4. CORONAVIRUS 2019-2020 e GRIPE A (H1N1) de
2009-2010, em Portugal e no Mundo
Semelhanças e Diferenças
PARTE IV
COVID-19 e GRIPE A (H1N1)v. de 2009-2010:
perspetivas do passado, do presente e do futuro.
Durante a pandemia de Gripe A H1N1, de
2009-2010, aprendeu-se muita coisa, sobre riscos de infeto-contagiosidade e
sobre estratégias higiénicas e preventivas, suficientemente, capazes de suster
a disseminação de uma doença viral, mas, como se vê, dez anos passados, esqueceu-se
outro tanto.
A progressão diária dos infetados por
COVID-19, em Portugal, desde o início do mês de março, enquanto se decidia,
como e quando, alertar a população sobre as medidas profiláticas fundamentais a
respeitar, de âmbito individual e coletivo, revelar-se-ia, verdadeiramente,
preocupante.
Na verdade, o conjunto de medidas e
recomendações de natureza profilática, tão eficazes hoje como no passado, refresh
para alguns e novidade para a maioria, já deveriam ter sido emitidas ontem.
As respostas políticas e sanitárias, uma
vez mais, peca(ra)m por lentidão, alguma ingenuidade e amnésia. E, todos os
dias vamos assistindo a descuidos e falhas de prevenção imperdoáveis.
A memória dos Homens é, efetivamente,
curta, e, na alienação dos nossos dias, esquecem-se ou desvalorizam-se, com
frequência, as lições e os erros do passado. E, nestas crises sanitárias, as
“faturas” a pagar, por tais descuidos e incompetências, são quase sempre bem
pesadas para toda a gente, independentemente do seu estatuto social,
intelectual ou financeiro. É, contudo, entre os mais pobres e frágeis, em
termos de economia e de saúde, que estas terríveis epidemias, virais ou
bacterianas, desencadeiam maiores morbilidade e mortalidade. E embora muitos
deles sobrevivam, sofrendo durante a crise de contenção ou na doença, “amargam,
de certeza, no recobro”.
Nesta “aldeia global”, crises, doenças ou
quaisquer outros problemas surgidos em locais mais ou menos recônditos e
isolados, mercê de uma interdependência internacional cada vez maior e, ao
mesmo tempo, de uma enorme facilidade de comunicação e movimentação de homens e
animais, podem alastrar rapidamente a todos os continentes, desencadeando, por
vezes, perturbações de reflexos gigantescos.
Os microrganismos, que não conhecem
fronteiras, circunstancialmente irrompidos ou de laboratórios militares,
possibilidade, de hoje em dia, cada vez mais real, ou dos seus habitats
naturais, instalados nos habituais hospedeiros, homens e animais, vão assim
circulando livremente de país para país, de continente para continente,
gerando, cada vez com maior frequência, estados de alarme e de preocupação bem
demonstrativos da grande vulnerabilidade de todo o ser humano e de todas as
sociedades a estes agentes.
As doenças de caráter infetocontagioso
provocadas, por exemplo, pelo vibrião do Cólera, pelo vírus de Marburg ou pelo
vírus Ébola, este último responsável, em 1995 e em 2000, por um considerável
número de mortes na África Central e Equatorial, constituem a prova inequívoca
de que, mesmo nos finais do século XX, a Humanidade e a ciência médica não têm
conseguido controlar, por completo, os agentes patogénicos, sejam eles vírus,
bactérias, fungos ou protozoários. E mesmo quando a medicina julga dispor de
soluções preventivas e/ou curativas para tais doenças e a imunidade passiva ou
ativa parece poder garantir algumas certezas para “amanhã”, a instabilidade
etológica e ecológica da Natureza determina constantes alterações
imunogenéticas, quer em hóspedes quer em hospedeiros, e tudo parece voltar ao
ponto zero. Mas há, claramente, populações melhor imunizadas do que outras
contra determinadas doenças. Na Época Moderna, por exemplo, os Europeus
(Espanhóis, em particular), rumando outros continentes, levaram consigo
sarampo, gripe, rubéola e outras entidades mórbidas com as quais facilmente
conviviam, desde há séculos, sem grandes problemas. Desconhecendo, em absoluto,
a carga potencialmente letal que transportavam – microrganismos, alguns deles,
de grande virulência –, contagiaram as comunidades do Novo Mundo (Incas,
Aztecas e Maias), as quais, sem defesas imunitárias contra tais agentes,
acabariam por ser praticamente dizimadas.
