“O PROBLEMA É DELES”…e foi e será sempre deles.
Mas, se o problema não fosse DELES, Ela e Eles e todos os outros que, à pala DELES, se instalaram no poder e, desde há quarenta anos, têm vindo sucessivamente a viver à conta disso, mamando nas tetas do Estado…que já foram úberes mais fartos e sem qualquer restrição de acesso…, não seriam quem são, não fariam o que fazem, não estariam onde estão, não gozariam o que gozam, não opinariam o que opinam, não teriam acesso a empregos em part time tão bem pagos, não teriam oportunidade de dar azo a tanta arrogância e sobranceria, não mal governariam como governam, não diriam as asneiras que dizem nem emitiriam considerações toscas e broncas como aquela de “O PROBLEMA É DELES”. Mas, vindo de quem veio, esta última boca foleira, não passou de mais um reflexo do “inconseguimento (…) [sentido por esta eminente figura, desajustada do] centro de decisão fundamental (…) [eventualmente correspondente] a uma espécie de nível social frustracional derivado da crise”.
Se não fosse a intervenção dos Capitães, o derrube do regime, em 1974, ainda que inicialmente não tivesse sido concebida senão para lhes garantir privilégios e melhores condições de vida, aos ditos “Capitães”, bem como para os libertar da tão cansativa e desgastante “guerra do Ultramar”, nem ELES nem ELAS, sobretudo os pertencentes a castas especiais, teriam direito a reformas após 16, 12 e mesmo 10 anos de Função Pública, como é e tem sido o caso dos imprescindíveis e insubstituíveis magistrados do Tribunal Constitucional. Curiosamente, foi exatamente desta instituição, que se acabou de aposentar uma jovem figura, chorudamente prendada com uma reforma que, a maioria dos portugueses, incluindo os “Capitães de Abril”, jamais poderão sonhar. E ainda ousa dizer que “O PROBLEMA É DELES!”
A extinção da ditadura que caracterizou o Estado Novo, durante quatro décadas, não passou, para muitos socio-politólogos, de um feliz acidente de percurso. Apesar da considerável imaturidade política dos responsáveis pelo golpe militar, as Forças Armadas envolvidas nesta ação agiram adequadamente e puderam depor, praticamente, sem derramamento de sangue, o Governo Marcelista. O regime caiu, e tudo o que lhe estava ligado, como um baralho de cartas.
O regime deposto, para além de estar assente em “pés de barro”, fora apanhado desprevenido.
ELES, os “Capitães de Abril”, pretenderam resolver os seus problemas mais imediatos, em particular, os relacionados com a guerra colonial e com a continuidade da presença portuguesa em terras de África. Na pressa e no desprendimento, os capitães revoltosos não só fizeram aflorar das suas armas cravos em vez de balas, num gesto magnânimo de pacificação da sociedade portuguesa, como não cobiçaram o poder político, como tantas vezes tem acontecido noutras partes do Mundo, em especial, em África e na América Latina. Os civis tomaram conta do poder e, ao longo de décadas, ardilosa e inteligentemente, foram criando leis, privilégios e mordomias constitucionalmente alicerçados, como convém em Democracia, à medida dos seus supremos interesses e objetivos pessoais e profissionais. Se não tivesse sido essa a decisão dos “Capitães de Abril”, que lhes pareceu na altura a mais sensata e cívica, de colocar nos ombros dos civis, homens da política, a governação do país, muitos dos “vampiros” contemporâneos ao 25 de Abril de 74, convictos “Salazaristo-Marcelistas”, alguns, pidescos e olheiros do regime, que por aí ainda circulam e continuam à sombra do poder, engordando à conta do Regime, agora democrático, não teriam tido tanta sorte. E “o problema deles e delas” poderia ter sido bem mais complicado ou nem sequer existir…dependendo da solução radical e definitiva assumida nessa época.
Os problemas e interrogações do país, decorrentes do reconhecido “nível social frustracional derivado da crise”, têm-se avolumado e, tal como referia, recentemente, um velho dinossauro da política, os protestos agora foram assim, mas na próxima poderão ser piores… e oxalá que sejam, rematou o mesmo.
Por isso, ainda há alguém que pense que “O Problema é[ apenas] DELES?!
João Frada
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