segunda-feira, 27 de abril de 2020


1. CORONAVIRUS 2019-2020 e GRIPE A (H1N1) de 2009-2010, em Portugal e no Mundo
                                                
                                  Semelhanças e Diferenças

Considerações Prévias
No trabalho de investigação que efetuámos, apresentado em quatro partes distintas, centrámo-nos, fundamentalmente, no estudo e na compreensão dos diversos aspetos epidemiológicos das duas pandemias, de CoronaVirus Disease (COVID-19) e de Gripe A (H1N1)v. de 2009-2010, e nas respostas sanitárias e sociológico-políticas estabelecidas para a sua prevenção, controlo e contenção.
Considerámos prioritário o levantamento dos dados disponíveis, atualmente, sobre esta pandemia de COVID-19, e o seu tratamento constitui a Primeira Parte deste estudo.
Na Segunda e Terceira Partes, destacamos o papel das várias medidas higiénicas e preventivas, aconselhadas durante a Gripe de 2009-10 e, agora, novamente ventiladas, enquanto decorre este surto pandémico de Coronavírus. Abordamos ainda, com algum sentido crítico, mas sempre construtivo, o importante papel que deve ser reconhecido a todos os intervenientes, às entidades sanitárias, ao governo e à sociedade, em geral, neste complexo processo de luta e contenção, movido contra estas duas entidades nosológicas, mórbidas e letais.
Na quarta e última parte debruçamo-nos, de uma forma geral, sobre algumas das pandemias virais e bacterianas que marcaram, fortemente, os ritmos da Civilização entre a Antiguidade e os nossos dias, e realçamos a importância desses impactos virulentos, mórbidos e mortíferos, quer sob o ponto de vista demográfico, socioeconómico e financeiro, quer no tocante à evolução do conhecimento médico e farmacológico. Refletir sobre estes fenómenos, lições duras e dolorosas, mas, simultaneamente, excelentes guias do comportamento do homem, fundamentais à sua relação com o Mundo, com a Natureza e com a sociedade de que faz parte, constitui o objetivo fundamental da nossa análise.  

PARTE I

COVID-19: alguns aspetos clínicos 

Deixando para a medicina as questões específicas relativas ao diagnóstico e ao tratamento dos enfermos, iremos apenas debruçar-nos, de forma pontual, sobre alguns aspetos clínicos da doença, uma vez que todos os meios de comunicação, periódicos, televisão e redes sociais, têm procedido, diariamente, à sua divulgação exaustiva. 
Eis um desses quadros informativos:
SINTOMAS            Coronavírus     Constipação   Gripe
Febre                      Habitual            Rara                 Habitual
Fadiga                     Às vezes            Às vezes          Habitual
Tosse                      Habitual (seca) Moderada      Habitual (seca)
Espirros                  Não                    Habitual          Não
Dores no corpo     Às vezes            Habitual          Habitual
Nariz entupido      Raro                   Habitual          Às vezes
Dor de garganta    Às vezes            Habitual          Às vezes
Diarreia                   Raro                   Não               Às vezes (em crianças)                                           
Dor de cabeça        Às vezes            Raro                Habitual
Falta de ar               Às vezes            Não                 Não
Fonte: Quadro extraído do Correio da Manhã (12.03.2020)
        
A doença a Coronavírus, ao contrário da simples Constipação ou da Gripe, apresenta:
 - Falta de ar, não, apenas, “Às vezes”, mas Sempre, entre o grau Ligeiro e o Severo
- Cefaleias (dores de cabeça), não “Às vezes”, mas Sempre, entre o grau Ligeiro e o Severo.
A explicação é simples:
Aliada “Falta de ar”, resultante da habitual destruição da mucosa e submucosa pulmonar, pela ação viral, com compromissos imediatos dos normais mecanismos respiratórios, os índices arteriais e teciduais de O2 e de CO2 sofrem desregulação imediata. Entre as demais repercussões orgânicas, geradas pelo compromisso da hematose pulmonar, a hipoxemia cerebral traduz-se, habitualmente, entre outros sintomas, por cefaleias. Aliada a este desequilíbrio químico-molecular, a “Tosse”, quando persistente, violenta e prolongada, uma queixa comum na pneumonia a coronavírus, a par da pressão intratorácica que a acompanha, diminui frequentemente o fluxo sanguíneo cerebral, já de si comprometido pela oxigenação deficiente, e contribui também para agravar, um pouco mais, ou despoletar as Cefaleias.
- Alguns médicos, com experiência no terreno, constataram que uma grande percentagem de doentes (cerca de 30%), referiam também Anosmia (perda total de olfato) e Hiposmia (perda parcial de olfato), provavelmente, resultante da destruição da mucosa nasal e destruição das terminações nervosas olfativas.
                                                    ******
COVID-19 em Portugal e no Mundo: aspetos epidemiológicos, sanitários e sociológico-políticos 
                                                      
