1. CORONAVIRUS 2019-2020 e GRIPE A (H1N1) de
2009-2010, em Portugal e no Mundo
Semelhanças e Diferenças
Considerações Prévias
No trabalho de investigação que efetuámos,
apresentado em quatro partes distintas, centrámo-nos, fundamentalmente, no
estudo e na compreensão dos diversos aspetos epidemiológicos das duas
pandemias, de CoronaVirus Disease (COVID-19) e de Gripe A (H1N1)v. de
2009-2010, e nas respostas sanitárias e sociológico-políticas estabelecidas
para a sua prevenção, controlo e contenção.
Considerámos prioritário o levantamento
dos dados disponíveis, atualmente, sobre esta pandemia de COVID-19, e o seu
tratamento constitui a Primeira Parte deste estudo.
Na Segunda e Terceira Partes, destacamos o
papel das várias medidas higiénicas e preventivas, aconselhadas durante a Gripe
de 2009-10 e, agora, novamente ventiladas, enquanto decorre este surto
pandémico de Coronavírus. Abordamos ainda, com algum sentido crítico, mas
sempre construtivo, o importante papel que deve ser reconhecido a todos os
intervenientes, às entidades sanitárias, ao governo e à sociedade, em geral,
neste complexo processo de luta e contenção, movido contra estas duas entidades
nosológicas, mórbidas e letais.
Na quarta e última parte debruçamo-nos, de
uma forma geral, sobre algumas das pandemias virais e bacterianas que marcaram,
fortemente, os ritmos da Civilização entre a Antiguidade e os nossos dias, e
realçamos a importância desses impactos virulentos, mórbidos e mortíferos, quer
sob o ponto de vista demográfico, socioeconómico e financeiro, quer no tocante
à evolução do conhecimento médico e farmacológico. Refletir sobre estes
fenómenos, lições duras e dolorosas, mas, simultaneamente, excelentes guias do
comportamento do homem, fundamentais à sua relação com o Mundo, com a Natureza
e com a sociedade de que faz parte, constitui o objetivo fundamental da nossa
análise.
PARTE I
COVID-19: alguns aspetos clínicos
Deixando para a medicina as questões
específicas relativas ao diagnóstico e ao tratamento dos enfermos, iremos
apenas debruçar-nos, de forma pontual, sobre alguns aspetos clínicos da doença,
uma vez que todos os meios de comunicação, periódicos, televisão e redes
sociais, têm procedido, diariamente, à sua divulgação exaustiva.
Eis um desses quadros informativos:
SINTOMAS Coronavírus Constipação
Gripe
Febre Habitual Rara Habitual
Fadiga Às vezes Às vezes Habitual
Tosse Habitual (seca) Moderada Habitual (seca)
Espirros Não Habitual Não
Dores no corpo Às vezes Habitual Habitual
Nariz entupido Raro Habitual Às vezes
Dor de garganta Às vezes Habitual Às vezes
Diarreia Raro Não Às vezes (em crianças)
Dor de cabeça Às vezes Raro Habitual
Falta de ar Às vezes Não Não
Fonte: Quadro extraído do Correio da
Manhã (12.03.2020)
A doença a Coronavírus, ao contrário da
simples Constipação ou da Gripe, apresenta:
-
Falta de ar, não, apenas, “Às vezes”, mas Sempre, entre o grau Ligeiro e o
Severo
- Cefaleias (dores de cabeça), não “Às
vezes”, mas Sempre, entre o grau Ligeiro e o Severo.
A explicação é simples:
Aliada “Falta de ar”, resultante da
habitual destruição da mucosa e submucosa pulmonar, pela ação viral, com
compromissos imediatos dos normais mecanismos respiratórios, os índices
arteriais e teciduais de O2 e de CO2 sofrem desregulação imediata. Entre as
demais repercussões orgânicas, geradas pelo compromisso da hematose pulmonar, a
hipoxemia cerebral traduz-se, habitualmente, entre outros sintomas, por
cefaleias. Aliada a este desequilíbrio químico-molecular, a “Tosse”, quando
persistente, violenta e prolongada, uma queixa comum na pneumonia a
coronavírus, a par da pressão intratorácica que a acompanha, diminui
frequentemente o fluxo sanguíneo cerebral, já de si comprometido pela
oxigenação deficiente, e contribui também para agravar, um pouco mais, ou
despoletar as Cefaleias.
