sábado, 31 de janeiro de 2015

AS CORES DO PAÍS

As cores do País
 
“O povo assim o ordenou. Nos próximos quatro anos vamos ter um País vestido de rosa"  Braga da Cruz
JM [Jornal da Mealhada]
 
Pegando nas palavras supracitadas, escolhidas para epígrafe do JM de 01 de fevereiro de 2015, pelo meu caríssimo amigo, Prof. Armando Braga da Cruz, não resisti a tecer umas breves considerações.
O país inteiro, a admitir que as suas vestes ideológicas, metaforicamente falando, são ou têm sido, à boa maneira do traje folclórico português, bem policromáticas, não obstante a frequente predominância de cores entre o rosa e o laranja (tons estes que, apesar da falta de criatividade dos diversos “estilistas dominantes”, vão alternando não anual nem sazonalmente mas, sim, quadrienalmente), aliado ao facto de que a grande maioria da população, visivelmente, com pouca imaginação para escolha da sua indumentária, faça frio ou faça sol na carteira ou no quintal, acaba sempre por optar pela mesma aguarela bicromática, parece ter-se adaptado também a dois modelos únicos de vestimentas: uma mais clássica, peça de alfaiataria de qualidade, a que nem todos podem aspirar, e outra mais prática, difícil de distinguir de qualquer outra peça produzida em contrafação, destinada à grande maioria do povo: a tanga.
O povo, como é óbvio, seja qual for a cor do têxtil da indumentária a que tenha acesso, julga-se bem vestido, de calças, camisola e cachecol…ainda que se trate de uma inteiriça tanga, cerzida e esburacada. De resto, até umas boas Jeans já não dispensam uns buracos ou rasgões aplicados a preceito.
Há pois que investir em cores fortes, de preferência laranja e rosa, de quatro em quatro anos, e esperar que o povo, qual exército de abelhas, seja atraído por estes chamarizes e trabalhe, trabalhe, trabalhe para continuar a encher o .., “pote de mel”, gesto que tanto agrada..., aos seus eternos “camareiros-mores”.       
 
João Frada
Professor Universitário(Ph.D.)

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