Com o epicentro em Wuhan, cidade chinesa com mais de 11 milhões de habitantes, a COVID-19, rapidamente, transpôs as fronteiras deste país e pôde acompanhar milhares de infetados que, assintomáticos ou em fase ligeira e prodrómica da doença, diariamente, foram saindo da China, rumo a todos os cantos do Mundo, durante as suas deslocações de trabalho ou de lazer, sem que ninguém os impedisse. O governo chinês, por seu lado, confrontado com a terrível situação que ali se vivia, perante a altíssima contagiosidade e virulência do coronavírus, pressentida, supõe-se, em primeira mão, por um médico oftalmologista, o qual, ao lado dos seus doentes, na cidade Wuhan, viria também a ser infetado e a perecer pela ação deste microrganismo, optou pelo silêncio; encerrou-se dentro de portas, procurando suster, como podia, este surto epidémico, não informou, como devia, nem a comunidade internacional, nem a OMS, em tempo útil, e acabou por permitir e facilitar, através das constantes pontes aéreas, marítimas e terrestres, a disseminação, em larga escala, de inúmeras cadeias de transmissão viral. O resultado “foi o que se viu, o que se vê e o que ainda há de vir”, sobretudo, em países onde a higiene, a miséria, a fome e as condições sanitárias, em geral não funcionam ou não existem.
Os países ocidentais, como seria de esperar, não estavam, e muitos ainda não estão, preparados para uma calamidade desta natureza. “E a procissão”, podemos dizê-lo, lamentavelmente, “ainda vai no adro”.      
Portugal, à imagem de outros países, praticamente, parou, e os hábitos de milhões de pessoas parecem ter mudado, quase radicalmente. Seguindo e prosseguindo os cuidados higiénicos básicos aconselhados, nestas circunstâncias, a grande maioria da população, assim isolada e preservada dos eventuais focos de contágio, diagnosticados e sujeitos a vigilância médica, domiciliária ou hospitalar, terá sérias probabilidades de escapar ilesa. Curam-se os doentes, falecem os mais débeis e consideram-se, definitivamente, indemnes aqueles que não manifestaram sintomas da doença, ainda que alguns tenham desenvolvido quadros ligeiros e quase impercetíveis da mesma.
Perante o panorama que se tem verificado em Portugal, em termos de contabilidade diária de infetados, curados e falecidos, no contexto desta pandemia de Coronavírus, em contraste com o quadro geral observado, quer na China, quer noutros países europeus afetados pela COVID-19, parecem-nos  demasiado otimistas a afirmações da senhora Ministra da Saúde e de outras autoridades sanitárias, debruçadas sobre a curva epidémica e a expansão geográfica da doença. Apontando o “pico da doença” para breve, por volta de meados do próximo mês de Abril, a alta responsável pela Saúde, exageradamente otimista, parece esquecer-se de que as cadeias de transmissão aumentaram significativamente, a partir dos últimos dias (da terceira semana do mês de Março), e, esse facto, torna extremamente difícil o trabalho de contenção da epidemia. O controlo rigoroso que se deveria ter feito nas fronteiras, pecando, como já o dissemos, por insuficiente e tardio, permitiu a disseminação da COVID-19 em território nacional e, a partir daqui, seria de esperar a sua transmissão comunitária. Qualquer indivíduo passou a ser um potencial agente de propagação da doença, e, nesta altura, há que estabelecer outras medidas, “mitigando” o mais possível a extensão da epidemia ativa e os seus efeitos nefastos. Tal como se verificou nos países asiáticos afetados pela pandemia, o uso de máscaras, fora ou dentro dos serviços de saúde ou no contexto de pequenos grupos de pessoas, distanciadas devidamente umas das outras, passa a ser de uso recomendado, ainda que, por ora, não obrigatório, para toda a gente.
O isolamento do doente, suspeito ou confirmado por teste específico, de acordo com a gravidade do seu estado e das suas queixas, deverá processar-se ou no domicílio ou em unidade hospitalar, dotada dos recursos adequados ao respetivo tratamento. Qualquer indivíduo com sintomas sugestivos da doença, febre em particular, deverá ser de imediato sujeito a Teste de diagnóstico de COVID-19. Se positivo, todas as pessoas com quem contactou terão também de ser sujeitas ao mesmo teste. Mantendo as necessárias medidas de mitigação, que tememos não serem fáceis de cumprir durante muito tempo, e rastreando, dentro do possível, toda a população, eventualmente, identificada como próxima ou convivente com um infetado, é possível anular e quebrar qualquer cadeia de transmissão, conduzindo a um controlo mais eficaz, mais rápido e seguro deste surto de coronavírus.