- Alguns médicos, com experiência no
terreno, constataram que uma grande percentagem de doentes (cerca de 30%),
referiam também Anosmia (perda total de olfato) e Hiposmia (perda parcial de
olfato), provavelmente, resultante da destruição da mucosa nasal e destruição
das terminações nervosas olfativas.
******
COVID-19 em Portugal e no Mundo: aspetos
epidemiológicos, sanitários e sociológico-políticos
Com o epicentro em Wuhan, cidade chinesa
com mais de 11 milhões de habitantes, a COVID-19, rapidamente, transpôs as
fronteiras deste país e pôde acompanhar milhares de infetados que,
assintomáticos ou em fase ligeira e prodrómica da doença, diariamente, foram
saindo da China, rumo a todos os cantos do Mundo, durante as suas deslocações
de trabalho ou de lazer, sem que ninguém os impedisse. O governo chinês, por
seu lado, confrontado com a terrível situação que ali se vivia, perante a
altíssima contagiosidade e virulência do coronavírus, pressentida, supõe-se, em
primeira mão, por um médico oftalmologista, o qual, ao lado dos seus doentes,
na cidade Wuhan, viria também a ser infetado e a perecer pela ação deste
microrganismo, optou pelo silêncio; encerrou-se dentro de portas, procurando
suster, como podia, este surto epidémico, não informou, como devia, nem a
comunidade internacional, nem a OMS, em tempo útil, e acabou por permitir e
facilitar, através das constantes pontes aéreas, marítimas e terrestres, a
disseminação, em larga escala, de inúmeras cadeias de transmissão viral. O
resultado “foi o que se viu, o que se vê e o que ainda há de vir”, sobretudo,
em países onde a higiene, a miséria, a fome e as condições sanitárias, em geral
não funcionam ou não existem.
Os países ocidentais, como seria de
esperar, não estavam, e muitos ainda não estão, preparados para uma calamidade
desta natureza. “E a procissão”, podemos dizê-lo, lamentavelmente, “ainda vai
no adro”.
Portugal, à imagem de outros países,
praticamente, parou, e os hábitos de milhões de pessoas parecem ter mudado,
quase radicalmente. Seguindo e prosseguindo os cuidados higiénicos básicos
aconselhados, nestas circunstâncias, a grande maioria da população, assim
isolada e preservada dos eventuais focos de contágio, diagnosticados e sujeitos
a vigilância médica, domiciliária ou hospitalar, terá sérias probabilidades de
escapar ilesa. Curam-se os doentes, falecem os mais débeis e consideram-se,
definitivamente, indemnes aqueles que não manifestaram sintomas da doença, ainda
que alguns tenham desenvolvido quadros ligeiros e quase impercetíveis da mesma.
Perante o panorama que se tem verificado
em Portugal, em termos de contabilidade diária de infetados, curados e
falecidos, no contexto desta pandemia de Coronavírus, em contraste com o quadro
geral observado, quer na China, quer noutros países europeus afetados pela
COVID-19, parecem-nos demasiado
otimistas a afirmações da senhora Ministra da Saúde e de outras autoridades
sanitárias, debruçadas sobre a curva epidémica e a expansão geográfica da
doença. Apontando o “pico da doença” para breve, por volta de meados do próximo
mês de Abril, a alta responsável pela Saúde, exageradamente otimista, parece
esquecer-se de que as cadeias de transmissão aumentaram significativamente, a
partir dos últimos dias (da terceira semana do mês de Março), e, esse facto,
torna extremamente difícil o trabalho de contenção da epidemia. O controlo
rigoroso que se deveria ter feito nas fronteiras, pecando, como já o dissemos,
por insuficiente e tardio, permitiu a disseminação da COVID-19 em território
nacional e, a partir daqui, seria de esperar a sua transmissão comunitária.
Qualquer indivíduo passou a ser um potencial agente de propagação da doença, e,
nesta altura, há que estabelecer outras medidas, “mitigando” o mais possível a
extensão da epidemia ativa e os seus efeitos nefastos. Tal como se verificou
nos países asiáticos afetados pela pandemia, o uso de máscaras, fora ou dentro
dos serviços de saúde ou no contexto de pequenos grupos de pessoas, distanciadas
devidamente umas das outras, passa a ser de uso recomendado, ainda que, por
ora, não obrigatório, para toda a gente.
