos
arteriais sincrónicos aos batimentos cardíacos, julgavam-no a essência vital de
todos os membros. Decerto, por este facto, havia a crença que o coração deveria
ser o advogado de defesa do morto, propiciando-lhe ou não a sua entrada na Ilha
dos Beatos. (15)
Nos embalsamamentos não se retirava o
coração, embora se extraíssem as vísceras restantes (até certa altura da
História Egípcia).
Possuíam também extensos conhecimentos de
anatomia topográfica, conforme nos atesta o papiro de Edwin Smith.
3.2. Cirurgia
3.2.1. Feridas e Queimaduras
A guerra, a caça e as grandes construções de
pedra foram o grande manancial de elementos preciosos para a formação cirúrgica
dos médicos, no Antigo Egipto.
Parece ter sido nesta época, que pela 1ª vez
se falou em sutura na História da Cirurgia.
À mistura com produtos de origem vegetal e
mineral, calmantes, cicatrizantes e estimulantes do tecido de granulação,
utilizavam verdadeiros mixórdias (pelos e excremento de gato (16),
leite de mulher a amamentar filho varão, urina, etc). Os feitiços
complementavam o tratamento instituído.
3.2.2. Inflamações e Tumores
A observação clínica destas lesões era
minuciosa e atenta e obedecia aos mesmos cuidados semiológicos de hoje.
Palpava-se, percutia-se, averiguava-se a temperatura local, fazia-se uso da
drenagem, cauterizava-se pelo fogo e observavam-se requisitos e métodos de
pequena Cirurgia.
3.2.3. Intervenções Cirúrgicas
A trepanação, a traqueotomia (quase sempre em
observância a razões mágicas), a amputação e a circuncisão eram as práticas
mais comuns no Antigo Egipto. Esta última, não obrigatória nem extensiva a toda
a população masculina adolescente (17), terá servido nas épocas das
grandes invasões estrangeiras como marca distinta entre estes povos infiéis e
os egípcios ortodoxos.
3.2.4. Instrumentos Cirúrgicos
Existem nos museus algumas coleções
instrumentais descritas como cirúrgicas. Contudo, nunca foram encontrados
objetos com tal finalidade a acompanhar os médicos encontrados em túmulos e não
se conhecem documentos ou inscrições com a sua utilidade detalhadamente
explicada.
Capítulo IV. Medicina
Interna
4.1. Ato Clínico
Ao contrário do que se verificava entre
outros povos e civilizações, o enfermo, o deficiente e o estropiado eram
tratados com benevolência e dignidade.
Já Amenemope recomendava especial amabilidade
para com o cego, o coxo e o louco.
Observavam-se regras de ética e deontologia
médicas. O segredo profissional era respeitado.
A observação do doente assentava numa
anamnese exaustiva e minuciosamente anotada.
Fazia-se um exame objetivo cuidadoso,
apoiando-se na palpação, na determinação do pulso e da temperatura, e na
percussão. Já se sabia proceder a um exame neurológico sumário.
4.2. Conceitos de Etiopatogenia
O corpo, acreditava-se, nascia são, e a
doença, excluindo as causas traumáticas, só poderia dever-se a influências
externas (distintamente reconhecidas, portanto) ou maléficas, incompreensíveis,
do domínio do mágico-religioso.
As externas, resultantes do clima e estações
do ano, regime de vida e modo de alimentação, implicavam normas de conduta
higiénica e terapêutica visando o restabelecimento da ordem perturbada.
As segundas, forças sobrenaturais, deuses ou
demónios interessados na permanente morbidez e na morte, só a magia e os
rituais religiosos (exorcismos) os lograriam afugentar ou contrapor.
4.3. Órgãos Internos, Doenças e Terapêutica
4.3.1. Sistema Vascular
Eram correntemente empregues muitos termos,
hoje fazendo parte do vocabulário de patologia cardiovascular (arritmia,
hipertrofia, ateroma, aneurisma, calcificação arterial, etc), tal como já eram
sobejamente conhecidos clinicamente a angina de peito e o enfarte de miocárdio.
