sábado, 30 de maio de 2015

LIVRO BRANCO

Livro branco

Se a total ausência de palavras em que encontro algum alívio e paz de espírito, nesta peregrinação calada, pudesse ser gravada nas páginas de um livro branco, só tu, meu amor, irias saber ler esse silêncio e entender o que me vai na alma.

Calendas Poéticas 2000

João Frada   

quarta-feira, 27 de maio de 2015

O SILÊNCIO

O Silêncio

«O silêncio não é a ausência da fala, é o dizer-se tudo sem nenhuma palavra.»
Mia Couto

Réplica:

O silêncio pode não significar nem “a ausência de fala”, nem o não querer falar, mas o não saber como falar ou o que dizer, quando não existem palavras para expressar o que vai dentro de nós, no íntimo das nossas ideias e das nossas emoções...e há tantas que não se conseguem traduzir com nenhumas palavras, tão simplesmente, porque elas não existem...ainda não foram inventadas. 

João Frada

quinta-feira, 21 de maio de 2015

AS CERTEZAS E DÚVIDAS CRUÉIS DO PR

As Certezas e Dúvidas Cruéis do PR  

     “Errare humanum est” (Santo Agostinho)

     “Eu nunca me engano e raramente tenho dúvidas.”
     (http://pt.wikiquote.org/wiki/An%C3%ADbal_Cavaco_Silva)
   
     Será que não?!
     Duvidava, e vá lá saber-se se não sofre ainda dessa cruel dúvida, da sua capacidade de sobreviver à crise e à austeridade, dispondo apenas de uma miserável receita mensal de 10 a 12 mil euros, independentemente das gordas verbas disponíveis para gastos em despesas de representação e outras mordomias a que Sua Excelência, justamente, tem direito…
     Duvidou, e sabe-se lá se tinha ou não razão, quando pressentiu que lhe teriam instalado escutas no gabinete e, eventualmente, noutros cantos da sua residência…
     Duvidou, até há bem pouco tempo, de que a agricultura, o mar e as pescas poderiam vir a ser áreas estratégicas e verdadeiros motores do emprego e da economia, se explorados com inteligência e racionalidade…medidas fundamentais ao reequilíbrio financeiro do país…e, finalmente, depois de se ter empenhado em aniquilar e destruir estes sectores, cumprindo como bom aluno o que Bruxelas lhe determinava, defende e exalta agora, exactamente, o contrário, pelos vistos duvidando novamente das suas canónicas certezas de outrora…  
     Duvidou ou alguém, atempadamente, lhe fez duvidar de que, se não vendesse as “ações” do BPN na hora certa e a bom preço, ia perder a grande oportunidade financeira de arrecadar uns bons milhares…como aconteceu a outros crentes…
     Arguto e competente na área da economia e das finanças, nunca se enganando e raramente tendo dúvidas, manteve encontros com Ricardo Salgado, durante os quais, seguramente, se terá apercebido de que algo não corria bem no BES e, quando esta instituição se encontrava já em colapso total, confiante nas suas imaculadas certezas, veio à liça impingir ou defender o impensável, diremos mesmo o “impinjável”!
     Aparentemente, sem o mínimo de dúvidas em relação à saúde bancária desta instituição, conforme foi bem noticiado pela comunicação social, “Cerca de duas semanas antes do anúncio da entrada do Estado no banco, (…) [Cavaco Silva] frisou que os portugueses podiam confiar no BES”, levando muitos depositantes e accionistas a crerem nas suas axiomáticas certezas e a não tomarem, atempadamente, as devidas providências, perdendo poupanças de uma vida inteira.(http://www.esquerda.net/artigo/bes-cavaco-silva-sabia-mais-do-que-os-cidadaos-em-geral/34015)
             
     Cavaco Silva encontrava-se de visita à Coreia do Sul, quando declarou, sem qualquer hesitação, que “Os portugueses podem confiar no Banco Espírito Santo”, e fê-lo, porque o Banco de Portugal, sob a administração de Carlos Costa, governador desta instituição, também este, visivelmente, algo desatento ao que se passava sob a sua alçada e supervisão, como se viu, lhe tinha garantido que o BES irradiava uma saúde financeira de ferro. 
     “Portugueses podem confiar no Banco Espírito Santo…-TSF”        (www.tsf.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=4038266)

     Posteriormente, algo amnésico em relação ao que havia dito, quando interpelado sobre a situação do BES, afirmaria peremptoriamente que jamais se tinha referido a esta instituição bancária, durante a sua visita àquele país asiático. O seu lema proverbial, “Eu nunca me engano e raramente tenho dúvidas”, falhou novamente.

