segunda-feira, 27 de abril de 2020

2. COVID-19 e Gripe A (H1N1)v. 2009-10: Semelhanças e Diferenças


2. CORONAVIRUS 2019-2020 e GRIPE A H1N1 de 2009-2010, em Portugal e no Mundo
                                                       Semelhanças e Diferenças

PARTE II - Recomendações e Medidas preventivas

A História é e sempre foi uma das nossas melhores “Mestras”, em todos os campos do saber. Das muitas lições que nos transmitiu, há algumas que pela sua enorme relevância e sentido prático, deve(ria)m ser consideradas, princípios orientadores das regras e conceitos básicos no domínio da prevenção da gripe e de outras doenças transmitidas por via aérea, incluindo as provocadas por coronavírus, a SARS-CoV, em 2002, a MERS-CoV, em 2012, e, agora, a COVID-19.
                                                                       ******
O conjunto de Normas e Recomendações que a seguir apresentamos, não muito diferentes daquelas que as autoridades, nacionais e internacionais de saúde, veicula(ra)m, desde o início da Gripe A H1N1 de 2009 e, agora, durante este surto da COVID-19, justifica que se teçam algumas considerações e reflexões, alertando o leitor para as conveniências destes procedimentos, em termos de higiene e prevenção de qualquer patologia virulenta, endémica, epidémica ou pandémica.  
1• Evitar a permanência, dentro do possível, em ajuntamentos e locais ou espaços, especialmente, fechados, com grande densidade populacional, onde a probabilidade de contágio aumenta, e não hesitar em USAR MÁSCARA; é evidente que o simples facto de se respirar ar condicionado em “circuito forçado”, mesmo fazendo uso de filtros “ditos especiais” (embora estes possam oferecer maior segurança), constitui sempre um risco significativo.
2• Se houver suspeita de se ter contraído Gripe ou COVID-19, deve-se procurar confirmar, junto do médico, o diagnóstico e, até prova em contrário, aconselha-se a proteção das entradas /saídas respiratórias (nariz e boca) com lenços ou, de preferência, Máscaras, a fim de não se contaminar ninguém, através da tosse e espirros; de igual modo, sempre que se tussa ou espirre, para se evitar a projeção de quaisquer partículas (de Flugge) de muco ou saliva sobre outras pessoas próximas, na ausência de lenço disponível, é melhor fazê-lo sobre o próprio braço ou antebraço. Estes conselhos são, de resto, aquilo que qualquer pessoa deve aprender a fazer desde criança, enquanto prática higiénica fundamental diária, e não apenas durante surtos gripais endémicos, epidémicos e pandémicos ou de qualquer outra natureza contagiosa. Criando estas "barreiras", prevenimos a eventual formação de nuvens de aerossóis constituídos pelas pequeníssimas “partículas de Flugge”, sempre passíveis de conter grandes concentrações de vírus.
3• Ao contrário do que verificou hoje, com a COVID-19, a OMS, aquando da Gripe A (H1N1)v. de 2009-10, não aconselha/ou, na nossa opinião, erradamente, o uso preventivo de máscara (cobrindo nariz e boca) para quem, não estando doente, tenha que permanecer em ambientes ou espaços públicos fechados e pouco arejados. Por outro lado, recomenda que se evite, dentro do possível, viagens de avião. Neste meio de transporte, o ar que se respira é forçado a girar, obrigatoriamente, em circuito fechado.