A terapêutica consistia essencialmente na
sangria, operação que através da cultura arábico-galénica se introduziu na
Medicina Ocidental e se manteve na Medicina Portuguesa, como prática corrente
até ao séc. XX.
4.3.2. Aparelho Digestivo
Pormenorizadas descrições sintomáticas e uma
terminologia vasta constituem, também, uma imagem do seu grande contributo
neste sector.
A medicação baseava-se na aplicação de
supositórios enemas e emplastros.
A higiene alimentar era observada com um
certo rigor e aconselhava-se a ingestão de fruta.
4.3.3. Aparelho Respiratório
Devem ter sido frequentes as doenças deste
foro, conforme nos atestam os estudos radiológicos e histológicos das múmias.
O Egipto era considerado pelos Romanos como
um verdadeiro Sanatório, pelo seu magnífico clima.
4.3.4. Sistema Nervoso
Conheciam-se o cérebro, as estruturas
cérebroespinais, o líquor e a dura-mater.
Muniam-se já de uma imensa tecnologia
neurológica e reconheciam, assim, múltiplos aspetos inerentes a este foro, com
um preciosismo invulgar.
A epilepsia tinha-se em conta como resultante
de lesões situada na metade longitudinal direita do corpo.
A sua terapêutica consistia na ingestão de
produtos vegetais e urina, mas, simultaneamente, teria que ser respeitadas
algumas observâncias de carácter mágico e ritual.
4.3.5. Doenças Reumatismais
Muitos são os testemunhos revelados pelo
estudo radiológico das múmias, sobre enfermidades provocadas por reumatismo
articular. São, no entanto, poucas ou nenhumas as referências sobre reumatismo
de etiologia infecciosa.
Dentre a enorme gama de métodos e produtos
usados nestes tratamentos, dois deles merecem atenção:
-
Expunham-se aos pacientes ao Sol
-
Cobriam-se as articulações com barro
4.3.6. Aparelho Urinário
Os rins, não parecem ser conhecidos e só os
ureteres assumiam algum significado.
Nos papiros muitas são as prescrições para
estimular a diurese.
Os cálculos, apesar de serem encontrados em
várias múmias do período pré-dinástico, não aparecem referidos nos papiros. (18)
A gota é praticamente desconhecida.
Custa-nos, no entanto, a acreditar que alguns dos sábios da época faraónica não
tenham diagnosticado e relacionado a gota com os exageros alimentares.
A hematúria é um sinal clínico repetidamente
mencionado. Estaria, sem dúvida, frequentemente relacionada com a bilharziose
ou esquistossomíase urinária, doença endémica do Vale do Nilo.
4.4. Saúde
e Higiene Infantis
A criança, desde o nascimento era
"objeto" de uma série de cuidados e preceitos, alguns deles ainda hoje
seguidos no mundo ocidental.
Cortado o cordão umbilical, o recém-nascido
era lavado e logo após deposto num leito de pedra, onde se escreviam fórmulas
especiais a assegurar a sua futura felicidade.
Tal como atualmente, o 1º som ou grito
emitidos e o modo como girava a cabeça constituíam valiosas informações sobre a
normalidade ou o bem-estar da criança.
Durante os primeiros seis meses, o leite
materno era recomendado. Nesta idade, introduzia-se leite de vaca, cuja
qualidade era analisada previamente.
No período Ptolemaico, a distribuição deste
leite, regularmente fornecido pelas casas, era pontualmente assegurada e a sua
falta implicava severa punição.
A Enurese e a Retenção Urinária da criança
eram sujeitas a tratamento médico, baseado em drogas.
4.5. Ortopedia e Traumatologia
Perante os projetos ciclópicos de construção
das pirâmides, onde se concentravam autênticos batalhões de trabalhadores,
seria difícil conceber a inexistência de problemas de natureza ortopédica ou
traumatológica. Na verdade, o papiro de Edwin Smith dá-nos uma clara perspetiva
da diferença entre fratura e luxação, com base no achado de crepitação.