Há hoje estudos que consideram,
inequivocamente, a ação daquelas impremeditadas armas biológicas sobre as populações
ameríndias, na Época dos Descobrimentos, como tendo sido mais mortífera do que
a própria guerra. Uma vez que não ficou ainda completamente provada a nova
teoria de Acuna-Soto sobre a causa de extinção dos cerca de 22 milhões
de Astecas, desencadeada por um terrível surto epidémico de febre hemorrágica,
devido à ação do vírus cocolitzli, agente patogénico até agora não
observado/identificado pela microbiologia, resta-nos a velha convicção de que a
morte desta Civilização se ficou mesmo a dever, em grande parte, à ação de
doenças arrastadas pelos europeus para o continente Sul-Americano.
A
razia demográfica observada entre as comunidades autóctones da América Central
e da América do Sul na Era Colombiana, detentoras de conhecimentos técnicos consideravelmente
evoluídos para a época e dispondo de exércitos numerosos e bem preparados, só
parece, pois, poder ser compreendida pela debilidade que as doenças bacterianas
e virais de índole europeia terão desencadeado sobre os seus organismos, sem o
mínimo de imunidade contra tais agentes patogénicos, até aí desconhecidos
naquele sistema ecológico.
Hoje, a medicina dispõe de um arsenal de
conhecimentos e de uma logística que pretende ser coordenada, eficaz e atuante,
quer através de mecanismos normais acionados por cada Estado, quer pela própria
OMS, esta última responsável por uma alargada estratégia sanitária, cobrindo
todas as áreas do Globo. Assim, nesse esforço conjugado de políticas de saúde
desenvolvidas, sobretudo a partir de 1948, o século XX caracteriza-se por uma
extensa atividade no domínio preventivo, com vista a reduzir os elevados custos
desencadeados pelas doenças e pelo elevado número de mortes registado,
especialmente, nas regiões tropicais. Esta vastíssima ação no domínio higiénico
e sanitário tem-se centrado na implementação de programas de vacinação massiva
(PAV-OMS), nas regulamentações relativas à alimentação e às condições de
habitação, nos controlos de fronteiras, nas campanhas de desratização e de
desmosquitização (as campanhas desenvolvidas pelos Portugueses em África,
contra o paludismo e contra a doença do sono, reduziram significativamente o
impacto destas terríveis enfermidades sobre as populações), no saneamento das
águas de consumo, na difusão de regras elementares de higiene pública e
doméstica e no estabelecimento de convenções de natureza sanitária entre os
mais diversos países que compõem o Sistema Internacional. Todavia, a eficácia
desta ação preventiva multidirecional só é observável se, dentro e fora de cada
país, reinarem a ordem, a paz e a segurança e as populações puderem dispor de
um mínimo de recursos para garantirem uma vivência relativamente condigna.
Neste “grande pátio”, onde parecem
conviver todos os países, basta haver um que caia ou viva na desorganização e
na pobreza temporária, geradas pela anarquia económica, por calamidades ou
guerras, e os fenómenos epidemiológicos de natureza infeciosa, de relativamente
endémicos e controlados, passam a epidémicos e acabam, quantas vezes, por
assumir proporções devastadoras. Os países mais desenvolvidos, de um modo geral
melhor equipados medicamente, respondem com grande eficácia e prontidão a esses
surtos ou crises. Mas um país pobre, Africano, Sul-Americano ou Asiático, cuja
população é, seguramente, mal equipada no domínio médico-sanitário, subnutrida
e imunologicamente frágil, sentirá com maior violência a crise demográfica
despoletada por qualquer epidemia.