Na nossa opinião, os passageiros, logo que cumpridas as normas de identificação, uma vez dentro da aeronave, exatamente, pelas razões atrás apontadas (emanadas pela própria OMS), deveriam poder fazer uso de máscara. Mas se a bordo de aviões, o uso de máscara generalizado nunca chegou a ser aconselhado e entre as tripulações das linhas aéreas Portuguesas a necessidade dessa proteção, aparentemente, nunca foi considerada, a verdade é que algumas companhias aéreas Americanas e Asiáticas não impediam o seu uso a quem fizesse questão disso. Todavia, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), em Dezembro de 2009 emitia, nas suas orientações provisórias para gestão gripal em aviões, conselhos adequados sobre o uso desta proteção. Os passageiros doentes com suspeita de Gripe ou de qualquer outra patologia respiratória aguda, e com caráter infecioso, como é o caso da COVID-19, em princípio, não deveriam viajar sem vigilância médica. Porém, quando autorizados, deve(ria)m usar máscara, colocando-a, obrigatoriamente, durante o voo e, se possível, teriam que ocupar lugares distantes cerca de 1,80 metros ("6 feet") dos restantes passageiros. Esta medida preventiva, é exatamente a mesma que, enquanto grassa esta epidemia, se recomenda, vivamente, a toda a gente. Mas, se este afastamento se tem verificado, praticamente, em todo o lado, já o uso da Máscara continua a falhar em muitas zonas do país, sobretudo, naquelas onde a população não pressente ou se apercebe que não há casos de infeção. Todavia, esta crença pode ser errada, pode ser fatal. Um infetado, no período prodrómico (inicial) da doença, não traz etiqueta na testa, nem qualquer sinal sugestivo de infeção. Por isso, a Máscara é meio caminho andado para prevenir complicações.
Esta medida iria ter, necessariamente, repercussões enormes em termos económicos e baixar os lucros das demais companhias aéreas, as quais teriam assim de limitar, em todos os voos, o número de passageiros. Quando falamos em viagens aéreas, onde se verifica, normalmente, uma significativa concentração populacional num espaço fechado e de reduzidas dimensões, teremos de pensar também noutros meios de transporte, barcos, comboios, etc. E será que esta medida, dos cerca de dois metros da distanciação entre passageiros, irá mesmo ser, obrigatoriamente, implementada, alguma vez, nestes contextos críticos pandémicos?    
É óbvio que os vírus da Gripe de 2009 e, atualmente, a COVID-19 se disseminaram pelos diversos continentes, especialmente, através das viagens aéreas, e os meios de deteção sanitária de epidemiados, com doença ativa e já com sintomatologia ou ainda em fase prodrómica, não demonstraram a eficácia tantas vezes apregoada. Os potenciais doentes puderam viajar, sem restrições, de avião, de comboio, de paquete-cruzeiro, de automóvel, e espalhar partículas de Flugge à vontade. Segundo Francisco George, Diretor Geral de Saúde, referindo-se à gripe de 2009, dos “107 casos de morte por gripe A (H1N1)v, registados até hoje (2.fev.2010) em Portugal, há 91 casos importados – pessoas que foram infetadas em viagens ao estrangeiro”. Francisco George defende ainda que, salvaguardando os profissionais de saúde a quem se aconselha, como é óbvio, o uso de máscara durante o contacto com doentes suspeitos, não se recomenda, nem se distribui tal acessório, a não ser em casos especiais, porque a infeção não assume níveis de descontrolo como os que se observaram no México, epicentro da pandemia.
Hoje, durante esta tremenda pandemia de Coronavírus, tal como em 2009,  consideramos, uma vez mais, fundamental o uso deste acessório de proteção, a Máscara, para todos os profissionais que servem a medicina do país, os quais, durante o exercício desgastante da sua nobre profissão, nas mais diversas unidades e serviços de saúde, onde, afluem milhares de utentes, alguns deles infetados, outros em fase prodrómica da doença (com poucos ou nenhuns sintomas), não só, se tornam alvos preferenciais deste agente mórbido, como correm também o risco de poderem vir a ser agentes de contágio. E, quer a morbilidade, quer a mortalidade por contágio de COVID-19, observadas entre técnicos de saúde, médicos, enfermeiros e auxiliares de ação médica, durante o exercício da sua profissão de alto risco, nos mais diversos países flagelados pelo vírus, primeiramente, a China, e, em seguida, a Áustria (provável polo de dispersão doença na Europa), têm vindo a aumentar consideravelmente.