Mas, se a população, de um modo geral, após duas semanas de isolamento domiciliário, parece estar preparada, pelo menos, por ora, para uma verdadeira quarentena, aderindo e apoiando contenção à epidemia, as múltiplas carências observadas nas mais diversas unidades de saúde do país, põem em risco toda a luta estabelecida contra a disseminação do vírus. A falta dos equipamentos fundamentais para a prevenção e combate desta calamidade, aliada aos constantes descuidos e falhas de vigilância no controlo de entradas, atribuídos aos agentes e autoridades ligados à segurança aeroportuária, alfandegária e à proteção civil, constituem verdadeiras “brechas” nesta frente de combate à COVID-19.
Esperar que o vírus se dissemine e percorra, numa louca maratona, todas as regiões do país, e aguardar que “ele toque a campainha” da doença e da morte, avisando-nos da sua passagem e presença, e acreditar que a DGS, entretanto, num “trabalho incansável de detetive”, sempre na retaguarda do mesmo, possa mapear os focos e cadeias de transmissão viral e aconselhar, finalmente, o isolamento preventivo da população e o cumprimento das demais regras higiénicas essenciais, é francamente insuficiente. Rastrear toda a população, considerada de risco, nesta fase de mitigação, através de teste específico, embora sabendo que seria a forma mais perfeita de isolar os infetados dos saudáveis, não acreditamos que possa ser, economicamente, exequível; a menos que tais testes, credíveis, em absoluto, e de fácil utilização, venham a ser disponibilizados pelos serviços de saúde ou colocados no mercado farmacêutico a preços acessíveis a todas as bolsas. Defendemos, contudo, que esse diagnóstico laboratorial, se possível, deveria estender-se a todos aqueles que, mesmo sem queixas, conviveram de perto com indivíduos infetados. Esta medida, levada a cabo pelo Serviço Nacional de Saúde, iria provocar um grande abalo aos Cofres Públicos e provocar, eventualmente, algum desequilíbrio ou compromisso Orçamental ao Ministério das Finanças? Admitimos que sim!
Mas, não se gasta(ra)m e continuam a injetar milhões para evitar o Risco Sistémico da Banca, recapitalizando bancos falidos, mal geridos e corrompidos por fraudes e incompetências?!
Pois, neste momento, o Risco Sistémico Sanitário deverá ser a vossa prioridade, senhor Primeiro Ministro, senhores Governantes.
Tendo em conta que o mercado internacional não está a responder às encomendas do S.N.S, está na hora de se investir o que for preciso na produção nacional de Ventiladores, fundamentais às unidades de cuidados intensivos, de EPI´s (equipamentos de proteção individual), destinados a todos aqueles, médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde, na  linha da frente de combate à COVID-19. De igual modo, é Urgente que se disponibilizem as verbas necessárias para a aquisição de Kits de diagnóstico específico do vírus, ou no mercado nacional, caso alguma empresa ou laboratório venha a apostar no seu fabrico, ou no mercado internacional, desde que os mesmos venham a ser certificados em termos de total fiabilidade e precisão, junto dos organismos nacionais dotados para este fim. O Instituto Nacional Ricardo Jorge é, seguramente, a instituição que mais garantias pode oferecer neste domínio.
Na impossibilidade de sujeitar toda a população saudável a esta triagem, rastrear o vírus no máximo de pessoas, nesta fase epidémica, em especial naquelas que possam ter tido contacto com as diversas cadeias de transmissão já identificadas, seria, quanto a nós, a melhor medida de contenção sanitária da doença. “Doentes, para um lado, Saudáveis, para o outro, e Duvidosos sujeitos a contra-análise e a avaliação clínica”. Os doentes, isolados no hospital ou no domicílio, e todos, infetados ou não, teriam de ter consciência dos cuidados a tomar. 
