quinta-feira, 16 de abril de 2015

ETERNA MORADIA


Eterna moradia

 
Sob o cisma do ozono

Do aquecimento global

Da repulsa dos cigarros

De tanta falta de sono

Sem sonhos, sem ideal

Num espaço e tempo bizarros…  

 
Minh´alma nasceu sem sorte,

Penou que nem desgraçada,

Quase morreu de agonia.

Quero dar-lhe após a morte

Vida eterna repousada  

Numa boa moradia

 
Quero livrá-la do céu

E do inferno também

No dia do meu velório

Não sou crente nem ateu.

Se houver lugar no além,

Que seja no purgatório.

 
No céu, estrelado de incenso

E de êxtases espirituais,

Receio que a minha alma

Viciada em ritmo intenso

Nestes ares celestiais

Se canse de tanta calma.

 
No inferno, a fumarada

Cheirando a breu e pecados

Não é clima a sugerir

Minh´alma, sacrificada,

Tem os poros saturados

De tanto fumo “engolir”. 

 
Aposto no purgatório

Pra passar a eternidade

Não vou perder este ensejo

É melhor que um sanatório

Um lugar com dignidade

Prá alma, como eu desejo.

 
Calendas Poéticas 2000

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