A MÁSCARA é, pois, um acessório de uso fundamental, para todos aqueles que vivem, trabalham ou são obrigados a frequentar locais onde, suposta ou comprovadamente, pode haver risco de infeção. Mas, esta preocupação não chega. Segundo estudos desenvolvidos por especialistas em infecciologia e genética viral, a capacidade de sobrevivência ambiental destes microrganismos (coronavírus) é uma coisa séria: podem persistir ativos a temperaturas entre os 21º C. e os 25º C, durante várias horas ou mesmo alguns dias, em superfícies de Vidro, Papel ou Papelão, Cerâmica (azulejos e lajes), Couro, Madeira, Latex (luvas), PVC, Plástico e Metais (cobre, alumínio, aço inox e outros). Puderam também concluir que o vírus, entre aquelas temperaturas, mantém a sua maior durabilidade ativa, cerca de nove dias, em superfícies de plástico ou de aço inox. Nessa medida, deve-se proceder, sempre que possível, à desinfeção dos referidos materiais com produtos antissépticos recomendados: usando toalhetes alcoolizados ou através de pulverização direta (spray) com etanol ou álcool etílico a 70º, na inexistência de 95º C.; peróxido de hidrogénio (água oxigenada a 0,1%) e hipoclorito de sódio (lixívia), usado em mistura aquosa (uma parte de lixívia por nove partes de água).
Para a esterilização de Livros ou de qualquer objeto ou documento feito de papel, a desinfeção é mais delicada e complexa:
- Se for “Capa” de livro, a solução de gel alcoolizado é a melhor solução para o efeito, sem por em risco a estrutura do material.
- Se se tratar do “Miolo” de livro, a esterilização é bem mais difícil, e somente a alta temperatura ou pelo recurso à radiação ultravioleta, é possível proceder à sua esterilização.
- Quanto às “Notas bancárias”, que mudam de mão em mão, diariamente, e podem conter, sem sombra de dúvida, dezenas, senão centenas de germes, uns mais patogénicos do que outros, só através de altas temperaturas e da radiação ultravioleta poderão ser desinfetadas. Reservam-se tais procedimentos para os responsáveis dos Bancos Nacionais, se, eventualmente, alguém lhes fizer lembrar dessa necessidade prioritária, agora que estamos a viver uma crise como esta, da COVID-19. Como tratamento caseiro, garantindo alguma eficácia, aconselhamos a que se borrifem, primeiro, com álcool a 70º e se limpem e sequem, alguns minutos depois, com papel higiénico; podem também ser lavadas, secas e passadas a ferro, sob um pano fino e com as devidas cautelas.
O Conselho Ideal é aquele que já todos nós acabámos de descobrir: USAR CARTÃO DE CRÉDITO, em todas as nossas operações e, depois disso, proceder à sua limpeza com gel alcoolizado, ou Álcool a 70º ou a 96º diluído (7 partes de álcool + 3 partes de água), “por via das dúvidas”.    
                                                               ****** 
Apesar dos esforços desencadeados por todos os intervenientes na área da saúde, da governação e do setor industrial e farmacêutico, no sentido de se responder às imperativas necessidades sanitárias geradas pela epidemia da COVID-19, a verdade é que, numa boa parte das unidades hospitalares do país, como se tem visto, Não Faltam Apenas Máscaras e outros EPI´s; escasseiam também papel, álcool, gel alcoolizado e ventiladores, imprescindíveis para os doentes mais críticos.
                                                                    ******
Face à dificuldade de acesso a máscaras, sobretudo, para uso comum, extra-hospitalar, deixamos aqui uma sugestão útil: faça-a você mesmo! Como?! Consulte a INTERNET ou tente seguir as instruções que se seguem:
- Usando tecido de algodão (um pedaço de uma fronha ou de um lençol), dobrado em duas camadas se o tecido for demasiado fino, ou uma ou duas folhas duplas de rolo de papel de cozinha, com medidas suficientes para cobrir a boca e o nariz, e um ou dois elásticos, que podem ser cosidos à máquina ou à mão, é possível prepararmos uma série de máscaras para uso pessoal ou dos nossos familiares. As confecionadas em tecido de algodão, mais fiáveis, podem ser sempre recicladas, isto é, depois de usadas e sujeitas a lavagem, nos meios aquosos e de alta temperatura já atrás citados, posteriormente à secagem, est(ar)ão novamente prontas a ser utilizáveis. Lembramos que os filtros para coar café, em tecido de algodão ou flanela, usados em muitas casas das aldeias portuguesas, eram quase sempre de confeção caseira.