  Duvidou, uma vez mais, daquilo que todo o país tem conhecimento. Em casa, na rua, nos cafés, nos transportes, em todos os meios de comunicação social, não há ninguém que não saiba que a grande maioria dos jovens portugueses, académica e profissionalmente qualificados, depois de concluir os seus cursos e formações, desacreditada da política e descrente dos políticos, tem como único objectivo a emigração. Sem esperança de empregabilidade e, muito menos, de uma justa remuneração pelo seu trabalho que lhes permita ter em Portugal uma vida digna e sem grandes sobressaltos, embora sentindo a mágoa e a revolta pela bastardia forçada a que se sentem devotados no seu país, milhares de jovens qualificados procuram e continuarão a procurar no estrangeiro o seu futuro.
      Não fora o estudo “Transforma Talento Portugal”, realizado pela COTEC e pela Fundação Gulbenkian, apontando para a insuficiente valorização do talento em Portugal ” e os portugueses, incluindo o PR, o homem que “nunca se engana e raramente tem dúvidas”, jamais “desconfiariam” que 70% dos jovens, […senão mais, dizemos nós…], entre os 20 e 24 anos, não só se estão “borrifando” para os rumos da política e, sobretudo, para os políticos, que consideram, na sua maioria, corruptos e incompetentes, como veem, efectivamente, na emigração o grande objectivo das suas vidas, a única solução para organizarem carreiras profissionais e poderem constituir família.
   Com o descalabro a que o país chegou, em termos de desemprego, salários e remunerações miseráveis, salvaguardando, naturalmente, as imprescindíveis e insubstituíveis classes privilegiadas da governação e da administração pública, onde os empregos abundam… e quando não existem criam-se (boy jobs)… e os respectivos vencimentos são chorudos, apetitosos e, devidamente, acompanhados de subvenções e mordomias, e ainda há quem só acredite e se pronuncie sobre este drama pátrio ― “a fuga de talentos” e de braços ― apenas depois de se ter concluído um estudo especificamente centrado neste problema, estudo este, por sinal, prefaciado por Sua Excelência, o Senhor Presidente da República!
    Santo Deus! Que dúvida cruel, esta, que apenas se desfez perante os resultados estatísticos de um estudo tão brilhante e oportuno! Há que reconhecer que, não se tratando da descoberta da pólvora, foi efectivamente um feito “Nobel”, um trabalho notável de “inteligência colectiva” levado a cabo por cerca de 48 personalidades, todas elas, aparentemente conhecedoras da realidade mas, só agora, conscientes em definitivo da dura realidade: “fuga de talentos” e, com eles, queda demográfica, quebra de rendimentos, definhamento da Segurança Social e empobrecimento global do país.                  
     Mas o PR, que nunca se engana e raramente tem dúvidas, finalmente, elucidado pela claridade da estatística, adianta a “chave do busílis”:
     “Temos, isso sim, de criar condições de atração para todos, para os que desejam ficar e para os que, estando no estrangeiro, aspiram a regressar ou a vir viver para Portugal", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva.”
    
     Temos?! Quem? O Governo, na pessoa do PM? A Presidência da República, na figura do atual PR, ou do próximo? O povo? A Troika que, só a sua conta, destruiu 471 000 empregos entre 2010 e 2015 ?!
     emprego.pdf) 
   
     Temos, quando?! Quando todos tiverem emigrado? Ou o projecto do “temos” visa não esta, mas a próxima geração, daqui a dez ou vinte anos?!

     “Temos”, é mais uma das suas certezas indubitáveis, ou continua a ser uma das suas raras dúvidas cruéis?! Será que alguma delas lhe tira o sono, lhe causa infelicidade ou preocupação, solidário como diz ser com a população e com a situação que o país atravessa, devassado por tantas e tão graves mazelas políticas, económicas e sociais? 
(http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=376956)

Calendas Semânticas 2000
João Frada
Professor Universitário (Ph.D.)


terça-feira, 5 de maio de 2015

TODA A GENTE É BIPOLAR



Site: https://www.google.pt/search?q=imagens+gratis+de+bipolaridade&espv=2&biw=1280&bih=699&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=AalIVY_GEMjSUZ-4gNAN&sqi=2&ved=0CCkQsAQ#imgrc=iISer4YFhqwXgM%253A%3BpG2of83ntKF0VM%3Bhttp%253A%252F%252Fhome.earthlink.net%252F~loveguru%252FBipolar.gif%3Bhttp%253A%252F%252Ftomscadufna33.soup.io%252F%3B250%3B250


Toda a Gente é Bipolar

Toda a gente é bipolar
E sente a voz desse drama
─ Dois sentimentos a par ─
Hoje odeia, amanhã ama.

Entre estes pólos distantes
Há quem julgue estar a salvo
Mas roda o mundo, em instantes,
E qualquer um é um alvo

Num momento de loucura
De uma maré tão bizarra
Ora espraiando doçura
Ora ardente raiva perra.

Toda a gente é bipolar
No que toca a sentimento
O que é hoje de encantar
Amanhã é odiento.

Quem diz amar a ternura
E ao ódio quer agradar
Ou é um louco sem cura
Ou um estranho bipolar.

Caído em loucos desejos
E sombras de Grey ousadas
Há quem deseje que os beijos
Alternem com bofetadas.

Será mesmo masoquista
Este desejo invulgar
Ou é uma forma intimista
De se ser um bipolar?

Toda a gente é bipolar
É fruto de ocasião
Uns ficam por revelar
Outros mostram a afecção.

Destes versos singulares
Conclui-se algo provável
Uns são mesmo bipolares
Outros têm humor instável.  


Calendas Poéticas 2000

domingo, 3 de maio de 2015

TU

Tu, para mim, meu amor, és noite, és dia,
minha lua, meu sol e minha deusa
sagrada e frágil, vestida ou nua,
meu pássaro de fogo, meu alento,  
minha rosa aberta, flor de cheiro
que me seduz e suspende o pensamento,
minha tarde de sonho, minha aurora,
minha ilusão real a tempo inteiro.

Calendas Poéticas 2000