Um por cento (1%) de IVA era o que este animal político defendia como medida absolutamente salvítica da economia nacional e, como seria de esperar, teso como era e continua a ser, não se intimidou perante as diversas franjas parlamentares de bacocos que, só para o irritarem, pensamos nós, decidiram questioná-lo sobre o valor irrisório da descida. Respondeu-lhes à letra, como mereciam: frase lapidar, que nos ficou na memória, perante a qual toda aquela onda opositora se esfumou, silenciosa, convencida e decerto arrependida: "Meus senhores, uma descida de 1% de IVA só é desprezível para os ricos", não para os portugueses que trabalham e lutam em condições bem conhecidas por todos...este acréscimo é nosso, mas traduzirá, decerto, o que ia na alma do nosso 1.º Governante. Valente reprimenda. Gostei.
Oito ou dez dias depois, e a data aqui não tem significado, o Sr. Ministro das Finanças, no espaço do mesmo Parlamento, a propósito da aplicação de dinheiros públicos em offshores, nomeadamente, dos Fundos de estabilização financeira da Segurança Social, beneficiária de isenção de impostos coletivos, perante a exigência da oposição em esclarecer quais os capitais investidos, qual o retorno dessa aplicação, indubitavelmente de risco, e quais os benefícios que daí poderiam advir para a mesma Segurança Social, até há bem pouco tempo, na sua ótica, incapaz de sobreviver para além de 2015, fez saber, quando interpelado, não sem um pouco de crispação, que os milhões de dólares investidos, bem como os lucros resultantes, não passavam de uma gota de água, uma insignificância no contexto geral do orçamento geral do Estado e das respetivas verbas em jogo. O problema é que se trata de dinheiros públicos, de todos nós, dos trabalhadores, e temos algumas dúvidas se estas apostas vem beneficiar em alguma coisa o trabalhador que suporta desde sempre esta pesada máquina do Estado, com reduzidas, mal contadas e muito pouco seguras recompensas. Diremos, mesmo, que nenhumas, a avaliar o rumo que as coisas têm vindo a assumir. Os ricos continuam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Um por cento é desprezível...para os ricos, e a aplicação de milhões de euros aplicados em offshores trata-se de uma insignificância, que não justifica nem deve merecer preocupação de ninguém, porque não tem grande peso na economia e segurança social do País. Um Paradoxo. Ou não?! Mas paradoxos só podem ser compreendidos à luz de teorias paradoxais e isso é domínio da matemática e da probabilística e não me parece que os nossos leitores possam estar agora interessados em prestar provas nesta área, não exigidas, nem ainda impostas pelo Ministério da Educação a toda a cidadania. Seguramente, os resultados dessa aferição de competências não seriam 100% positivos. Mas, pelo menos, esta disciplina, como não se expressa em inglês, não foi suprimida.
João Frada
Professor Universitário
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