As máscaras de papel, essas, deverão ser postas no lixo indiferenciado e substituídas por outras.   
Ainda sobre Máscaras: abundam conselhos sobre como confecionar em casa estes equipamentos com viseira, usando uma folha de plástico transparente (de acetato de polipropileno), dessas que se usam como separadores, adquiridas em livrarias ou supermercados. Os óculos, para quem os use, são facilmente adaptados a estas viseiras. Realmente, pode ser improvisada esta viseira e, com ela, limita-se, pelo menos, o acesso às mucosas dos olhos, do nariz e da boca, de qualquer partícula de saliva ou secreções projetadas, direta e frontalmente, sobre estas portas de entrada. A viseira serve, realmente, de proteção, mas relativa. Aberta em cima e em baixo, se o indivíduo vier a respirar quaisquer partículas (de Flugge) em suspensão no ambiente, por exemplo, provenientes de um espirro, as quais podem permanecer no ar, sob a forma de aerossol, durante largos minutos, sobretudo em espaço fechado onde não haja correntes de ar, como é de supor, este tipo de viseira não garante uma grande proteção.  
                                                                    ******
Em 2009, durante a Gripe, e agora, novamente, durante esta pandemia de Coronavírus, quer a OMS, quer a maior parte das autoridades sanitárias dos diversos países flagelados por estas doenças (…), pura e simplesmente, não valorizaram as potenciais trajetórias virais que viriam a acompanhar, como sempre, a deslocação das populações em todos os meios de transporte, terrestre, marítimo e aéreo. Houve, pois, claramente, uma falha estratégica nos planos de contingência, porque a morbilidade resultante da enorme infecto-contagiosidade do vírus A (H1N1)v provar-nos-ia, sem sombra de dúvida, que se poderia ter limitado, um pouco mais, o impacto sanitário e económico desta pandemia, apesar de tudo, não tão mortífera como se temia. Tivesse sido um Vírus de gripe ou qualquer outro vírus mais letal, e todas as medidas teriam sido poucas para limitar a mortalidade. Não é fácil diagnosticar qualquer doença, numa fase clínica inicial (sobretudo, enquanto não surge febre), nem identificar um potencial doente infetado de Gripe ou de Coronavírus no “ato de embarque”. Precavendo o contágio dos seus parceiros do lado ou de uma boa parte deles enclausurados no mesmo espaço, através de tosse, espirros e eventuais contactos corporais, porque não admitir que tal acessório, a máscara, possa ser usado livremente a bordo, durante situações epidémicas ou pandémicas como a que vivemos? O seu uso ficaria ao livre-arbítrio de cada um. Caberia ao passageiro a decisão de a colocar ou de a retirar durante a sua presença a bordo, sobretudo, se a seu lado viajasse alguém com queixas respiratórias sugestivas de doença – febre, tosse ou espirros. Não é a única medida profilática capaz de fazer frente a uma situação desta natureza, é verdade. Mas é mais uma e, se no futuro nos viermos a confrontar com novos surtos infetocontagiosos deste tipo, seria bom ponderarmos que todos os cuidados são poucos. E que os vírus viajam de avião, já ninguém tem dúvidas. O atual coronavírus (COVID-19), viria, infelizmente, a comprovar, uma vez mais, as nossas convicções.