O isolamento do doente, suspeito ou
confirmado por teste específico, de acordo com a gravidade do seu estado e das
suas queixas, deverá processar-se ou no domicílio ou em unidade hospitalar,
dotada dos recursos adequados ao respetivo tratamento. Qualquer indivíduo com
sintomas sugestivos da doença, febre em particular, deverá ser de imediato
sujeito a Teste de diagnóstico de COVID-19. Se positivo, todas as pessoas com
quem contactou terão também de ser sujeitas ao mesmo teste. Mantendo as
necessárias medidas de mitigação, que tememos não serem fáceis de cumprir
durante muito tempo, e rastreando, dentro do possível, toda a população,
eventualmente, identificada como próxima ou convivente com um infetado, é
possível anular e quebrar qualquer cadeia de transmissão, conduzindo a um
controlo mais eficaz, mais rápido e seguro deste surto de coronavírus.
Mas, se a população, de um modo geral,
após duas semanas de isolamento domiciliário, parece estar preparada, pelo
menos, por ora, para uma verdadeira quarentena, aderindo e apoiando contenção à
epidemia, as múltiplas carências observadas nas mais diversas unidades de saúde
do país, põem em risco toda a luta estabelecida contra a disseminação do vírus.
A falta dos equipamentos fundamentais para a prevenção e combate desta
calamidade, aliada aos constantes descuidos e falhas de vigilância no controlo
de entradas, atribuídos aos agentes e autoridades ligados à segurança
aeroportuária, alfandegária e à proteção civil, constituem verdadeiras
“brechas” nesta frente de combate à COVID-19.
Esperar que o vírus se dissemine e
percorra, numa louca maratona, todas as regiões do país, e aguardar que “ele
toque a campainha” da doença e da morte, avisando-nos da sua passagem e
presença, e acreditar que a DGS, entretanto, num “trabalho incansável de
detetive”, sempre na retaguarda do mesmo, possa mapear os focos e cadeias de
transmissão viral e aconselhar, finalmente, o isolamento preventivo da
população e o cumprimento das demais regras higiénicas essenciais, é
francamente insuficiente. Rastrear toda a população, considerada de risco,
nesta fase de mitigação, através de teste específico, embora sabendo que seria
a forma mais perfeita de isolar os infetados dos saudáveis, não acreditamos que
possa ser, economicamente, exequível; a menos que tais testes, credíveis, em
absoluto, e de fácil utilização, venham a ser disponibilizados pelos serviços
de saúde ou colocados no mercado farmacêutico a preços acessíveis a todas as
bolsas. Defendemos, contudo, que esse diagnóstico laboratorial, se possível,
deveria estender-se a todos aqueles que, mesmo sem queixas, conviveram de perto
com indivíduos infetados. Esta medida, levada a cabo pelo Serviço Nacional de
Saúde, iria provocar um grande abalo aos Cofres Públicos e provocar,
eventualmente, algum desequilíbrio ou compromisso Orçamental ao Ministério das
Finanças? Admitimos que sim!
Mas, não se gasta(ra)m e continuam a
injetar milhões para evitar o Risco Sistémico da Banca, recapitalizando bancos
falidos, mal geridos e corrompidos por fraudes e incompetências?!
Pois, neste momento, o Risco Sistémico
Sanitário deverá ser a vossa prioridade, senhor Primeiro Ministro, senhores
Governantes.
Tendo em conta que o mercado internacional
não está a responder às encomendas do S.N.S, está na hora de se investir o que
for preciso na produção nacional de Ventiladores, fundamentais às unidades de
cuidados intensivos, de EPI´s (equipamentos de proteção individual), destinados
a todos aqueles, médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde, na linha da frente de combate à COVID-19. De
igual modo, é Urgente que se disponibilizem as verbas necessárias para a
aquisição de Kits de diagnóstico específico do vírus, ou no mercado nacional,
caso alguma empresa ou laboratório venha a apostar no seu fabrico, ou no
mercado internacional, desde que os mesmos venham a ser certificados em termos
de total fiabilidade e precisão, junto dos organismos nacionais dotados
para este fim. O Instituto Nacional Ricardo Jorge é, seguramente, a instituição
que mais garantias pode oferecer neste domínio.
Na impossibilidade de sujeitar toda a
população saudável a esta triagem, rastrear o vírus no máximo de pessoas, nesta
fase epidémica, em especial naquelas que possam ter tido contacto com as
diversas cadeias de transmissão já identificadas, seria, quanto a nós, a melhor
medida de contenção sanitária da doença. “Doentes, para um lado, Saudáveis,
para o outro, e Duvidosos sujeitos a contra-análise e a avaliação clínica”. Os
doentes, isolados no hospital ou no domicílio, e todos, infetados ou não,
teriam de ter consciência dos cuidados a tomar.
