sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

MINH´ALMA CANTADEIRA

MINH´ALMA CANTADEIRA
 
Ouvi minh´alma a cantar
Acompanhada à guitarra
Sem nunca desafinar
Cantou o fado com garra
 
Versejou ternos abraços
Delírios e alegrias
E sem perder os compassos
Cantou doces melodias
 
Nunca a sua voz ouvira
Nem a via tão prendada
Qual prata fina ou safira
Que nunca foi apreçada   
 
Aprendeu que o sofrimento
Não passa de um enjeitado
À espera que algum talento
O cante em versos de fado
 
Minh´alma, a noite inteira,
Ouvi-lhe trovas sem fim,
Agora que é cantadeira
Que cante o fado pra mim
 
Quero sentir a paixão  
Da sua voz sublime
E esperar que essa emoção
Se espalhe em mim e me anime
 
Cante lá o que entender
A sua voz não me cansa
Mas, quando um dia partir
Deixe-me o fado de herança.
  
 Calendas Musical, 2000

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