Nesta complicada “fase de mitigação” a que chegámos, por indecisões, erros e ingenuidades das demais autoridades, políticas, sanitárias e de proteção civil, envolvidas no trabalho de vigilância e contenção alargada da epidemia, parece-nos que este diagnóstico global da COVID-19 poderia vir a poupar muitas vidas e menos estragos, a posteriori, na economia do País. Os doentes seriam isolados, e os não infetados, sujeitos aos cuidados fundamentais que hoje se aconselham, exigem e processam, em termos de desinfeção de espaços e prevenção de contágio individual, poderiam continuar a laborar nos seus postos de trabalho, assegurando e dinamizando a economia e a vida do país.
É urgente pensar nisto, senhor Primeiro Ministro, senhores Governantes. Senão, assistiremos, seguramente, depois desta Crise sanitária, a uma crise, não menos dolorosa, uma Hecatombe económica e financeira.
O País tem seguido e respeitado, mais ou menos, pacificamente, os conselhos e medidas de isolamento e contenção veiculados por todos os órgãos de saúde e subscritos pelo Governo, na nossa opinião, positivamente representado pela atuação do Senhor Primeiro Ministro, mas até quando irá cumprir acatar tais restrições?!
“Não se trabalha, não se produz, não se ganha, não se compra, não se paga, não se come…”. Não é, seguramente, com esta Receita que o país, sem grande atividade laboral e empresarial, irá conseguir reequilibrar as contas públicas, manter o Orçamento de Estado a salvo, diminuir o Défice e a Dívida Publica.     
Há nesta altura, em Portugal, três semanas depois do primeiro paciente diagnosticado com coronavírus, cerca de 24 cadeias de transmissão da doença…talvez mais…, e a DGS, perante o facto do aumento considerável de focos populacionais de infeção, terá optado por deixar de revelar diariamente este dado epidemiológico. Apesar das corretas medidas estabelecidas pelo Governo, que, voltamos a afirmar, só pecaram por tardias, as “brechas” têm sido muitas “na linha da frente” de combate ao vírus. Desde finais de fevereiro de 2020, este microrganismo pôde viajar de barco, de comboio, de automóvel e de avião, sem restrições, inicialmente, a partir da China, depois, de Itália, de Espanha e de outros cantos do Mundo afetados pela doença, e, nestas circunstâncias, o risco de aumento das cadeias de transmissão era previsível. No seu imparável percurso contagioso e sem as necessárias barreiras sanitárias, que ainda vão faltando ou nem sempre são cumpridas com rigor, a COVID-19, silenciosa e mórbida, tem vindo a somar pontos, aumentando, como seria de esperar, o referido número de cadeias de transmissão e dificultando a capacidade de resposta sanitária, em todo o país. O número de infetados e de mortos, pela doença, sobem diariamente.
Seguindo o rasto mórbido e mortífero da COVID-19, a quantidade de doentes e de vítimas mortais não cessa de aumentar. Há quatro dias, contabilizavam-se 350.000 pessoas infetadas e mais de 15.000 vítimas mortais em todo o Mundo. Hoje, só na Europa, já se registaram cerca de 260.000 casos de infeção e cerca de 30.000 mortos. Estas cifras, entretanto, em função das mais diversas fontes de informação, variam significativamente. Em Portugal, com 6.408 casos confirmados de doença, a mortalidade elevou-se para 140 óbitos (Informação SIC Notícias - 30.3.20).
Observando-se, por outro lado, a distribuição da doença por grupo etário, constata-se que, praticamente, todas as faixas etárias têm sido alvos da COVID-19, em maior ou menor grau. Todavia, é nos idosos, sobretudo, nos que sofrem de patologias crónicas (diabetes, doenças cardíacas e respiratórias, etc.), que a pandemia tem feito mais estragos, com elevado número de internamentos e de vítimas mortais. Alguns estudos estabelecidos a partir de dados recolhidos, até agora, na China, na Coreia do Sul, em Itália e em Espanha, permitem-nos também afirmar que, nestes países, as crianças, saudáveis e sem fragilidades congénitas ou imunitárias, com idades iguais ou inferiores aos nove anos, quando infetadas pela COVID-19, ou se apresenta(va)m assintomáticas ou revela(va)m quadros clínicos relativamente ligeiros, de tosse, congestionamento nasal, diarreia e cefaleias. E, ao contrário de todos os outros grupos etários, esta faixa não registou qualquer mortalidade.