Nesta complicada “fase de mitigação” a que
chegámos, por indecisões, erros e ingenuidades das demais autoridades,
políticas, sanitárias e de proteção civil, envolvidas no trabalho de vigilância
e contenção alargada da epidemia, parece-nos que este diagnóstico global da
COVID-19 poderia vir a poupar muitas vidas e menos estragos, a posteriori, na
economia do País. Os doentes seriam isolados, e os não infetados, sujeitos aos
cuidados fundamentais que hoje se aconselham, exigem e processam, em termos de
desinfeção de espaços e prevenção de contágio individual, poderiam continuar a
laborar nos seus postos de trabalho, assegurando e dinamizando a economia e a
vida do país.
É urgente pensar nisto, senhor Primeiro
Ministro, senhores Governantes. Senão, assistiremos, seguramente, depois desta
Crise sanitária, a uma crise, não menos dolorosa, uma Hecatombe económica e
financeira.
O País tem seguido e respeitado, mais ou
menos, pacificamente, os conselhos e medidas de isolamento e contenção
veiculados por todos os órgãos de saúde e subscritos pelo Governo, na nossa
opinião, positivamente representado pela atuação do Senhor Primeiro Ministro,
mas até quando irá cumprir acatar tais restrições?!
“Não se trabalha, não se produz, não se
ganha, não se compra, não se paga, não se come…”. Não é, seguramente, com esta Receita
que o país, sem grande atividade laboral e empresarial, irá conseguir
reequilibrar as contas públicas, manter o Orçamento de Estado a salvo, diminuir
o Défice e a Dívida Publica.
Há nesta altura, em Portugal, três semanas
depois do primeiro paciente diagnosticado com coronavírus, cerca de 24 cadeias
de transmissão da doença…talvez mais…, e a DGS, perante o facto do aumento
considerável de focos populacionais de infeção, terá optado por deixar de
revelar diariamente este dado epidemiológico. Apesar das corretas medidas
estabelecidas pelo Governo, que, voltamos a afirmar, só pecaram por tardias, as
“brechas” têm sido muitas “na linha da frente” de combate ao vírus. Desde
finais de fevereiro de 2020, este microrganismo pôde viajar de barco, de
comboio, de automóvel e de avião, sem restrições, inicialmente, a partir da
China, depois, de Itália, de Espanha e de outros cantos do Mundo afetados pela
doença, e, nestas circunstâncias, o risco de aumento das cadeias de transmissão
era previsível. No seu imparável percurso contagioso e sem as necessárias
barreiras sanitárias, que ainda vão faltando ou nem sempre são cumpridas com
rigor, a COVID-19, silenciosa e mórbida, tem vindo a somar pontos, aumentando,
como seria de esperar, o referido número de cadeias de transmissão e dificultando
a capacidade de resposta sanitária, em todo o país. O número de infetados e de
mortos, pela doença, sobem diariamente.
Seguindo o rasto mórbido e mortífero da
COVID-19, a quantidade de doentes e de vítimas mortais não cessa de aumentar.
Há quatro dias, contabilizavam-se 350.000 pessoas infetadas e mais de 15.000
vítimas mortais em todo o Mundo. Hoje, só na Europa, já se registaram cerca de
260.000 casos de infeção e cerca de 30.000 mortos. Estas cifras, entretanto, em
função das mais diversas fontes de informação, variam significativamente. Em
Portugal, com 6.408 casos confirmados de doença, a mortalidade elevou-se para
140 óbitos (Informação SIC Notícias - 30.3.20).
Observando-se, por outro lado, a
distribuição da doença por grupo etário, constata-se que, praticamente, todas
as faixas etárias têm sido alvos da COVID-19, em maior ou menor grau. Todavia,
é nos idosos, sobretudo, nos que sofrem de patologias crónicas (diabetes,
doenças cardíacas e respiratórias, etc.), que a pandemia tem feito mais
estragos, com elevado número de internamentos e de vítimas mortais. Alguns
estudos estabelecidos a partir de dados recolhidos, até agora, na China, na
Coreia do Sul, em Itália e em Espanha, permitem-nos também afirmar que, nestes
países, as crianças, saudáveis e sem fragilidades congénitas ou imunitárias,
com idades iguais ou inferiores aos nove anos, quando infetadas pela COVID-19,
ou se apresenta(va)m assintomáticas ou revela(va)m quadros clínicos
relativamente ligeiros, de tosse, congestionamento nasal, diarreia e cefaleias.
E, ao contrário de todos os outros grupos etários, esta faixa não registou
qualquer mortalidade.