Há, porém, ainda um outro aspeto de ordem logística que deve ser tido em consideração. Sempre que a bordo se torne necessária a ingestão de água, sumos, leite ou outros alimentos sob a forma líquida, o uso de palhinha ou sonda aspirativa, que pode ser recomendado sem comprometer grandemente o sistema de proteção por máscara (tapando a boca e o nariz), resolveria a questão de logística alimentar. Como é óbvio, aplicar máscara protetora e tentar mantê-la em crianças pequenas (abaixo dos 2 anos), é/seria uma tarefa difícil de realizar. Constitui, mesmo, a única dificuldade, que antevemos, de resolução bastante complicada. Por isso, às mães com crianças pequenas damos o conselho que nos parece mais adequado a estas circunstâncias: protelar e evitar viagens de avião, o mais possível, enquanto grassar este ou outro surto epidémico ou pandémico de grande infecto-contagiosidade. Os outros passageiros, no entanto, se pudessem dispor de máscara, sentir-se-iam, seguramente, muito menos vulneráveis. Um “eventual infetado”, a bordo, que possa passar despercebido no controlo das autoridades sanitárias, por se encontrar numa fase prodrómica da doença, tem muito menos hipóteses de contaminar os restantes passageiros. Poderá pensar-se que não permitir o uso de máscara a bordo de aviões comerciais é, não só, uma estratégia inteligente, como a melhor forma de evitar o pânico e a insegurança entre as pessoas. Mas também não parece ser esta a melhor solução para se ultrapassar o temor de permanecer em espaço fechado, respirando o ar que todos respiram, em colisão total com as próprias normas emitidas pela OMS e pelas autoridades nacionais de saúde. Seria melhor refletir sobre tantos paradoxos e contradições e deixar, definitivamente, de “enterrar a cabeça na areia”. Embora sempre com a noção de que não é possível eliminar completamente o risco de contágio, estamos convictos de que todos ganhariam com a medida, incluindo as empresas de transportes aéreos, consideravelmente ressentidas com a quebra do número de viagens, desde o início da pandemia.
4• Ter em atenção o contacto com objetos ou materiais infetados por doentes (FOMITES) - corrimãos, maçanetas e pegas de portas (de casa, de automóveis, de metro, de comboio ou autocarros, etc.), mesas, secretárias, telefones, computadores, mangueiras e teclados em bombas de combustível, teclados de multibanco, solas de sapatos, carrinhos e cestos de supermercados, solas de sapatos, etc. - e proteger as mãos com luvas ou lenços de papel descartáveis. A escolha dos respetivos produtos de limpeza e antissépticos, como já o dissemos, deve ser, naturalmente, adequada a cada material ou objeto, em particular, que se pretende desinfetar ou descontaminar.
5• Desinfetar, sempre que possível, todos os materiais manuseados por indivíduos, crianças ou adultos, e sobretudo, se forem suspeitos de doença.
6• Se se contrair a doença, deve-se respeitar o isolamento no domicílio, se for este o alojamento temporário medicamente aconselhado, e manter a “quarentena” até decisão médica contrária, por forma a não contaminar ninguém e a evitar as complicações secundárias (bronquites e pneumonias), desencadeadas pela Gripe ou, agora, pela COVID-19.
7• Lavar as mãos com Água Quente e Sabão (de preferência Líquido) ou produtos antisséticos medicamente recomendados, e secá-las, sempre que possível, com toalhetes descartáveis.
8• Evitar contactos das mãos ou lenços sujos de muco (de tosse ou espirros) com os olhos e o nariz, também portas de entrada da doença. Com máscara colocada ou não, nestas circunstâncias críticas, em que o país foi colocado em estado de emergência, face ao número crescente de infetados e de mortos pela ação do vírus, recomenda-se a todo o cidadão que Evite, o mais possível, tocar ou coçar o rosto ou esfregar a boca ou os olhos com as mãos, protegidas com luvas ou não. Todas as mucosas, como já o dissemos, constituem portas de entrada e de contaminação viral. A proteção com luvas, como requer procedimentos especiais para a sua utilização, manuseamento e desinfeção posterior, a não ser que sejam descartáveis (e também estas não devem ser retiradas de qualquer maneira), é preferível não ser considerada de uso comum. É mais fácil e garantida a desinfeção regular das mãos com água e sabão ou com qualquer outro meio antisséptico.    
9• Instruir suficientemente as crianças para respeitar o mais possível estes requisitos e normas preventivas. Estes são alguns dos cuidados higiénicos importantes a reter que, se observados em situações de crise epidémica deste ou de qualquer outro tipo, poderão ajudar a fazer a diferença.
