MINH´ALMA CANTADEIRA
Ouvi minh´alma a cantar
Acompanhada à guitarra
Sem nunca desafinar
Cantou o fado com garra
Versejou ternos abraços
Delírios e alegrias
E sem perder os compassos
Cantou doces melodias
Nunca a sua voz ouvira
Nem a via tão prendada
Qual prata fina ou safira
Que nunca foi apreçada
Aprendeu que o sofrimento
Não passa de um enjeitado
À espera que algum talento
O cante em versos de fado
Minh´alma, a noite inteira,
Ouvi-lhe trovas sem fim,
Agora que é cantadeira
Que cante o fado pra mim
Quero sentir a paixão
Da sua voz sublime
E esperar que essa emoção
Se espalhe em mim e me anime
Cante lá o que entender
A sua voz não me cansa
Mas, quando um dia partir
Deixe-me o fado de herança.
Calendas Musical, 2000
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