A COVID-19 aí está ela, pronta a impor a
sua “lei mórbida e pestilencial”. A menos que a comunidade internacional una
esforços e vontades e decida dar uma “forte mão” solidária às comunidades do
Terceiro Mundo mais carenciadas em termos sanitários, o panorama afigura-se-nos
bem negro.
Se até agora a medicina tem conseguido
suster no limes ou "fora de portas" essas ameaças, cada dia mais
frequentes, não só no Terceiro Mundo, como em todo o Planeta, e o
desenvolvimento da imunoterapia e da engenharia genética nos deixa antever,
para um futuro relativamente próximo, a produção de espantosas armas terapêuticas
(anticorpos, soros e vacinas), eficazes contra os demais antigénios e
microrganismos virulentos, apesar dessas certezas, desses ganhos, o
comportamento destes seres microscópicos continuará a ser sempre uma incógnita.
Tal como o ser humano vai sobrevivendo, apoiando-se na imunidade (natural ou
artificial) e em novos recursos terapêuticos, contra os agentes mórbido-letais
que pululam à sua volta, também a Natureza evolui e, durante esse processo,
todas as outras espécies vivas, incluindo as patogénicas, sofrem constantes
transformações a nível genético, tornando-se potenciais bombas biológicas.
Deste modo, os genótipos mais favorecidos, quando encontram um terreno
favorável, independentemente dos esforços de contenção ou de controlo
médico-científico, podem determinar autênticas razias demográficas, as quais,
na opinião de muitos investigadores e ambientalistas, não são mais do que
tremendas respostas reguladoras da própria Natureza.
Apesar de vivermos hoje numa sociedade
globalizada pela comunicação, com fácil acesso ao conhecimento e a recursos
terapêuticos de ponta, surgidos, sobretudo, entre a segunda metade do século XX
e a época em que vivemos, no século XXI, não nos iludamos, continuaremos a ser,
pura e simplesmente, ultrapassados por estes agentes patogénicos, perfeitamente
adaptados e sempre situados, podemos dizê-lo, um passo à frente da medicina
científica.
Nesta visão algo sombria, mas real, do
Mundo, em que a redistribuição de recursos não funciona, e em que perecem,
diariamente, milhares de pessoas (direta ou indiretamente devido à fome e à
miséria), enquanto não surgir uma nova geração de homens-máquina, resistentes a
tudo e capazes de substituir o homo sapiens em toda a sua dimensão
vivencial, os microrganismos responsáveis por surtos epidémicos ou pandémicos
irão continuar a exercer a sua ação mórbida e letal. Teoricamente, as políticas
de saúde desenvolvidas por todos os Estados do século XXI, a par dos esforços
desenvolvidos por múltiplas organizações sanitárias espalhadas e ativas em
todos os continentes, deveriam ser mais do que suficientes para controlar,
prevenir e minorar quaisquer riscos epidémicos, poupando assim as populações
aos dramas e ao temor que, outrora, pesavam no quotidiano social. Mas as
certezas e previsões no domínio da microbiologia e da parasitologia, apesar dos
grandes avanços científicos, não parecem ter chegado ao fim. Neste Planeta,
marcado por profundas diferenças sociais e económicas, grassarão,
inevitavelmente, as velhas doenças e virão, decerto, a aparecer e a difundir-se
novos microrganismos com carácter virulento. Nessa medida, o esforço de combate
farmacológico e terapêutico assumido pela medicina poderá vir a ser debalde. Os
recursos médicos e tecnológicos poderão, de facto, periclitar perante tais
flagelos. A Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA) é disso exemplo.
Quando a ciência parece não dispor de
grandes saídas medicamentosas, curativas ou profiláticas, para o combate de uma
doença que se assume epidémica e mortífera, como aconteceu em 2009, com a Gripe,
e agora com a COVID-19, uma vez mais, a velhíssima medida da quarentena
(cumprida por inteiro ou reduzida), instituída durante a Idade Média como a
melhor regra preventiva contra a peste, volta a funcionar com eficácia.
