“Tenho mesmo os cofres cheios”
Porque não pago o que devo,
Nem conto nunca pagar.
São dívidas para o futuro
Que consomem o país.
Acreditem, não há meios
Capazes de liquidar
Este mal pela raiz.
Preservando alguns estatutos
De gente da minha cor
Fiz poupança de milhões.
Fui o grande criador
De impostos e reduções,
De taxas, coimas, tributos,
E ao forçado “doador”
Saquei “Euros”, quanto quis.
Em sacos de papelão
Algum em cofre, outro em banco
…Não da família do BES…,
Outro ainda, em lugar escuro
Sob a sola dos meus pés,
E o restante bem escondido
Debaixo do meu colchão.
Roubei-o a quem o tinha
E se ninguém protestou
Dentre a manada de mansos
Pra quê seguir outra linha,
Se tenho à mão estes tansos?!
Como é óbvio, as Maiorias,
Pra pagar tantos dislates
Uns, do meu antecessor,
Outros, dos meus disparates,
E pagar a quem eu devo
Fidelidade, mordomias
E algumas obrigações.
São futuras garantias
Hoje dou, depois recebo.
Junto de tantos “patrões”,
Não tenho hipótese de fuga.
Por isso é que não me atrevo
A parar com tal “sangria”.
Sou pra muitos, um tirano,
Um perfeito sanguessuga
Um ditador, um casmurro,
Mas não altero o meu plano,
Que se lixe o “doador”,
Ninguém o manda ser burro.
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