Se pudéssemos aconselhar Nicolas Sarkosy, neste momento, profundamente sentido com o tratamento persecutório a que acaba de ser sujeito no país que o viu nascer, desencadeado, segundo parece, pelos seus adversários políticos, pouco importados com o importante papel que desempenhou enquanto Chefe de Estado, pautado por lealdade, devoção, altruísmo patriótico, sacrifício e grande desgaste psicológico e anímico, dir-lhe-íamos que ponderasse em abandonar a política e fizesse como o seu compatriota, o ator Gérard Depardieu, escolhendo outra cidadania e, porventura, outro lugar para gozar o tão merecido descanso a que tem direito, depois de tantas canseiras e deceções, junto dos amigos, da família e da sua bela esposa.
Gérard Depardieu, estrela do cinema francês, não concordando com a carga tributária de 75% que o presidente da França, François Hollande, se preparava para aplicar a ricos, subtraindo-lhe naturalmente uma boa parte da sua fortuna, solicitou a Vladimir Putin que lhe concedesse a cidadania russa, que lhe viria a ser dada. Passou a pagar apenas os 13% de imposto cobrado a qualquer cidadão, seja bilionário ou pobre. Livrou-se a tempo do parasitismo do Estado francês. http://www.correiodopovo.com.br/ArteAgenda/?Noticia=482834
Pudéssemos todos fazer o mesmo…
Mas, voltemos a Sarkosy. Acusado de violação de segredo profissional, corrupção e tráfico de influência ativos, crimes que preveem penas de dez anos de prisão, o ex-Presidente de França acabará, certamente, por se livrar desta alegada teia que, afirma ele, terá sido perpetrada pelos seus inimigos figadais.
É óbvio que esta nódoa no seu currículo, em termos políticos, ainda que venha a ser considerado inocente dos crimes que lhe apontam, aos olhos dos mass media franceses, constituirá sempre um forte senão para os seus futuros projetos, entre eles, a disputa da presidência de França em 2017. A memória do povo é curta mas a oposição não deixará cair no esquecimento esta polémica, e a dúvida, para muitos eleitores, seja qual for o desfecho da justiça, persistirá.
Se pudéssemos aconselhá-lo e ele nos ouvisse, o que não nos parece possível, já que apenas ouve conselhos de "estrelas" da arquitetura, crente no poder e na influência da mesma na construção da sua imagem http://www.arquitectura.pt/forum/topic/5099-sarkozy-ouve-conselhos-de-estrelas-da-arquitectura/ , dir-lhe-íamos que é tempo de se furtar a “paparaziadas”, intrigas e cabalas, procurando um país e uma sociedade que melhor se ajustem ao seu perfil isento, íntegro e honesto e, sobretudo, mereçam a sua afeição e o seu profundo sentido de homem de Estado, ético e moral. Não lhe aconselharíamos senão Portugal, como é óbvio. Tirando Isaltino de Morais, Vale de Azevedo, Oliveira e Costa, todos eles uns anjos, comparados com o que para aí se vê por esses países africanos afora, e a prova disso é a bondade e o humanismo com que têm sido tratados, apesar de tudo, Portugal é verdadeiramente um oásis, em termos de imoralidades cometidas por políticos ou altos cargos de Estado, traduzidas por crime de corrupção, branqueamento de capitais, tráfico de influências, enriquecimento ilícito ou gestão danosa e fraudulenta do erário público.
Para quem possa achar que somos otimistas ou demasiado ingénuos, resta-nos fundamentar o que afirmámos recorrendo às dogmáticas certezas da Dra. Cândida de Almeida sobre este assunto. Na sua qualidade de Procuradora-Geral Adjunta, embora defendesse, em 2009, que onde há poder há corrupção, a verdade é que, três anos depois, chega, graças a Deus, a uma brilhante conclusão: “Portugal não é um país corrupto” e (…) existe uma “perceção” exagerada da dimensão deste crime (…), sublinhando, ainda, que o nosso país “é dos poucos Estados europeus onde se investigam grandes negócios do Estado”. (…) Afirma, por fim, que os “nossos políticos não são políticos corruptos, os nossos dirigentes não são dirigentes corruptos” e, a corrupção, se porventura existe ou existiu, é residual, ou seja, não oferece perigo de contágio.http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=2747488
Pudéssemos nós aconselhar Nicolas Sarkosy, aliviando-lhe o estado depressivo e a desilusão política que o consome, e apontar-lhe-íamos a solução que poria fim aos seus complicados problemas: solicitar a cidadania portuguesa.
Como diz o provérbio: “Junta-te aos bons e serás como eles”.
João Frada