Miguel Sousa Tavares, arguto como é para tanta análise, desta vez, limita-se a apontar dados do INE e a aplaudir, com algumas cautelas, de uma forma que poderíamos classificar de politicamente correta, com convicção ou sem ela, que o desemprego está a baixar. O que ele não se atreveu a especular, e apostaríamos que terá pensado nisso, é se a taxa de emprego aumentou, reduzindo a péssima situação do desemprego em que nos encontrávamos, igual a 17,8%, à custa de emprego sazonal e temporário desta época de Verão, ou se é e foi a Economia estruturante do país que, finalmente, por artes mágicas, deu o primeiro salto em frente, arrancando da letargia pantanosa em que se tem vindo a afundar, estes últimos anos. Esperemos pelas estatísticas do próximo e último trimestre de 2014 e não nos entusiasmemos com grandes aplausos antes do tempo, nem ousemos abrir garrafas de champanhe para comemorar o que ainda cheira e lembra féretro: desemprego, crise e austeridade. Só à nossa conta, conhecemos uma boa dúzia de licenciados que, ainda não tendo resolvido sair do país, tiveram a sorte de conseguir emprego precário, com horário reduzido, e pelo trabalho de estiva que executam, carregando caixotes e assumindo o serviço de limpeza, entre outras funções, recebem miseráveis remunerações, bem abaixo dos rendimentos mínimos de inserção concedidos a muitos parasitas que vegetam por este país afora, e, é claro, como era de esperar, não se inscreveram nos Centros de Emprego.
Será que a miserável taxa de desemprego de 17,8% baixou mesmo e estes 13,9% constituem uma amostra objetiva, coerente com a real situação do país, de melhoria socioeconómica, ou tudo não passa de uma ilusão temporária e não merece sequer que se abra um pirolito, quanto mais champanhe para comemorar?!
João Frada
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