As relações precisas entre lesões da coluna
cervical e os respetivos compromissos neurológicos eram já estabelecidas com
grande rigor pelos médicos egípcios. Por outro lado, submetiam-se os doentes a
exames neurológicos primários como forma de localizar o nível da lesão. No que
toca ao prognóstico das fraturas de crânio, também aqui se havia atingido um
grau considerável de precisão: o estabelecimento do tratamento a um paciente,
por exemplo, que apresentasse uma fratura de crânio com afundamento e lesão de
encéfalo, acompanhada de hemorragia nasal ou otológica pós-traumática, era considerado inútil.
A redução de uma fratura ou o tratamento de
luxação mandibular ou dos ossos próprios do nariz eram manobras relativamente
comuns na prática médica egípcia.
Capítulo V. Farmacopeia
5.1. Produtos Vegetais, Animais e Minerais
Destinadas exclusivamente a terapêutica
médica rotineira ou associadas a práticas mágicas e religiosas, muitas eram as substâncias
manuseadas pelos egípcios.
Substâncias e produtos mais ou menos inócuos,
extratos da acácia, azeites vários, cevada, cebola, alho, rábano, cerveja,
romã, figo, pão, mel, leite e alho, e tóxicos, sucos de meimendro, cicuta,
teixo, barbassa, sândalo vermelho e papoila negra, constituíam um imenso
arsenal na Medicina Egípcia.
O incenso, sob a forma de essência, obtido
pela destilação das folhas era empregue na epilepsia, como calmante e bloqueador
das convulsões características da doença.
No campo mineral, são extensas as listas de
produtos. Os mais conhecidos, são o sal, o natrão, a calamina, o carvão vegetal
e o betume. Este último, quando queimado em fumigações, servia aos sacerdotes
médicos e mágicos dos templos para diagnosticar a epilepsia. Se o paciente era
potencialmente predisposto, desencadeava-se-lhe imediata crise convulsiva pela
inalação do produto, a qual era tratada,
do mesmo modo, com incenso.
5.2. Preparação e Uso de Remédios
Eram três os técnicos que intervinham na
preparação, manuseamento e uso dos remédios:
- O manipulador;
- O homem dos unguentos;
- O homem do laboratório. (19)
Parece, de facto, ter havido um corpo
farmacêutico responsável por este sector de transformação pesquisa e produção.
A maneira de administrar uma droga obedecia
sempre a um cerimonial detalhado, às vezes com um envolvimento e uma liturgia
complicados.
Capítulo VI. Higiene e
Saúde Pública
6.1. Alimentação
Julgamos que as estilizadas figuras humanas,
observadas em baixos relevos, nem sempre corresponderão aos traços físicos dos
corpos que lhes serviram de modelos mas, sim, terão pretendido representar o
corpo idealizado após reencarnação.
A obesidade, mais comumente observada entre
as classes sociais elevadas, não era, porém, generalizada entre os Egípcios.
Segundo Heródoto, este povo, depois do Líbio,
era o mais saudável que havia conhecido.
Possuindo uma alimentação rica e variada, as
deficiências de nutrição eram praticamente desconhecidas.
Do Raquitismo, não há qualquer referência
documental.
A cárie, quase inexistente no Império Antigo,
veio a ser mais frequente nos períodos seguintes e estaria, sem dúvida,
relacionada com maior riqueza, festins orgíacos e uma alimentação mais fermentativa.
Refletindo sobre este tipo de dietas, uma vez mais teremos de admitir que a
gota não seria uma doença, assim, tão difícil de observar entre os egípcios,
conforme parece revelar o silêncio das respetivas fontes históricas.
6.2. Doenças Infecciosas e Endémicas
A tuberculose e a esquistossomíase foram,
indubitavelmente, as mais espalhadas por todo o Vale do Nilo. Contudo, o enorme
índice de espondilite aponta-nos também para uma considerável existência de
brucelose e de salmonelose tífica.
