quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

INTROSPEÇÃO


Introspeção

 

Não sei se chore, se ria,

Sabendo que me queres bem

A paixão, em demasia,

Não dá descanso a ninguém.

Tantas marés de emoções

Guardo dentro do meu peito

São sementes de ilusões

De um amor quase perfeito.

 

Mas se ele não incendeia

E  nada em nós fica ardendo

Não passa de uma candeia

Que dá luz e vai morrendo.

Quem nos ama de verdade

Perdoa quaisquer ofensas

E sacia na saudade

A sede das suas crenças.

 

A tristeza e a alegria

São pedras do meu caminho

Que eu calco no dia a dia

Por te ter tanto carinho.

Há quem sonhe que o amor

Não passa de um mar de rosas

Mas até uma simples flor

Tem virtudes perigosas.  

 

Carrego mágoas sem fim

Vão soçobrando os meus ombros

Já pouco resta de mim

Apenas sombras e escombros.

Das paixões ficam feridas

Que nunca saram de vez

E deixam nas nossas vidas

Sofrimento e languidez.

 

Se a morte me procurar

Em busca de companhia

Apenas há de levar

Uma vida bem vazia.

Mas se ela me atormentar

Vou dizer-lhe sem receio

Nada tenho pra te dar 

A não ser tudo o que odeio.

 

Calendas 2000

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