10• Dada a possibilidade remota de contagiosidade de animais domésticos de estimação, em particular, gatos e cães, já confirmada em alguns países, quando em contacto com pessoas infetadas de COVID-19, de um modo geral, conviventes próximos com tais animais, seria de bom tom que qualquer indivíduo doente com este vírus, e sob tratamento obrigatório e isolamento social no domicílio, evite contactos muito íntimos com estes simpáticos bichinhos. E, tal como se aconselham os humanos a lavar as solas dos sapatos, com água e sabão, ou a esfregá-las num pano ou tapete bem molhado numa mistura aquosa de  (nove partes) de água com (uma parte) lixívia e a, sempre que possível, não transportar estes acessórios para dentro das residências, recomenda-se a que se proceda também à limpeza das patas dos fiéis amigos caninos e, se possível, felinos (gatos de estimação), quando regressam das suas passeatas, depois de serem levados à rua pelas trelas. A lixívia, diluída em água ou não, nunca deve ser utilizada na limpeza e desinfeção das patas destes animais, pela sua ação cáustica e corrosiva. A lavagem com uma mistura de água e sabão abundante remove, completamente, qualquer microrganismo alojado nas patas destes animais.
11• No atual contexto epidémico de Coronavírus, em acréscimo a todos os procedimentos higiénicos já citados, recomenda-se a todo o cidadão, residente em área considerada de elevado risco de contagiosidade viral, e este grau estabelece-se, como é óbvio, com base no números de infetados diagnosticados no local (aldeia, vila ou cidade) que, caso tenha de romper, pontual ou diariamente, o isolamento sanitário (ou período de quarentena) imposto pelo estado de emergência, a fim de cumprir ou resolver fora de casa alguns dos seus compromissos laborais ou necessidades básicas, deve ter em atenção mais um Conselho fundamental: regressado a casa, todas as roupas externas e o calçado usados durante a saída à rua, sobretudo, se frequentou locais onde possa ter estado muita gente, (supermercados, micromercados, centros comerciais, padarias, farmácias, bancos, etc.),  aumentando a possibilidade de haver potenciais doentes, assintomáticos ou não, deveriam ser deixados fora de casa, no hall, na garagem ou noutro espaço próximo da porta de entrada, se possível expostos ao ar e ao sol, e, posteriormente, depositados em saco próprio ou contentor de roupa suja, seguindo daqui para a lavagem em água quente, acima ou igual a 60º C, como já foi referido mais acima. Os sapatos, tal como a roupa, devem ser lavados e as solas desinfetadas com água e sabão ou uma mistura aquosa de lixívia, já supracitada. Este conselho, sobre o especial cuidado a ter com vestes e calçado, tem sido insistentemente referido por especialistas e pessoal hospitalar, bem conhecedores da resistência deste vírus, quando infiltrado nestes equipamentos.     
12• Às autoridades de proteção civil, em especial, aos bombeiros e às Forças Armadas, seguindo as orientações sanitárias aconselhadas para o controlo de quaisquer crises epidémicas, como aquela que agora vivemos, compete-lhes proceder à desinfeção periódica, através de pulverização ou de limpeza antisséptica direta e manual, todos os locais, onde, supostamente, se corra maior risco de infeto-contagiosidade viral: lares de idosos, prisões e hospitais, bem como todos os espaços públicos onde, porventura, possam haver resquícios ou partículas virulentas de COVID-19. 
Em resumo:
Todos os materiais de uso individual devem ser sujeitos a desinfeção periódica e, depois de lavados com água e sabão ou, eventualmente, passados durante alguns minutos, numa mistura de água e lixívia (tendo sempre em conta que alguns equipamentos, tecidos, em particular, podem ser sensíveis a este produto e sofrer deterioração ou descoloração), aconselha-se a que sejam colocados ao sol, sempre que seja possível. O Coronavírus, assim exposto ao ambiente e às radiações solares, desidrata-se facilmente e, ao sofrer danos na sua estrutura molecular, torna-se inativo e incapaz de infetar qualquer hospedeiro. 
