Passos Coelho considera o
desemprego “insuportavelmente elevado”.
Será que Passos Coelho sente
mesmo o que diz? Preocupa-se com a situação terrível que a maior parte das
famílias portuguesas vivem atualmente, de falta de emprego, de precaridade, de
austeridade, de crise, muitas delas até de fome e miséria, porque nenhum dos
elementos do agregado familiar conseguem trabalho, nem pais nem filhos?
Será que Passos Coelho, enquanto
Primeiro Ministro, tem feito tudo o que está ao seu alcance para a criação de
emprego em Portugal? Gastar à tripa
forra, não reduzindo os enormes encargos do Estado, afogado em reformas
principescas, para as quais muitos dos beneficiários nunca contribuíram, sugado
pela pesada concessão de tantas mordomias e benesses a classes governantes e
altos cargos da administração pública, desde frotas de alta cilindrada a
cartões crédito e subvenções de toda a espécie, fechar os olhos às imoralidades que estão bem patentes na crónica
promiscuidade entre o público e o privado, dando azo a contratos desastrosos,
prejudiciais aos interesses da República, como se tem visto, e os SWAP e PPP
são bem a prova disso, e elevação do IVA,
poderão ser, algum dia, consideradas provas evidentes de uma séria preocupação
com a situação económica do país, com as reformas estruturais ou com poupança
e, em última instância, com a concentração e aplicação de dinheiros públicos em
setores sociais prioritários: estímulo à criação de empresas e de postos de trabalho?
Não. Passos Coelho parece viver
num mundo à parte. Ainda não parou para refletir sobre o drama que se vive no
país… porque ele, e todos os seus companheiros de governação, não sentem,
realmente, na pele nenhuma das faltas e mazelas que flagelam a maioria dos
portugueses... muito menos a do desemprego.
Quando alguém refere que tem calor,
que tem frio, que tem fome, que tem sede, que tem febre, que tem dores, que não
tem emprego… sabe do que fala.
Passos Coelho acaba de nos dizer
que o desemprego está “insuportavelmente elevado”. Insuportável para quem? Para
ele? Para todo o seu séquito de governantes, Ministros, Secretários de
Estado, Adjuntos, Assessores? Para quem? Algum deles sabe do que fala? Há
desemprego nesta classe política? Algum dia houve ou haverá?
Percebe-se bem porque é que o
desemprego não os inquieta verdadeiramente. Porque nunca sentiram na pele tal
“mazela”. Nem nunca irão sentir.
“Desemprego Insuportavelmente
Elevado”!... diz Passos Coelho.
Como diria o Jorge Palma: “Deixa-me
Rir!”
João Frada
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