TAC, TAC, DO MARTELO
Tac, tac, do martelo,
Continua a bater forte,
Livra-me do pesadelo,
Poupa-me às garras da morte
Paredes de rocha dura
Não deixam passar ninguém,
Mas batendo com bravura
Racham aqui e além
Há quem não bata por falta
De jeito na profissão,
Mas aprende na revolta,
Dia a dia, a dizer Não.
Tac, tac, do martelo
Bata-se forte o engano
Com firmeza e sem desvelo
Esmague-se já o tirano.
Tantas palavras devassas
E promessas por cumprir,
Geram ódios, ameaças
Tão difíceis de gerir.
Verga a força do algoz,
Da opressão, da escravatura,
quando o martelo da voz
bate com raiva e censura.
Tiranos do meu país
É tempo de reflexão,
O povo vive infeliz
E traz martelos na mão
Tac, tac, que o martelo
Enquanto bate vos dói,
Mas só ficais sem castelo
E nada mais vos destrói.
Tac, tac, do martelo
Tiranos tende cautela,
Que ele também é cutelo
Quando a raiva o atropela.
E não se queixem da sorte
Da falta de sensatez,
Que este martelo, sem norte,
Já perdeu a lucidez.
Tiranos feitos de gelo
Já ninguém chora ou sorri,
Ouçam bem o meu apelo,
Olhem que a morte anda aí.
Vossos atos absurdos
Levam-me a querer alertar-vos,
Mas não me ouvis, sois bem surdos,
Que conselhos hei de dar-vos?!
Tac, tac, do martelo,
Entre a bigorna e a fornalha,
Dentro do vosso castelo
Ireis arder como palha.
Tac tac, a governar
assim, perdereis o alvará,
Quando a faúlha saltar
Nada mais vos restará.
João Frada
Lisboa, 09.01.14