13• Em época de Coronavírus ou não, sempre que precisem de abrir qualquer caixote ou depósito de lixo público, se não quiserem utilizar as vossas luvas, descartáveis ou não, gastar álcool, borrifando o local onde irão pôr os vossos dedos para levantar a respetiva tampa ou usar um qualquer pedaço de papel, para o mesmo efeito, mantendo sempre a necessária distância para evitar sujar ou contaminar as vossas vestes, e evitando, assim, contactos microbianos duvidosos, experimentem levantá-la (a dita tampa) com um pequeno pau ou um pedaço de papelão grosso, do tamanho de um palmo, sem tocar no caixote. Logo que a abertura do mesmo vos pareça suficiente para inserirem os vossos sacos de lixo comum lá dentro, depositem-nos ou lancem-nos ali, sem pressas, mas, antes de o fecharem, procurem deixar o pauzinho ou o papelão que usaram na operação, bem trilhado sob a tampa e com a sua maior porção voltada para o interior do dito depósito. Logo que outro utilizador abra este caixote de lixo, o objeto ou o papelão ali deixado cairá, de imediato, no seu interior.  Caso usem mãos livres, desinfetem-nas, obviamente, com álcool ou, chegados a casa, com água abundante e sabão.       
14• Nos casos especiais, em que há doentes isolados, não no hospital, mas no domicilio, os cuidados, bem mais rigorosos, a serem tidos em conta, para além dos que já citámos, deverão ser instituídos por autoridades de saúde, médicos e enfermeiros, que venham a proceder ao seguimento sanitário e terapêutico do enfermo e, por isso mesmo, entendemos não os referir nesta Lista de Recomendações Gerais.
15• Tendo em conta tudo quanto foi dito acerca da higiene e contenção da COVID-19, lembrem-se que, se o coronavírus pode sobreviver no ambiente, com capacidade ativa e virulenta, e tem havido a preocupação de desinfetar todos o espaços e zonas públicas, ruas e locais, sobretudo, onde possa ter havido ou transitado grande número de pessoas, a utilização dos “ares-condicionados” nas nossas residências ou locais de trabalho, devem ser também, correta e regulamente, sujeitos a desinfeção periódica. As infeções a Legionella pneumophila, que se desenvolve no ambiente húmido dos equipamentos de ar-condicionado, são a prova irrefutável de que há absoluta necessidade de proceder à manutenção destes equipamentos, para evitar riscos de doença.    
16• Nota Preventiva especial, não menos importante do que todos as outras, anteriormente referidas: devam ter em atenção qual o estado do vosso “sistema imunitário” porque é ele que marca a diferença entre a nossa maior ou menor capacidade de resistência em relação a qualquer agente infecioso. Uma boa imunidade depende de muitos fatores, mas, acima de tudo, de uma alimentação equilibrada, da prática de exercício físico regular e de uma boa suplementação vitamínica, o mais possível, natural, mas, se necessário, também farmacológica. E, nesta crise atual, as vitaminas mais essenciais são: todas as que constituem o complexo B, o ácido ascórbico (vitamina C) e a vitamina D, esta última, considerada de especial importância na prevenção e cura de doenças respiratórias provocadas por múltiplos agentes infeciosos, incluindo o Coronavírus.    
Lembramos, no entanto, que também as Vitaminas, ou por fatores idiossincráticos ou por consumo em excesso, podem desencadear efeitos ou reações indesejáveis. Assim, o ideal seria que pudessem consultar o vosso médico assistente ou farmacêutico, antes de iniciar estes suplementos.
Meditem nisto!
Ah, e repetindo-me, na rua ou em qualquer espaço público ou privado (supermercados, repartições, etc.), onde estejam ou onde tenham estado muitas pessoas, não deixem de usar MÁSCARA. Ainda que não seja uma medida 100% protetora, garante-vos, seguramente, maior probabilidade de não contrair doenças como esta, da COVID-19, de transmissão predominantemente aérea, através da tosse e do espirro.
17• Evite, o mais possível, permanecer muito tempo em espaços fechados e onde se concentre muita gente. Faça exercício físico em casa, de preferência, ou ao ar livre, em zonas e locais onde não cruze, necessariamente, com muita gente. Nestas ocupações, tal como em casa, desde que não conviva com doentes, não se justifica, obviamente, o uso de máscara. 