Aparecem escassas e mal definidas referências
ao paludismo e a doenças de natureza exantemática. A varíola deverá ter sido um
dos flagelos mais temidos pelos egípcios. As lesões que dela resultavam, bem
retratadas na célebre cabeça mumificada do sacerdote de Amon, constituem uma
prova indesmentível da sua presença e da sua terrível ação sobre os doentes.
6.3. Higiene Pessoal e Geral
Os egípcios, tal como nos asseguram Heródoto
e Diodoro, seguiam e mantinham ótimas regras de vida higiénica e sanitária.
"Os antigos egípcios de Alexandria
chegaram a deixar testemunhos do uso de palitos, escovas ou outros utensílios,
destinados à higiene da boca". (20)
O desporto, representado por inúmeras
manifestações, danças, exercícios, jogos, caça, lutas, etc, a organização sanitária
excecional (e atente-se na perfeição e eficácia demonstradas na manutenção de
uma população com milhares de trabalhadores, concentrados dezenas de anos
consecutivos na construção das grandes Pirâmides, os quais, aparentemente,
parecem não ter sofrido de graves problemas endémicos), as condições de
construção e ventilação a que se deveria atender no levantamento de qualquer
residência; os banhos e as suas prescrições, os sistemas de conduta dessas
águas e das residuais, através de complicados processos, demonstrando já uma
cuidadosa e bem elaborada urbanística sanitária, todos estes aspetos nos revelam o adiantado grau desta
civilização no domínio da Higiene e da Saúde Publicas.
Capítulo
VII. Medicina e Magia
“Os egípcios acreditavam que toda a palavra
articulada por um sacerdote, todo o gesto esboçado por um sacerdote tinham um
efeito maravilhoso”. (21)
Numa amálgama de prescrições mágicas e
médicas, os papiros demonstram-nos, em absoluto, que os conceitos de magia e de
medicina, intrinsecamente ligados, refletiam o quotidiano do pensamento e da
sabedoria do médico egípcio. O primeiro, por meio da sugestão, preparava o
terreno do segundo, que atuava devido à real eficácia dos medicamentos
prescritos pelos sacerdotes-mágicos.
Para os egípcios tudo quanto consideravam
como seu, cabelo, unhas, roupas, objetos, retrato e o próprio nome era
considerado parte integrante do seu eu, constituía uma extensão mágica da sua
pessoa. Assim, um mago podia infligir um determinado sofrimento ou uma punição
a uma vítima, utilizando uma ou mais dessas extensões mágicas, mesmo quando não
tinha qualquer contacto físico com ela; do mesmo modo, servindo-se de uma
dessas extensões (um objeto de uso pessoal, por exemplo), o mago podia invocar
forças mágicas benignas, promovendo a cura, o bem-estar e a felicidade da
pessoa. O nome do indivíduo era, todavia, considerado um bem demasiado precioso
a preservar e, sobretudo, a proteger do conhecimento de magos ou de espíritos
maléficos. Por isso mesmo, o recém-nascido recebia dois nomes: o verdadeiro,
pelo qual ficava conhecido, e o bom, secreto, incorporando todo o poder mágico
individual, só acessível ao sacerdote, aos pais e ao próprio, quando tivesse
idade para tal. Deste modo, os poderes sobrenaturais desenvolvidos por entidades
ruins, homens ou deuses, não tinham, segundo as suas crenças, qualquer êxito.
Considerações
Finais
Os médicos egípcios, por falta de audácia e
curiosidade, negligenciaram muitas oportunidades e ocasiões para se instruírem
e aprofundarem o seu saber no campo médico. Abriram, no entanto, o caminho para
a medicina grega, que haveria de tornar-se na medicina do Mundo Ocidental.
Não aceitando a clássica opinião de que os
egípcios, nas suas observações e descrições médicas, enfermariam de falta de
originalidade, crédito e sentido de discriminação (como nos parece apontar a
leitura de alguns papiros, cópias, aliás, de outros bem mais antigos), alguns
historiadores pretendem demonstrar que a medicina deste povo não terá sido
assim tão insignificante, como à primeira vista poderá parecer.