Confrontada, diariamente, com uma verdadeira torrente epidémica desencadeada pela COVID-19, que, pouco a pouco vai deixando sem capacidade de resposta os centros e unidades hospitalares reservados ao internamento e tratamento dos doentes infetados, a comunidade médica mundial, ainda sem protocolos terapêuticos específicos suficientemente eficazes para o combate a esta doença, tem ensaiado, com sucesso, velhos fármacos e experimentado novos produtos, muitos deles com resultados bastante promissores, e nesta luta, nesta contínua procura do impossível, vai ganhando batalhas, contrariando e limitando os efeitos da virulência deste germe, o coronavírus. Mas, esta “guerra mundial”, acreditamos, só findará quando surgir definitivamente uma vacina.    
Venceu-se a varíola, e é hoje possível controlar melhor a tuberculose, a malária e a maior parte das doenças virais que flagelaram o Mundo no passado e ainda inquietam algumas comunidades no presente, especialmente, em zonas tropicais.
Sabemos que é hoje possível, através da engenharia genética, produzir microrganismos virulentos. Mas, a Mãe Natureza continua a ser, apesar de tudo, a grande “obreira e fonte” destes seres tão peculiares. A evolução das espécies não é um fenómenos estacionário, e, tal como todos os seres vivos, os microrganismos, ainda que relativamente benignos nos seus hospedeiros animais e pouco ou nada patogénicos em seres humanos (como é o caso dos vírus bacteriófagos da flora intestinal), são, naturalmente, suscetíveis a alterações desencadeadas por múltiplos fatores, entre os quais se apontam,  como mais preocupantes, os de natureza climática e ecoambiental, que, hoje, mais do que nunca, agridem todo o Planeta. Saídos, acidentalmente, dos seus nichos (plantas ou animais seus hospedeiros), e uma vez em contacto com o homem, neste caso particular da COVID-19, através do consumo de espécies selvagens, desde há muito, na China, consideradas comestíveis (pangolim, cobra, morcego, etc.), depois de cruzarem as barreiras naturais do ser humano (pele, mucosas, etc.), estes seres microscópicos, vírus e bactérias, são capazes de espalhar a sua virulência mórbida e mortal por todo o lado, quando as condições climatéricas e sociológicas lhes são, particularmente, favoráveis. Os surtos endémicos, epidémicos e pandémicos têm assim marcado e continuarão, seguramente, a acompanhar os ritmos da nossa Civilização.  
O Homem, porém, confrontado com estas adversidades, não tem cruzado os braços e, nessa luta permanente, acaba sempre por criar respostas farmacológicas capazes de as suster ou de as aniquilar; os antibióticos e os antivíricos são, efetivamente, grandes “armas convencionais” ao serviço da saúde, mas as vacinas têm-se revelado, sem sombra de dúvida, as “armas de proteção massiva” mais eficazes contra a maior parte das doenças que o afligem e flagelam. 
Este coronavírus (COVID-19), tal como outros microrganismos de grande expressão epidémica, pôs em causa todas as certezas civilizacionais, fez estremecer todas as estruturas económicas e sociais, mas, indubitavelmente, despertou o Mundo para a prática dos bons hábitos de higiene e prevenção. Esta tomada de consciência, que nos parece ter-se tornado universal, enquanto não for lançada no mercado farmacêutico a respetiva Vacina profilática, constitui(rá), sem dúvida, a maior arma de proteção contra este vírus pandémico, altamente mórbido e mortal.
Para muitos, desanimados e pessimistas, a COVID-19 veio para ficar, com esta expressão contagiosa e virulenta. Mas enganem-se esses crentes. A História da Ciência Médica Contemporânea prova-nos que não há pestilências incontroláveis e invencíveis. As luzes salvíficas ao fundo do túnel, emitidas pelas curas e vacinas, vão surgindo cada vez mais céleres, como resposta às constantes agressões epidémicas e pandémicas, desencadeadas por microrganismos virulentos e impiedosos. E, como todos os “tiranos”, também este chegará, em breve, ao final do seu reinado.
É esta a Mensagem de Esperança que queremos deixar a todos os leitores.
Autor:
João Frada
Médico/Professor (Ph.D) Universitário (FML), Aposentado
(Especialista em Epidemiologia Histórica)

Nota - Seguir-se-á a publicação da Parte II-IV deste estudo

Sem comentários:

Enviar um comentário