Isolam-se os doentes ou os suspeitos de contágio. Circunscrevem-se o espaço e
os contactos dos contagiados ou que se julga estarem contaminados. Barram-se os
acessos a regiões, locais ou países afetados. Fecham-se fronteiras e
aeroportos. Vigiam-se portos e todos os pontos de entrada e de saída.
Obrigam-se a fundear e a permanecer ao largo as embarcações oriundas de áreas
contagiadas, em regime de quarentena.
O tempo define e resolve tudo. Funciona a
seleção natural. Morrem os mais débeis. Contabilizam-se os indemnes,
circunstancialmente, poupados a estes surtos endémicos ou epidémicos ou,
porventura, melhor favorecidos em termos genéticos e imunológicos. Convalescem
e curam-se os mais resistentes, com ou sem apoio médico-farmacológico.
Cometem-se exageros quando, porventura, se estabelece o corte radical, ainda
que temporário, de comunicações com países e comunidades onde a doença
prolifera; revivem-se temores e fantasmas de sabor medieval e dissolvem-se, com
frequência, os laços e o sentido da humanização e da solidariedade, quer enquanto
valores individuais, quer enquanto expressão coletiva. Por maior evolução que a
ciência médica apresente e as técnicas ao seu serviço possibilitem, o ser
humano ter-se-á que confrontar sempre com novos desafios, doenças e flagelos,
explicáveis, ou não, à luz da “realidade epidemiológica” do seu tempo. Nesse
duelo permanente, para além dos velhos ensinamentos que a voz da experiência
coletiva foi firmando e dos recursos disponíveis à satisfação das exigências e
das dificuldades que marcam cada época, há princípios indeléveis que, hoje e
sempre, são o garante da continuidade e da sobrevivência do Homem,
conferindo-lhe um lugar ímpar no reino animal: tolerância, altruísmo,
humanização, solidariedade e cooperação.
Só através da orientação ou definição de um estilo de vida inteligente e
ecológica e de uma união eficaz de esforços e vontades, a nível intra ou
extraplanetário, o “homem de amanhã” pode fazer face aos microrganismos
virulentos ou a quaisquer outros agentes patogénicos, velhos ou novos, de
carácter epidémico ou não.
Todavia, muitas das dolorosas lições
retiradas ou aprendidas na luta contra a última grande pandemia de Gripe
Influenza A (H1N1)v, de 2009-2010, quer no domínio das respostas
médico-farmacológica, quer no campo da prevenção contra este tipo de patologias
infectocontagiosas, depressa seriam esquecidas. Tendo em conta a enorme
morbilidade desencadeada por este vírus, a mortalidade ocasionada pela doença
acabaria por representar, depois dos cerca de dezassete meses da sua “viagem
planetária”, um saldo de vítimas bem mais reduzido do que o previsto. De acordo
com as mais diversas estimativas recolhidas e publicadas pela OMS, aquele vírus
gripal teria infetado cerca de 1,4 biliões de pessoas e ceifado entre 150.000 a
575.000 vidas.
Hoje, cerca de dez anos depois da Gripe
pandémica irrompida do México, o Mundo acabaria por vir a confrontar-se de
novo, com uma outra calamidade viral, a COVID-19, e, sabemo-lo agora de fonte
limpa, as autoridades políticas e sanitárias envolvidas na primeira linha de
combate e contenção desta doença, em Wuhan (cidade da China Central), bem como
os responsáveis políticos dos países europeus invadidos por este surto,
tardaram também a reagir a esta agressão infeciosa, estabelecendo as
necessárias medidas de contenção e prevenção epidémica. Com epicentro naquela
cidade chinesa, esta pandemia, com início no dia um de Dezembro de 2019,
ou seja, há cerca de quatro meses e meio, é uma lenta “procissão” mórbida e
letal e, visivelmente, ainda “vai no adro”. Estamos em finais de Abril de 2020
e, segundo dados colhidos por fontes oficiais nos vários países afetados pela
doença, registam-se já cerca de 2,8 milhões de infetados e 197.000 mortos em
todo o mundo (25.04.20), uma cifra ainda muito abaixo da mortalidade gripal observada
entre Mar.2009 e Ago.2010. De resto, talvez seja de lembrar que a Gripe
Influenza epidémica e sazonal surge mais ou menos ciclicamente, e sempre que
coincide com invernos muito frios e prolongados é habitualmente responsável por
uma grande morbilidade, a qual chega a oscilar, de acordo com as leituras da
OMS, entre os três e os cinco milhões de casos graves, e por uma enorme
mortalidade, que pode variar entre os 250.000 e as 500.000 mortos anuais e
ascender a milhões de vítimas quando ocorrem pandemias.