A rica
terminologia usada pelos egípcios em relação às diversas áreas médicas, a
órgãos e doenças, é posteriormente aceite e reutilizada pelos gregos. A nível
da Farmacopeia passa-se o mesmo.
Alguns historiadores defendem que os povos
vizinhos do Egipto, com os quais teriam tido, durante séculos, diversos tipos
de relações mais ou menos pacíficas, não possuem quaisquer lembranças ou
testemunhos atestando essas pretendida medicina de “marca racionalista”
(atribuída aos gregos), no entanto, tal facto não deve constituir motivo de
admiração ou servir de prova concludente do contrário, dado o sigilo e o
hermetismo de que se rodeavam os seus praticantes e iniciados. Outros, porém,
provam, sem margem para dúvidas, que os egípcios eram internacionalmente
conhecidos. E há mesmo relatos que descrevem estrangeiros em busca de médicos
egípcios, a fim de obterem cura para as suas maleitas.
A transmissão e a guarda dos conhecimentos
médicos, rodeados por esse ambiente místico e esotérico, eram rigorosamente
cumpridas pelos sacerdotes. Transferidos do per-ankh para os arquivos das
Escolas de Sais, Tebas, Heliópolis e, em particular, Alexandria, muitos desses
conhecimentos nunca haveriam de ser acessíveis a nenhuma outra cultura, incluindo
a grega. Acrescente-se que o Cristianismo (nos seus primeiros tempos) e os
próprios Árabes, alimentando um fanatismo religioso inconsciente, contribuíram
para a destruição do importante repositório cultural entesourado durante
séculos na Biblioteca de Alexandria. Se estas tragédias não tivessem ocorrido,
Imohtep, o “Esculápio Egípcio”, teria tido, decerto, muito mais cedo, um lugar
como de Hipócrates no “Olimpo Médico” e não se teria perdido a oportunidade,
talvez para sempre, de melhor clarificar esta cultura misteriosa e fascinante.
Notas e
referências bibliográficas
BIBLIOGRAFIA
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Nº 3, Rio de Janeiro, Março de 1941
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WELLS, Calvin, Ossos, Corpos e Doenças, Col. História Mundi, Lisboa, Editora
Verbo, 1969
ÍNDICE
Pág.:
Introdução 01
Capítulo I. Fontes 02
1.1. Escritos Clássicos 02
1.2. Papiros 02
1.3. Múmias 03
1.4. Arte Egípcia 04
Capítulo II. Exercício da Medicina 04
2.1. Ensino Médico 04
2.2. Sanadores 05
2.3. Especialidades Médicas 05
2.4. Medicina Sacerdotal e Mística 06
2.5. Auxiliares Médicos 06
Capítulo III. Anatomia e Cirurgia 06
3.1. Anatomia 06
3.2. Cirurgia 07
3.2.1. Feridas e Queimaduras 07
3.2.2. Inflamações e Tumores 07
3.2.3. Intervenções Cirúrgicas 07
3.2.4. Instrumentos Cirúrgicos 07
Capítulo IV. Medicina Interna 07
4.1. Ato Clínico 08
4.2. Conceitos de Etiopatogenia 08
4.3. Órgãos Internos, Doenças e Terapêutica 08
4.3.1. Sistema Vascular 08
4.3.2. Aparelho Digestivo 08
4.3.3. Aparelho Respiratório 08
4.3.4. Sistema Nervoso 09
4.3.5. Doenças Reumatismais 09
4.3.6. Aparelho Urinário 09
4.4. Saúde e Higiene Infantis 09
4.5. Ortopedia e Traumatologia 10
Capítulo V. Farmacopeia 10
5.1. Produtos Vegetais, Animais e Minerais 10
5.2. Preparação e Uso de Remédios 10
Capítulo VI. Higiene e Saúde Pública 11
6.1. Alimentação 11
6.2. Doenças Infecciosas e Endémicas 11
6.3. Higiene Pessoal e Geral 11
Capítulo VII. Medicina e Magia 12
Considerações Finais 12
Notas e referências bibliográficas 13
Bibliografia 13
Índice 16
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