Confrontada, diariamente, com uma
verdadeira torrente epidémica desencadeada pela COVID-19, que, pouco a pouco
vai deixando sem capacidade de resposta os centros e unidades hospitalares
reservados ao internamento e tratamento dos doentes infetados, a comunidade
médica mundial, ainda sem protocolos terapêuticos específicos suficientemente
eficazes para o combate a esta doença, tem ensaiado, com sucesso, velhos
fármacos e experimentado novos produtos, muitos deles com resultados bastante
promissores, e nesta luta, nesta contínua procura do impossível, vai ganhando
batalhas, contrariando e limitando os efeitos da virulência deste germe, o
coronavírus. Mas, esta “guerra mundial”, acreditamos, só findará quando surgir
definitivamente uma vacina.
Venceu-se a varíola, e é hoje possível
controlar melhor a tuberculose, a malária e a maior parte das doenças virais
que flagelaram o Mundo no passado e ainda inquietam algumas comunidades no
presente, especialmente, em zonas tropicais.
Sabemos que é hoje possível, através da
engenharia genética, produzir microrganismos virulentos. Mas, a Mãe Natureza
continua a ser, apesar de tudo, a grande “obreira e fonte” destes seres tão
peculiares. A evolução das espécies não é um fenómenos estacionário, e, tal
como todos os seres vivos, os microrganismos, ainda que relativamente benignos
nos seus hospedeiros animais e pouco ou nada patogénicos em seres humanos (como
é o caso dos vírus bacteriófagos da flora intestinal), são, naturalmente,
suscetíveis a alterações desencadeadas por múltiplos fatores, entre os quais se
apontam, como mais preocupantes, os de
natureza climática e ecoambiental, que, hoje, mais do que nunca, agridem todo o
Planeta. Saídos, acidentalmente, dos seus nichos (plantas ou animais seus
hospedeiros), e uma vez em contacto com o homem, neste caso particular da
COVID-19, através do consumo de espécies selvagens, desde há muito, na China, consideradas
comestíveis (pangolim, cobra, morcego, etc.), depois de cruzarem as barreiras
naturais do ser humano (pele, mucosas, etc.), estes seres microscópicos, vírus
e bactérias, são capazes de espalhar a sua virulência mórbida e mortal por todo
o lado, quando as condições climatéricas e sociológicas lhes são,
particularmente, favoráveis. Os surtos endémicos, epidémicos e pandémicos têm
assim marcado e continuarão, seguramente, a acompanhar os ritmos da nossa
Civilização.
O Homem, porém, confrontado com estas
adversidades, não tem cruzado os braços e, nessa luta permanente, acaba sempre
por criar respostas farmacológicas capazes de as suster ou de as aniquilar; os
antibióticos e os antivíricos são, efetivamente, grandes “armas convencionais”
ao serviço da saúde, mas as vacinas têm-se revelado, sem sombra de dúvida, as
“armas de proteção massiva” mais eficazes contra a maior parte das doenças que
o afligem e flagelam.
Este coronavírus (COVID-19), tal como
outros microrganismos de grande expressão epidémica, pôs em causa todas as
certezas civilizacionais, fez estremecer todas as estruturas económicas e
sociais, mas, indubitavelmente, despertou o Mundo para a prática dos bons
hábitos de higiene e prevenção. Esta tomada de consciência, que nos parece ter-se
tornado universal, enquanto não for lançada no mercado farmacêutico a respetiva
Vacina profilática, constitui(rá), sem dúvida, a maior arma de proteção contra
este vírus pandémico, altamente mórbido e mortal.
Para muitos, desanimados e pessimistas, a
COVID-19 veio para ficar, com esta expressão contagiosa e virulenta. Mas
enganem-se esses crentes. A História da Ciência Médica Contemporânea prova-nos
que não há pestilências incontroláveis e invencíveis. As luzes salvíficas ao
fundo do túnel, emitidas pelas curas e vacinas, vão surgindo cada vez mais
céleres, como resposta às constantes agressões epidémicas e pandémicas,
desencadeadas por microrganismos virulentos e impiedosos. E, como todos os
“tiranos”, também este chegará, em breve, ao final do seu reinado.
É esta a Mensagem de Esperança que
queremos deixar a todos os leitores.
Autor:
João Frada
Médico/Professor (Ph.D)
Universitário (FML), Aposentado
(Especialista em Epidemiologia Histórica)
Nota - Seguir-se-á a publicação da Parte
II-IV deste estudo
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