quinta-feira, 3 de outubro de 2013

SONHO OU LOUCURA

Finalmente, o nosso Primeiro Ministro, depois de uma sangria desatada à grande maioria da população, até agora apenas hipostesiada pela austeridade e pelo choque fiscal fundamentais ao equilíbrio das contas públicas e, sobretudo, à correção do malfadado défice, volta-se para os  seus correligionários de governação, clânicos e não clânicos, e aplica-lhes as medidas duras que já tardavam. Aplaudimos até que as mãos nos doam. Felicitamo-lo pela sua política inteligente, justa e transpirante de equidade, solidariedade cívica e moral.
Aplaudimos o rol de medidas que Sua Excelência anunciou com tanta convicção e consciência patriótica. Definitivamente, o exemplo, tardio, é certo, vem de cima. Se todos comem, neste caso, se todos penam, então haja igualdade de sacrifícios. O povo, assim, aplaude e agradece quem o representa. Sofre, mas calado. E continuará pacífico. Esperemos. 
Os seus governantes apearam-se das suas mordomias, renegaram as alcavalas, até agora bons acréscimos aos seus rendimentos mensais, deixaram de se movimentar em carros do Estado de alta cilindrada e passaram a movimentar-se em carros próprios e em transportes públicos, como em outros países Europeus. Há que poupar. Há que contribuir para o grande esforço nacional. Aplaudimos a medida. Ordenados não tributáveis, voluntariamente reduzidos a metade. 
Mas, não podemos deixar de aplaudir também as medidas tão inteligentes do Ministro da Administração Interna e da Ministra da Justiça, pela primeira vez na História do País, institucionalmente conciliados e decididos a moralizar a sociedade Portuguesa, apaziguando a cidadania e assegurando-lhes segurança, confiança … 
É Bom Sonhar, Não É? 
Acabei de acordar. São sete e 45 da manhã. Tenho que me levantar para mais um dia, real, de trabalho e de total disponibilidade para dar o meu contributo cívico e dia a dia mais convicto de que estou à beira de um ataque de nervos…ou então a sonhar acordado.

 João Frada
Professor Universitário

1 comentário:

  1. O problema de se criar monstros é que, uma vez criados, nada há que os impeça de crescer.

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