Enquanto não surgir uma Vacina segura e, suficientemente, preventiva, como a imunidade alargada de grupo, só conseguida quando uma grande parte da população, atingida pela doença, recupera e passa a dispor das suas próprias defesas, dos seus anticorpos naturais, o risco de se poder assistir a uma segunda ou terceira vaga viral mais mortífera é sempre uma possibilidade a ter em conta.   Assim, até que surja uma Vacina salvadora, não se deve afrouxar a vigilância e, quer os cuidados higiénicos, quer a Máscara, continuam a ser a melhor defesa contra este ou qualquer outro vírus infecioso, endémico, epidémico ou pandémico. 
Deixo-vos uma última nota de leitura, para meditarem: 
A OMS, em 2009, revelou uma total ingenuidade em relação às suas orientações e, visivelmente, entrou mesmo em contradição. Por um lado, não aconselhava o uso de máscaras, a não ser para quem estivesse doente e tivesse que permanecer em espaços públicos, fechados e pouco arejados; para todos aqueles que não fossem considerados ou não se considerassem doentes, enquanto viajassem de avião, de autocarro ou de comboio, não lhes era recomendado o uso de máscara. Como qualquer indivíduo, numa fase prodrómica da doença, ou não tem sintomas ou não tem queixas suficientes para que alguém o classifique como doente, “sem etiqueta na testa de que está infetado”, pode mexer ou tocar onde lhe apetecer, pode tossir, pode espirrar, que ninguém dará por isso. Foi isso mesmo que aconteceu em 2009-2010, ocasionando a disseminação relâmpago da Gripe Influenza A(H1N1)v. Hoje, uma vez mais, perante a crise de COVID-19, a OMS, claramente, useira e vezeira nestas falhas e contradições, voltou a cometer a mesma imprudência e incoerência, aconselhando as autoridades sanitárias a seguir apenas estas medidas: “Em qualquer espaço fechado, público ou privado, deve ser limitada a concentração de pessoas (quatro por cada 100 m2), e estas deverão manter, sempre que possível, a distância de dois metros entre si. Mas, máscara, quem quiser usa, quem não quiser, não usa, porque não deve ser considerada uma medida obrigatória. Entretanto, a mesma omnisciente instituição e, claro, também as nossas autoridades sanitárias, a reboque destas decisões, perante a situação crescente de doentes e falecidos por COVID, começaram, finalmente, a ponderar se não seria melhor instituir o uso do dito acessório: a Máscara. Mas, o “parto” está difícil. Aguardemos então pela suprema reflexão sobre esta última medida.    
 Máscara - Pelo sim, pelo não, comecem a usá-la, convenientemente, tendo em conta a sua desinfeção e reutilização posterior, de acordo com todos os cuidados acima referidos. 
  
Autor: 
João Frada
Médico/Professor Universitário, Aposentado
(Especialista em Epidemiologia Histórica)
Doutor em Medicina (FML/HSM)

Fontes
Principais:
- FRADA, João. A Gripe Pneumónica em Portugal Continental - 1918 (Estudo  Socioeconómico e Epidemiológico. Edição Setecaminhos: Lisboa, 2005.
- FRADA, João. Pandemias de Gripe A (H1N1) em Portugal (1918 – 2009) – Ecos e cismas do passado no presente. Edições Clinfontur: Lisboa, 2010. [Excerto da Obra - texto truncado e adaptado]
Secundárias:
- Cadeias de Transmissão de Coronavírus
(https://www.publico.pt/2020/03/22/sociedade/noticia/dgs-ja-nao-divulga-cadeias-transmissao-nao-caracteriza-perfil-doentes-internados-1908929)
- Notícias e dados colhidos a partir da “Comunicação Social” diária - Periódicos e Televisões (Entre Dez. 2019 - 30.Mar.2020) 

Nota: Seguir-se-á a Parte III-IV deste Estudo



Sem comentários:

Enviar um comentário