Perante as sérias alterações climáticas da
Terra, decorrentes, segundo a opinião de alguns investigadores, de fenómenos
naturais, responsáveis por mudanças cíclicas de temperatura, segundo outros,
claramente desencadeadas pela ação humana, devido à queima de combustíveis
fósseis (petróleo, carvão e gás natural) e a desmatamentos, o aquecimento
global e o subsequente derretimento e desaparecimento das “geleiras eternas”
polares têm vindo a processar-se a um ritmo extraordinariamente acelerado.
Na opinião de diversos investigadores, o
risco de exposição a microrganismos patogénicos provenientes dessas regiões
geladas, agora sujeitas a degelo, constitui hoje uma possibilidade cada vez
mais próxima e preocupante. A confirmar esta realidade, um grupo de virologistas
isolaram 28 vírus, completamente desconhecidos, em amostras de gelo glacial
recolhido em Guliya, uma região da China, a Noroeste do Tibete, os quais
estariam ali crio-conservados há cerca de 15.000 anos.
Os resultados obtidos com a identificação
de microrganismos patogénicos, vírus e bactérias, conservados nessas camadas de
permafrost ou pergelissolo (constituído por terra, gelo e rocha,
permanentemente congelados) das regiões polares do Ártico e da Antártida, face
ao aumento da temperatura global, têm permitido um conhecimento, cada vez mais
alargado, da Virosfera. Hoje, podemos afirmar, com toda a certeza, que alguns
desses agentes infeciosos não só terão convivido com o homem pré-histórico,
como terão sido causa de graves epidemias e razias demográficas. Entre os
demais vírus já ressuscitados do permafrost siberiano e ali “congelados” há
cerca de 30.000 anos, recolheram-se, a cerca de 30 metros de profundidade, na
tundra costeira daquela região russa, o Phitovirus sibericum e o Mollivirus
sibericum, os maiores vírus de DNA conhecidos, até à data, e, tão grandes,
que podem ser observados ao microscópio ótico comum. Tendo em conta o tamanho
normal dos demais vírus conhecidos, com diâmetros que podem oscilar entre os 20
e os 300 nanómetros, aqueles vírus encontrados na tundra ártica são de facto
considerados gigantescos, com dimensões que podem variar entre os 1500
nanómetros de comprimento e os 500 nanómetros de diâmetro, no caso do Phitovirus,
e com diâmetros da ordem dos 500 a 600 nanómetros, no caso do Mollivirus,
um vírus de forma esférica.
Aberta esta perigosa caixa de Pandora,
perante estes vírus ressuscitados ou outros que, face ao crescente degelo,
venham ainda a ressurgir, o risco de epidemias ou de pandemias não é de
menosprezar.
Mas se o futuro é, em si mesmo, um enigma
neste domínio, as certezas do presente não deixam margem para dúvidas e
requerem toda a nossa atenção: em todo o Mundo, morrem anualmente mais de 75
000 000 de pessoas, devido a doenças infeciosas. Talvez seja este o preço que a
Humanidade terá sempre de pagar à Natureza, pela forma como nela se integra e
dela se serve, ameaçando e destruindo, constantemente, elementos vitais à sua
dinâmica natural e harmonia e pondo, assim, em causa alguns dos principais
mecanismos responsáveis pelo equilíbrio ecológico global.
Autor:
João Frada
Médico/Professor Universitário, Aposentado
(Especialista em Epidemiologia Histórica)
Doutor
em Medicina (FML/HSM)
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